domingo, 27 de setembro de 2020

ARTIGO - Crise das Lideranças Evangélicas


Recentemente em uma matéria do jornal O Dia do Rio de Janeiro foi mostrado um pastor que ao gravar uma live em casa, sem saber que já estava sendo gravado, aparece ofendendo com xingamentos a sua esposa, isso em meio ao maior escândalo no meio eclesiástico que o Brasil já viu, o caso da acusação contra a deputada e pastora Flordelis, de mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, juntando-se a esses o caso da acusação de corrupção contra o pastor Everaldo. Esses são alguns de uma série de crimes e comportamento antiético e anticristão entre líderes evangélicos. 

Isso nos faz questionar os motivos pelos quais aumentou-se tanto essas ocorrências. A explicação, em primeira mão, parece de ordem matemática, ou seja, aumentou-se muito o número de pastores nas duas últimas décadas, consequentemente aumentou-se também a quantidade de problemas desse tipo. Porém nosso senso cristão exige uma explicação mais elaborada, uma vez que a tolerância para ocorrências de comportamento anticristão por parte de nossos líderes evangélicos deveria ser em torno de zero.

A explicação mais plausível está na qualidade da formação dos pastores da atualidade. No caso dos tradicionais (igrejas Batistas, Presbiterianas e outras), a formação é bem mais rigorosa, tendo como exigência básica o curso teológico e comprovada conduta ilibada, dessa forma, são poucos casos de comportamentos antiéticos ou de crimes por parte dos pastores tradicionais.

Entre os pentecostais (temos as igrejas Assembleia de Deus, Deus é Amor, Metodista e outras), ocorre o problema da não exigência de requisitos mais rigorosos para a ordenação de pastores, existindo alguns ministérios que não exigem requisito algum, bastando que a pessoa conheça alguma coisa da Bíblia e saiba conduzir os trabalhos eclesiásticos. Existem situações em que membros insatisfeitos com seus ministérios decidem abrir suas próprias igrejas, ordenam a si mesmos como pastores, sem qualquer avaliação de conduta ou conhecimento da Palavra de Deus. E atualmente também, têm aparecido uma quantidade enorme de obreiros ministros e pregadores, que basta serem eloquentes na comunicação das Escrituras, se tornam conhecidos e assim são ordenados pastores. A eloquência deles é a única exigência para a ordenação. Recentemente fui torturado por 40 minutos por um desses pregadores, que falava bonito, gritava melhor ainda, mas não conhecia quase nada da Palavra.

Com isso aumentou-se grandemente a quantidade de pastores pentecostais com desvios de conduta, falta de ética e vida dupla.

Já no meio neopentecostal (igrejas Universal, Internacional da Graça de Deus, Mundial do Poder de Deus, e outras) valoriza-se exclusivamente o trabalho e a boa comunicação, não necessitando de muito conhecimento das Escrituras. Sendo assim, observamos o aumento no meio neopentecostal dos obreiros de vida dupla, que em público tem uma aparência muito boa para a instituição em que congregam, mas longe dos holofotes, mantém comportamentos fora do padrão cristão.

Por fim, vale acrescentar um fator: em todas as igrejas, ministérios e grupos religiosos sempre existiram obreiros bons e ruins, mas nestas ultimas décadas cresceu no Brasil o senso de exigência ética, onde a população passou a denunciar, o jornalismo ficou mais investigativo, e qualquer cidadão dispõe de um dispositivo de celular com câmera para gravar os eventuais deslizes de nossos líderes cristãos.

É preciso que os pastores e líderes, que conhecem a coisa certa a se fazer, façam! E os que sabem do erro acontecendo, que o repudiem vigorosamente.

Pr Marcos André


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