Como toda religião, fácil perceber que não existe testificação do pecado.
Meu pai agredia-me pela recusa de ir a missa e, em um certo domingo, após as agressões físicas, permaneci em casa e quando menos espera lá estava ele sendo consumido pela cerveja e o adultério. Cenário que nunca mudava mesmo com o sinal da cruz ao passar defronte a uma capela, mesmo com aquelas diversas imagens espalhadas pelos cômodos, mesmo com as rezas de fim de ano.
Assim foi minha infância até que com 76 anos, acamado com câncer, aceitou a raiz de Davi, a resplandescente estrela do amanhã, após mostrar-lhe que todos os médicos e próprios filhos mentiam quanto ao seu quadro terminal. Mostrei-lhe o céu, disse-lhe que a eternidade o esperava porém que para aquele lugar necessitaria de arrependimento e aceitar aquele que toda humanidade rejeita. Li Romanos 10.9 colocando minha mão abaixo da dele quando pedi que se cresse apertasse ela quatro vezes então, o fez e de madrugada fechava o zíper do involutório de seu corpo silenciado. Meu coração foi confortado pelo Espírito Santo até hoje e ao refletir as obrigações ritualísticas que tive que me submeter na infância e adolescência, vi o quanto é difícil de largar um dogma sem ouvir a pregação do evangelho mas percebi também que muitos deles e não são poucos não querem ver a verdade no sentido de reconhecerem.Recordo-me um pouco do ateísmo. Nietzsche comentava "é nossa preferência que decide contra o cristianismo, e não argumentos".
Testemunho, paciência, amor e anúncio do evangelho foram as armas que os crentes utilizaram para me atingirem a quinze anos atrás. De todas as religiões, por estar de certa forma envolvida com a Bíblia, ainda que mal interpretada, formam um grupo mais difícil de alvo para convencimento, vivi na pele mas a Graça de Deus supera então, o uso de passagens Bíblicas em ambiente de trabalho (católicos são mais tímidos em anunciar), convidá-los a estudar o NT, oferecer sempre orações pelos familiares, pelo dia é um bom início. O texto de Gálatas 5.19-22 os colocam sem jeito durante uma leitura em conjunto pois muito me chamava a atenção pelas coisas que praticava como sendo relativas.
Fiquei constrangido no dia do enterro pois faltou água no cemitério e comprei uma garrafinha, quando o líder eclesiástico que não recordo se era um padre mesmo, pegou-a para borrifar o corpo de meu pai para purificá-lo, então a tomei de volta e pensei o quanto a salvação em Cristo estava longe desta religião. Em seguida, ao descer a cova pronunciei a passagem de 2 Coríntios 4.17,18, que ali só tinha "acém e paleta"* que "as coisas que se vem são temporais e as que não se vem são eternas". Minha mãe e irmãs e demais presentes olharam-me assustados mas o recado foi dado.
Paz
Alexandre Teixeira Mendes
tangomendes@gmail.com
Alexandre Teixeira Mendes
tangomendes@gmail.com
* acém e paleta - figura de linguagem para ilustrar a diferença das coisas temporais em relação às eternas.
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