1.3. A piedade que transforma
Barnabé demonstrou uma fé piedosa ao acolher e apoiar Saulo de Tarso e apresentá-lo aos apóstolos (At 9.26,27). Ele foi o primeiro a acreditar na genuinidade da conversão daquele que se tornaria o apóstolo dos gentios, defendendo-o diante dos discípulos que ainda desconfiavam de suas intenções. Sua postura acolhedora e discernente revelava sua confiança no poder transformador do Altíssimo.
1.4. Humilde no serviço ao Senhor
Barnabé foi enviado pela igreja de Jerusalém a Antioquia, uma cidade cosmopolita e receptiva à mensagem do evangelho (At 11.19-22). Ali, ele se alegrou ao testemunhar a graça de Deus e exortou os novos crentes a permanecerem comprometidos com o Senhor (At 11.22-24).
Reconhecendo a necessidade de apoio, Barnabé buscou Saulo em Tarso, confiando que ele seria essencial para o trabalho naquela região (At 11.25). Juntos, fundaram uma igreja onde, pela primeira vez, os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos (At 11.26).
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"O evangelho proclamado em Antioquia tinha grande potencial para alcançar outras áreas do mundo. Além disso, a cidade era dotada de diversidade cultural e não era controlada por grupos religiosos majoritários, o que tornava os seus habitantes mais abertos à verdade da mensagem do evangelho." (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, Central Gospel, 2010b, p. 317).
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2. O MISSIONÁRIO
Barnabé desempenhou um papel central na expansão das boas novas, evangelizando judeus e gentios em um contexto multicultural durante a primeira viagem missionária com Paulo. Sua liderança foi essencial para a fundação de comunidades cristãs em diversas regiões do Império Romano. Além disso, sua disposição em defender a inclusão dos gentios marcou sua significativa participação no concílio de Jerusalém, fortalecendo a mensagem de que a salvação é acessível a todos (At 15.12).
2.1. A primeira viagem missionária: liderança e transição
Antes da primeira viagem missionária, Barnabé liderava e apoiava Paulo como mentor (At 9.26,27). Durante a jornada, Paulo gradualmente assumiu a liderança, dada sua personalidade dinâmica e dom de pregação (At 13.13,16,46).
A viagem começou em Antioquia (da Síria), onde a Igreja os comissionou para a obra missionária (At 13.1-3), e seguiu para Chipre, terra natal de Barnabé. Em Salamina, Barnabé e Paulo pregaram nas sinagogas (At 13.4,5), e, em Pafos, testemunharam a conversão do procônsul Sérgio Paulo, apesar da oposição de Elimas (At 13.6-12).
A jornada continuou até Antioquia da Pisídia, onde Paulo e Barnabé expuseram como Deus cumprira as promessas do Antigo Testamento (At 13.14-37). Rejeitados pelos judeus locais, começaram a pregar aos gentios, o que resultou em grande aceitação, mas também em perseguições (At 13.45-52).
2.2. Pregação e milagres nas cidades da Galácia
Seguindo um plano estratégico de pregar primeiro nas sinagogas, Barnabé e Paulo visitaram Icônio, onde alcançaram tanto judeus quanto gentios, apesar da oposição crescente (At 14.1-3). Diante de um motim incitado pelos incrédulos, fugiram para Listra e Derbe (At 14.5-7).
Em Listra, testemunharam um grande milagre ao curar um paralítico (At 14.8-10), o que levou a população a confundi-los com divindades locais, identificando Barnabé como Júpiter e Paulo como Mercúrio. Essa confusão gerou agitação e, posteriormente, forte oposição (At 14.11-19).
2.3. Barnabé no concílio de Jerusalém: defesa da inclusão gentílica
No concílio de Jerusalém, Barnabé representou a igreja de Antioquia no debate sobre a inclusão dos gentios sem a exigência da circuncisão (At 15.2). Esse tema, levantado por cristãos de origem farisaica, buscava impor aos não judeus o cumprimento da Lei Mosaica (At 15.5).
Barnabé relatou os sinais e maravilhas realizados entre os pagãos (At 15.12), contribuindo para a decisão final de não sujeitar os novos convertidos a tais exigências. Essa resolução permitiu o crescimento da Igreja conforme o plano de Deus, reafirmando a salvação pela graça e não por práticas ritualísticas da Lei (At 15.22-29).
3. O COMPANHEIRO FIEL
Barnabé destacou-se por seu companheirismo e sua habilidade em encorajar os que estavam ao seu redor. Apesar de ter uma personalidade distinta da de Paulo, estabeleceu com ele uma parceria fundamental no início da Igreja primitiva. Posteriormente, defendeu João Marcos — como se observará na próxima lição —, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do ministério de ambos. Sua postura exemplifica um espírito de reconciliação e uma liderança marcada pela compaixão.
