Tipos Bíblicos que Prefiguram o Calvário
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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Êxodo 12.12,13
12 - E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor.
13 - E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.
Marcos 14.22-24
22 - E, comendo eles, tomou Jesus pão, e, abençoando-o, o partiu, e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
23 - E, tomando o cálice e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele.
24 - E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado.
TEXTO ÁUREO
Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras.
1 Coríntios 15.3
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Isaías 61.1-11
A salvação é proclamada
3ª feira - Romanos 5.12-21
Onde o pecado abundou, superabundou a graça
4ª feira - 2 Coríntios 5.14,15
O amor de Cristo nos constrange
5ª feira - Hebreus 9.11-14
Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros
6ª feira - 1 Coríntios 11.23-26
Eu recebi do Senhor o que também vos ensinei
Sábado - Efésios 2.13-18
Pelo sangue de Cristo chegastes perto
OBJETIVOS
- reconhecer os tipos bíblicos registrados no Antigo Testamento;
- compreender a importância da Tipologia Bíblica;
- entender que os tipos foram registrados para o exercício da fé.
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, incentive os alunos a guardarem suas revistas ao final de cada trimestre. Assim, eles poderão formar uma minibiblioteca em casa, um recurso valioso para futuras pesquisas em diversos assuntos. Conservar esses materiais contribui significativamente para o aprendizado contínuo.
Excelente aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Se os discípulos tivessem entendido que Jesus era o cumprimento para o qual todas as figuras veterotestamentárias tinham apontado, sua fé não teria sofrido qualquer abalo, porque teriam visto que somente por meio da morte é que Ele poderia resgatar a humanidade. Assim, é da maior importância que a Igreja esteja familiarizada com as cenas do Antigo Testamento e as instituições que tipificam Sua morte na cruz.
1. TIPOS DO CALVÁRIO, COM DERRAMAMENTO DE SANGUE
1.1. O derramamento de sangue no Livro de Gênesis
O Livro de Gênesis, com suas narrativas ricas e simbólicas, revela aspectos fundamentais da interação divina com a humanidade por meio do derramamento de sangue. Adão, Eva, Abel e Abraão enfatizam a profundidade do sacrifício expiatório e sua relevância eterna, tanto para os personagens bíblicos quanto para a compreensão teológica cristã subsequente.
1.1.1. Adão e Eva
Antes da instituição formal da Lei Mosaica, o sacrifício de animais já era uma prática estabelecida para alcançar o favor divino. Como destacado na Lição 6, segundo a narrativa bíblica, Adão e Eva descobriram que somente a morte e o derramamento de sangue de um animal poderiam simbolizar a purificação necessária para se aproximarem de Deus. As roupas feitas de folhas de figueira (ausência de sangue) por eles próprios mostraram-se insuficientes para cobrir sua nudez moral diante do Sagrado, contrastando com as túnicas de pele (sangue derramado) providenciadas pelo Criador (Gn 3.21).
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As túnicas providenciadas por Deus (Gn 3.21) representam não apenas uma cobertura física, mas uma promessa profunda da redenção dos pecados pela morte vicária, antecipando a expiação definitiva realizada por Jesus Cristo, conforme indicado em Isaías 61.10 e Romanos 4.7.
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1.1.2. Abel
Em Gênesis 3 e 4, observa-se claramente o contraste entre as abordagens humanas e divinas. As folhas de figueira e as túnicas de pele (Gn 3), as ofertas de frutas e o sacrifício do cordeiro (Gn 4) destacam que os melhores esforços humanos são insuficientes diante da providência divina.
Abel, aprendendo com o exemplo de seus pais, compreendeu a importância do sacrifício expiatório. Conforme Hebreus 11.4, pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim. Diferente de Caim, a postura de Abel refletia um coração alinhado aos desejos divinos (Sl 119.11). A oferta de Abel foi aceita pelo Criador, enquanto a de Caim, embora vistosa e fruto de grande esforço, foi rejeitada (Pv 25.14).
1.1.3. Abraão
Em Gênesis 22, nota-se que Abraão foi testado ao ser instruído a sacrificar seu filho Isaque em Moriá, mas o Senhor interveio, provendo um carneiro como substituto.
Este evento, marcando Isaque e o carneiro como figuras proféticas de Cristo, ilustra a providência divina. Na ocasião, Deus revelou-se como Jeová Jiré, que significa “o Senhor proverá” (Gn 22.14), simbolizando não apenas o suprimento material, mas a provisão espiritual, inicialmente prometida quando Abraão declarou que Ele providenciaria o cordeiro para o sacrifício (Gn 22.8).
