3. O EXERCÍCIO DA PACIÊNCIA
A partir do versículo 7 (cap. 5), Tiago encerra sua denúncia contra os ricos e dirige palavras de encorajamento aos oprimidos. Ele exorta os cristãos a perseverarem pacientemente até a manifestação gloriosa do Senhor em Sua vinda.
O retorno iminente de Cristo era uma convicção presente na igreja primitiva (1 Ts 5.1,2). Por isso, Paulo exorta os crentes em Roma a se alegrarem na esperança (Rm 12.12), e o irmão do Senhor reforça a importância da paciência diante das adversidades, utilizando três figuras:
3.1. O lavrador
Assim como o lavrador aguarda o fruto da terra, os crentes devem esperar a vinda triunfante de Cristo, que se aproxima (Tg 5.8).
O lavrador ara o solo, semeia e espera a chuva temporã (primeira) para a germinação. Depois, aguarda a chuva serôdia (última) que antecede a colheita. A paciência é essencial em cada etapa desse processo, assim como na jornada entre a ascensão de Cristo e Sua volta gloriosa.
Nesse período, é necessário fortalecer o coração, perseverar nas tribulações e praticar o bem (Gl 6.9). Além disso, deve-se evitar murmurações contra os irmãos, pois o Juiz está à porta (Tg 5.9).
3.2. Os profetas
Os profetas são exemplos de paciência e fidelidade em meio à adversidade (Mt 5.11,12; Ne 9.32,34). Na história bíblica, obediência e sofrimento frequentemente caminham juntos, pois todos os que desejam viver piedosamente enfrentarão perseguições (2 Tm 3.12). Tiago declara bem-aventurados aqueles que demonstram fé ao suportar aflições (Tg 5.11).
3.3. Jó
Jó é citado uma única vez no Novo Testamento, quando Tiago exorta os crentes a perseverarem nas provações, confiando na justiça e na recompensa divinas (Tg 5.11).
Embora tivesse o testemunho favorável de Deus (Jó 1.1), Jó enfrentou grandes provações para fortalecer sua fé (Jó 42.5). Ao mesmo tempo, foi alvo da investida de Satanás, que queria provar que ninguém ama o Criador acima de seus bens, família e vida. No entanto, ele permaneceu fiel, refutando essa acusação e sendo grandemente honrado pelo Senhor (Jó 42.10). Sua história demonstra que o sofrimento não é apenas punitivo, mas pode revelar propósitos elevados do Deus misericordioso.
4. ORAÇÃO E RESTAURAÇÃO
Jesus é o maior exemplo de vida de oração (Hb 5.7). Embora não tivesse necessidade, dedicava-se intensamente a esse hábito (Mc 1.35; Lc 6.12). Tiago menciona a oração por sete vezes (Tg 5.13-18), destacando sua centralidade na vida cristã. Além de disciplina, é necessário o auxílio do Espírito para orar conforme a vontade do Senhor (cf. Jd 20; Rm 8.26).
4.1. A oração em todas as circunstâncias
Tiago destaca três experiências distintas na vida cristã: aflição, alegria e enfermidade. Para cada uma, há uma resposta apropriada: o aflito deve orar, o alegre deve louvar e o enfermo deve buscar a oração e a unção com óleo, em nome do Senhor (Tg 5.13,14).
4.1.1. A oração e a unção com óleo
A cura da enfermidade não reside no óleo, mas no ato combinado de oração e unção. No Antigo Testamento, o óleo simbolizava a consagração e a capacitação divina, representando a presença e a ação do Espírito de Deus (Êx 30.30; 1 Sm 16.13; Is 6.1). No Novo Testamento, a unção também é associada ao Espírito Santo (1 Jo 2.20,27), indicando que Sua participação está implícita nesse ato.
Quando o Senhor Jesus enviou os Doze em missão, eles ungiram os enfermos com óleo e oraram por sua cura (Mc 6.13). Tiago reforça essa orientação, destacando a importância da intercessão acompanhada da unção, como expressão de fé na ação divina (Tg 5.14,15).
4.1.2. A perseverança na oração
Tiago cita Elias como exemplo de um homem justo, cuja oração teve grande efeito (Tg 5.17). Apesar de suas fragilidades, a intercessão do profeta impediu que as chuvas caíssem sobre Israel por três anos e meio (cf. 1 Rs 17.1; Lc 4.25). Após esse período, ele orou novamente, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto (Tg 5.18; cf. 1 Rs 18.41,45).
No entanto, nem sempre a resposta do Senhor corresponde ao nosso pedido. Jesus orou para ser poupado do sofrimento; em vez disso, recebeu forças para cumprir Sua missão (Mt 26.44; Hb 2.9). Paulo rogou pela remoção do espinho na carne, mas ouviu que a graça divina era suficiente (2 Co 12.7,9).
A perseverança na oração não garante que o desfecho será conforme o desejo humano, mas assegura que Deus concede o que é necessário. Mesmo um “não” divino cumpre propósitos maiores e produz benefícios eternos (Tg 4.3).
4.2. O compromisso com os que se desviam da verdade
Tiago emprega repetidamente o termo “irmãos”, enfatizando o vínculo de solidariedade e compromisso entre os crentes. O contexto sugere que alguns haviam se desviado da fé, tornando essencial a ação da Igreja em sua restauração.
O afastamento da verdade exige uma resposta diligente, não negligência. Trazer um pecador de volta à comunhão é uma missão de grande valor espiritual (Tg 5.19). Promover o retorno dos que se apartam da congregação não apenas fortalece a Igreja, mas reflete a graça redentora, que deseja restaurar aqueles que se perderam no caminho.
CONCLUSÃO
A epístola de Tiago enfatiza a necessidade de crescimento espiritual na caminhada cristã. Seu tom enfático reflete a preocupação em ver os crentes vivendo uma fé autêntica, sem concessões ao mundo. Ele exorta à busca pela sabedoria do alto para relações saudáveis (Tg 3.17) e alerta contra o apego às riquezas, incentivando uma esperança vigilante na vinda do Senhor (Tg 5.8). Ao concluir, faz um apelo à restauração dos que se desviaram da verdade, reafirmando a importância de conduzi-los de volta à estrada da fé (Tg 5.19,20).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. O que simboliza a unção com óleo?
R.: Simboliza a participação do Espírito Santo no ato.
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