3.1. Companheiro de Paulo: encorajador e fiador espiritual
Quando Paulo enfrentou resistência na igreja de Jerusalém (At 9.22,26), Barnabé desempenhou um papel crucial como fiador espiritual, validando a autenticidade de sua conversão. Ele apresentou Saulo aos apóstolos, relatando sua visão de Cristo e sua ousadia ao pregar em Damasco, garantindo sua aceitação como irmão na fé (At 9.27). Esse gesto não apenas mudou o curso da história de Paulo, mas também da Igreja, mostrando que Barnabé compreendia a importância de incluir novos convertidos, independentemente de seu passado.
3.2. Companheiro de João Marcos: restaurador de potencial
João Marcos, sobrinho de Barnabé (Cl 4.10), acompanhou os apóstolos na igreja em Antioquia (At 12.25; 13.5). No entanto, ele deixou abruptamente a equipe missionária e retornou a Jerusalém (At 13.13). Apesar da discordância de Paulo, que considerou a atitude de Marcos um erro, Barnabé viu um grande potencial no jovem e decidiu permanecer ao seu lado, retornando com ele a Chipre (At 15.36-39).
O tempo provou que Barnabé estava certo. João Marcos amadureceu e se tornou útil para o ministério, como evidenciado pela declaração de Paulo a Timóteo (2 Tm 4.11).
4. LIÇÕES DA VIDA DE BARNABÉ PARA A JORNADA DE FÉ
Os atos de Barnabé nos inspiram a viver uma fé prática, moldada pelo amor, pela generosidade e pela humildade. A seguir, exploramos as lições que sua vida nos oferece.
4.1. A generosidade que inspira comunhão
Barnabé deu exemplo de desprendimento ao vender uma propriedade para beneficiar a Igreja (At 4.37). Seu gesto nos desafia a priorizar as necessidades do Corpo de Cristo acima de quaisquer ambições. Ele nos ensina que generosidade é um ato de fé que promove a união e edifica a comunidade dos crentes, mostrando que tudo o que temos pertence ao Senhor.
4.2. A humildade em servir com outros
Apesar de sua liderança inicial, Barnabé reconheceu o dom de Paulo e trabalhou ao seu lado sem buscar protagonismo (At 11.25,26). Sua decisão de levar Paulo para Antioquia e dividir responsabilidades demonstra a humildade de um líder que não teme compartilhar o ministério. Ele nos ensina que o verdadeiro serviço a Deus é colaborativo e visa ao crescimento do Reino, não à exaltação pessoal.
4.3. Perseverança em meio aos desafios
Barnabé enfrentou oposição, rejeição e perseguição em sua jornada missionária (At 13.45; 14.19), mas permaneceu fiel à sua missão. Ele nos inspira a perseverar em meio às dificuldades, confiando que Deus sustenta aqueles que trabalham para o avanço do evangelho. Sua resiliência nos encoraja a não desistir diante dos desafios, mas a encontrar forças no Senhor para prosseguir.
4.4. A inclusão como reflexo do evangelho
Ao participar do concílio de Jerusalém, Barnabé defendeu a inclusão dos gentios na Igreja sem a imposição da Lei Mosaica (At 15.12). Sua postura nos lembra que a fé cristã supera todas as tradições humanas. Ele nos ensina que o evangelho é uma mensagem de graça, acolhimento e unidade, chamando-nos a eliminar preconceitos e abraçar todos aqueles que Deus traz para Sua família.
4.5. O poder transformador do encorajamento
Barnabé mostrou que o encorajamento pode transformar vidas e fortalecer a Igreja. Ele acolheu Paulo quando ninguém confiava em sua conversão (At 9.26,27) e defendeu João Marcos em meio ao fracasso inicial (At 15.36-39). Assim, aprendemos que acreditar no potencial de outros, mesmo quando falham, é uma forma de refletir o amor de Deus em nossas ações.
CONCLUSÃO
Barnabé nos deixa lições que perpassam gerações: encorajar, servir, ser generoso, incluir e perseverar. Que sua vida nos inspire a viver uma fé prática e impactante, refletindo o caráter de Cristo em nossas ações diárias. Como Barnabé, sejamos Filhos da Consolação em um mundo que tanto precisa de esperança e amor.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Por qual motivo instaurou-se o concílio em Jerusalém?
R.: O tema da discussão desse Concílio foi a posição dos judeus em relação à aceitação de gentios cristãos como membros da Igreja (At 15).