1.2. O derramamento de sangue no Livro de Êxodo
Como destacado na Lição anterior, o cordeiro pascal, descrito em Êxodo 12, é uma figura poderosa de redenção, destacando-se, no versículo 13, como um símbolo da proteção divina contra a destruição: Deus passaria por cima das casas cujas portas estivessem aspergidas com sangue. Este ato simbólico, no entanto, exigia uma ação proativa de fé: o cordeiro não apenas deveria ser morto, mas seu sangue deveria ser derramado em uma bacia e aspergido sobre as portas para garantir a segurança dos primogênitos israelitas (Êx 12.7,12).
Essa prática antiga prefigura o sacrifício de Cristo, cujo sangue derramado e aspergido oferece salvação. Contudo, é crucial não apenas acreditar na morte de jesus, mas também aplicar pessoalmente o mérito de Seu sacrifício para usufruir de Sua proteção redentora.
1.3. O derramamento de sangue no Livro de Levítico
No Livro de Levítico encontra-se o pleno relato da instituição dos sacrifícios, os quais foram repetidos através dos séculos, até que Jesus, o Cordeiro de Deus, o antítipo perfeito, fosse morto pela humanidade.
1.3.1. A oferta queimada, a oferta pela paz e a oferta pelo pecado
Levítico descreve tipos de ofertas que simbolizam conceitos centrais da fé: a oferta queimada — ou holocausto — (Lv 1.11-17) e a oferta de paz (Lv 3; 7.11-21) indicam aceitação e reconciliação, respectivamente. Enquanto a primeira mostra a aceitação total pelo Divino, a segunda envolve comunhão após a morte de um substituto, com os sacerdotes partilhando do sacrifício. No Novo Testamento, essas ofertas encontram cumprimento na morte vicária de Cristo, que não só é aceita por Deus como também nos reconcilia com Ele, conferindo perdão e paz eternos, conforme destacado em Colossenses 1.20 e Efésios 2.13-16.
A oferta pelo pecado enfatiza o perdão (Lv 4.20,26,35; 9.10,13,16), ressaltando que, por intermédio de Jesus, nossos pecados são perdoados - uma verdade que se reflete na absolvição e aceitação divina.
1.3.2. Outros símbolos de redenção e purificação nos sacrifícios levíticos
Além das ofertas queimadas e dos sacrifícios oferecidos pela paz e pelo pecado, o Livro de Levítico detalha rituais adicionais que simbolizam a redenção divina e a purificação espiritual. Estes incluem sacrifícios por transgressões específicas (Lv 5.1-19; 6.1-7; 14) e o Dia da Expiação (Yom Kippur; Lv 16), que tratam da corrupção e apontam para q sacrifício final do Messias.
A purificação do leproso envolvia uma oferta acessível: duas aves modestas (Lv 14.30,32) eram sacrificadas em um vaso de barro (Lv 14.50). Esta oferta traduz a profundidade e a extensão do sacrifício do Cordeiro Santo. Observe:
- as aves podiam ser adquiridas por uma pequena quantia, sugerindo que a salvação está ao alcance de todos;
- Jesus, em Sua humanidade — representada pela fragilidade de um vaso de barro —, ofereceu-se em sacrifício em nosso lugar.
2. TIPOS DO CALVÁRIO RELACIONADOS À ÁGUA
Embora muitas prefigurações do sacrifício de Cristo envolvam derramamento de sangue, outras destacam diferentes facetas teológicas da água, desde a purificação até o julgamento divino.
2.1. A agitação do mar
Águas profundas simbolizam perigo e tristeza no texto bíblico. Essa simbologia é frequentemente explorada nos Salmos. Por exemplo, o Salmo 88.7 diz: Sobre mim pesa a tua cólera; tu me abateste com todas as tuas ondas; e o Salmo 42.7 reitera: (...) todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim. No Salmo 69.1, o clamor se intensifica: Livra-me, ó Deus, pois as águas entraram até à minha alma.
Tais versículos ilustram o sofrimento do Messias, prefigurado no Antigo Testamento como alguém que atravessa as águas turbulentas do julgamento e da morte em nosso favor (Mt 26.38,39; 27.46).
2.2. À arca construída por Noé
Quando Deus enviou Seu julgamento sobre a terra devido à corrupção humana (Gn 6.11-13,17), Noé encontrou refúgio e segurança dentro da arca, que estava imune às águas do Dilúvio (Gn 6.18-19). A arca, que atravessou ondas sublevadas (Gn 7.18), simboliza Cristo, que enfrentou a morte em nosso Jugar, oferecendo-nos um refúgio seguro e a promessa de salvação (Hb 11.7; 1 Pe 3.20).
