Atos de vandalismo registrados em terreiros de umbanda e candomblé na Baixada Fluminense vêm sendo atribuídos pelos adeptos dessas religiões a “traficantes evangélicos”. A Polícia Civil investiga o caso, mas de antemão a grande mídia do país já se apressa em associar os criminosos às igrejas evangélicas.
Com termos como “narcopentecostalismo” e “bonde de Jesus”, veículos de imprensa repercutiram a prisão de oito traficantes que estariam cumprindo ordens de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão e integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), para destruir os locais de culto das religiões de matriz africana.
Segundo informações do Estadão, Peixão é um dos criadores do chamado Bonde de Jesus, um grupo de criminosos que teria se convertido a uma igreja neopentecostal e que estaria dedicado a perseguir terreiros no Rio de Janeiro.
A matéria diz que aproximadamente 200 terreiros estariam “sob ameaça” de intolerância religiosa por parte dos “traficantes evangélicos”. Os casos vêm sendo investigados pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI), criada em 2018.
“Investigações apontam que a peculiar relação entre religiosos e criminosos aconteceu depois que a cúpula do TCP foi convertida por uma igreja neopentecostal. Há informações, ainda não confirmadas, de que Peixão teria sido ordenado pastor. Trata-se de uma característica específica dessa facção, não sendo reproduzida nem pelos demais grupos de traficantes nem por milicianos”, diz o texto do Estadão, permeado de ilações.
O delegado responsável pela DECRADI, Gilbert Stivanello, comentou a situação dos terreiros: “A situação de intolerância sempre existiu, mas tivemos uma piora quando indivíduos ligados à cúpula de uma facção resolveram se converter. Eles distorcem a doutrina religiosa e agridem outras religiões, sobretudo as de matriz africana”.
“Alguns deles se converteram dentro do presídio. Eles viveram uma experiência distorcida da conversão, se tornando ‘bandido de Jesus’, como se isso fosse um ato de fé. Se pararmos para pensar, não é muito diferente do terrorismo islâmico. É difícil mesmo entender a lógica”, acrescentou o delegado.
‘Renunciar ao crime’
O pastor Marco Feliciano (PODE-SP) usou o Twitter para tecer críticas à reportagem, enfatizando que a mensagem pregada em todas as tradições cristãs é de repúdio à criminalidade, e que associar a imagem de criminosos ao segmento religioso que mais cresce no país é um “absurdo”.
“Matéria absurda do Estadão dá conta que traficantes ‘evangélicos’ atacam macumbeiros. Não existem traficantes evangélicos. Ou é evangélico e não é traficante, ou é traficante e não é evangélico. Aceitar Jesus significa renunciar ao crime!”, escreveu o pastor.
Em seguida, Feliciano cobrou postura jornalística dos responsáveis pela matéria: “Se bandidos se dizem evangélicos não é motivo para a imprensa séria acreditar. Estadão, basta ler a Bíblia, os Evangelhos, livro sagrado dos cristãos, para se deparar com uma filosofia pacifista, que prega a santidade, a compaixão e o amor. Deus é amor (I João, 4:8)”.
“Prego a palavra há quase 30 anos, sou pastor há mais de 20, tenho muitas histórias de perseguições a igrejas evangélicas em comunidades, feitas por bandidos macumbeiros. Muitos irmãos morreram assim, na defesa do Evangelho. Nunca vi o Estadão fazer reportagem sobre isso!”, concluiu Feliciano.
Fonte: Gospel Mais
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