2.3. A travessia do Mar Vermelho e do Rio Jordão
As travessias do Mar Vermelho (Êx 14.21,22) e do Rio Jordão (Js 1.11; 3; 4) simbolizam aspectos da morte e ressurreição de Jesus. O Mar Vermelho representa a libertação de Israel do Egito e os inimigos deixados para trás (Êx 14.9), enquanto a travessia do Jordão aponta para a entrada na Terra Prometida, simbolizando nova vida e bênçãos futuras (Js 1.15).
Durante a travessia do Rio Jordão, a arca da aliança, que precedia Israel (Js 3.3,4,11), miraculosamente separou as águas, refletindo o papel de Cristo como pioneiro de nossa redenção (Ap 22.13). Esse evento ocorreu quando o Jordão estava em seu nível mais alto, indicando um período de grandes desafios e mudanças ()s 3.15). Além disso, as doze pedras removidas do rio (Js 4.1-9) serviram como um memorial permanente, remontando à união dos fiéis com a morte e ressurreição de Cristo, uma analogia reforçada pela colocação final das pedras na terra firme, representando nossa futura ressurreição com Ele.
2.4. As águas de Mara
Três dias após cruzar o Mar Vermelho, os israelitas chegaram ao deserto de Sur e sofreram com a sede abrasadora. Eles encontraram uma fonte em Mara, mas suas águas eram extremamente amargas (Êx 15.22,23). A situação mudou quando Moisés, seguindo as instruções divinas, atirou um pedaço de madeira na água, tornando-a potável (Êx 15.24,25). Esse milagre simboliza a transformação da amargura da morte em esperança, prenunciando a doçura da vida eterna que nos aguarda após a ressurreição.
2.5. O sinal do profeta Jonas
O próprio Jesus identificou Jonas como uma prefiguração de Sua morte e ressurreição, destacando que, assim como Jonas havia passado três dias e três noites no ventre da baleia, Ele ficaria três dias no túmulo (Mt 12.40; conf. Jn 1.17). Além disso, as orações do profeta (Jn 2.1-9) ecoam temas encontrados nos Salmos, reforçando essa conexão profética.
3. OUTROS TIPOS DO CALVÁRIO
3.1. O sono profundo de Adão
As primeiras alusões à morte de Jesus podem ser observadas no profundo sono que Deus fez cair sobre Adão, durante o qual Eva foi formada (Gn 2.21-25). O termo dormir, frequentemente empregado nas Escrituras (Jr 51.57; Dn 12.2; Mt 27.52; 1 Co 15.18; 1 Ts 4.15), também simboliza a morte.
Efésios 5.22-33 sugere que este evento prefigura a re ação entre Cristo e a Igreja, visto que a Igreja foi estabelecida somente após Sua morte e ressurreição, conforme ilustrado em joão 14.16-18 e Atos 1.4,5.
3.2. A rocha ferida
Em Êxodo 17, durante uma crise de água em Refidim, os israelitas murmuraram contra Moisés, que, instruído por Deus, golpeou uma rocha que se tornou em uma fonte de água (Ex 17.1-6), prefigurando a provisão divina e a morte redentora do Messias (leia Jo 7.38,39). Esse ato simboliza a oferta única de Cristo pela salvação eterna, comparado por Paulo, em 1 Coríntios 10.1-4, à rocha ferida.
Posteriormente, em Meribá, a desobediência de Moisés por ferir a rocha em vez de apenas falar a ela, como Deus havia ordenado (Nm 20.7-13), custou-lhe a entrada na Terra Prometida (Nm 27.12-14).
A revelação completa deste simbolismo ocorreu quando Moisés, Elias e Jesus discutiram a futura morte do Filho de Deus no Monte da Transfiguração (Lc 9.31), vinculando profundamente os eventos do Êxodo ao plano salvífico do Altíssimo.
3.3. A serpente de bronze
Em Números 21.4-9 (ARA), Deus instruiu Moisés a erguer uma serpente de bronze, simbolizando a crucificação de Jesus, conforme explicado em João 3.14,15. Esta narrativa prefigura Cristo levantado no Calvário, enfatizando que Sua morte oferece a cura para o veneno do pecado. A fé em Sua crucificação traz vida, como evidenciado em Hebreus 12.1,2. O Cordeiro Santo assumiu a forma do pecado para nos redimir, cumprindo o que diz 2 Coríntios 5.21: Ele foi feito pecado por nós.
CONCLUSÃO
A morte de Jesus é simbolizada em diversos eventos do Antigo Testamento e plenamente revelada no Novo Testamento. Esses acontecimentos destacam a meticulosa preparação de Deus para apresentar Sua obra redentora, culminando na crucificação de Cristo, evidenciando a Sua providência e planejamento na história da salvação.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Quais tipos do Calvário, relacionados à água, foram destacados nesta lição?
R.: A agitação do mar; o sinal do profeta Jonas; a arca construída por Noé; a travessia do Mar Vermelho e do Rio Jordão; e as águas de Mara.
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