João Batista, a Voz que Clama no Deserto
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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Mateus 3.1-4,6
1 - E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia
2 - e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.
3 - Porque este é o anunciado pelo profeta Isaias, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
4 - E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
6 - (.)e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
Lucas 3.15-18
15 - E, estando o povo em expectação e pensando todos de João, em seu coração, se, porventura, seria o Cristo,
16 - respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com uyua, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias; este vos batizará com 0 Espírito Santo e com fogo.
17 - Ele tem a pá na sua mão, e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.
18 - E assim admoestando-os, muitas outras coisas também anunciava aq povo.
TEXTO ÁUREO
No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
João 1.29
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Mateus 3.1-6
João inicia seu ministério pregando e batizando
3ª feira - Mateus 3.7-12
João e sua autoridade profética
4ª feira - João 1.16-20
João Batista dá testemunho de Jesus
5ª feira - Marcos 1.6-11
João Batista batiza Jesus
6ª feira - João 1.3-37
De João a Jesus: a transição do ministério Sábado
Sábado - Marcos 6.23-29
O martírio de João Batista
OBJETIVOS
- entender que João Batista prenunciou o fim da Lei e dos profetas e anunciou o Reino de Deus;
- conhecer as características de João Batista, um dos mais influentes personagens bíblicos;
- entender que Deus delega grandes missões a pessoas que demonstram coragem e humildade diante de desafios;
- saber que a fidelidade ao Senhor pode resultar no sacrifício da própria vida.
Ao término do estudo bíblico, O aluno deverá:
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, esta lição inaugura a série de estudos biográficos deste ciclo. Pergunte aos alunos o quanto apreciam ler biografias e quais figuras históricas mais os atraem. Em seguida, mencione que as narrativas bíblicas costumam ., destacar a infância e os primeiros anos de grandes personagens, mostrando as influências que moldaram suas vidas e as de seus sucessores (Ex 2.1-10; 1 Sm 1.24-28; 2.11,18-21). Explique que a história de João Batista (Lc 1.13-17,57-66), cuja vida se entrelaça com a de jesus, começa com eventos milagrosos em seu nascimento, sinalizando sua importância como precursor do Messias, conforme narrado nas Escrituras.
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
No Novo Testamento, três personagens importantes são identificados como João: o apóstolo, autor de um evangelho,
três epístolas e do Apocalipse (Jo 21.24; 1 Jo 1.1-3; Ap 1.1,23 João Marcos, sobrinho de Barnabé (At 12.25; CI 4.10); e João Batista, o precursor de Cristo (Lc 1.13-17; Mt 3.1-3).
João Batista, destacado entre todos os profetas, foi escolhido por Deus para introduzir o ministério de Jesus com grandeza e dignidade. Seu nome, que significa “favor de Deus”, remete ao profeta Elias, com quem compartilhava um estilo de vida austero e uma postura firme contra a hipocrisia e a injustiça de sua época (Mt 3.4; 11.13,14), opondo-se até mesmo ao rei Herodes (Lc 3.19,20).
1. JORNADA PRODIGIOSA
Embora muitos pensem que todos os evangelhos detalhem a vida de João Batista, apenas Lucas oferece informações extensas. Ele menciona seus pais, Zacarias e Isabel (Lc 1.5), e revela sua ligação familiar com Jesus (Lc 1.36). Lucas narra ainda que, no sexto mês da gravidez de Isabel, o anjo Gabriel apareceu a Maria (Lc 1.26,27), sugerindo que Jesus e joão eram parentes próximos com uma diferença de idade aproximada de seis meses.
1.1. Concepção improvável
Zacarias e Isabel, justos perante Deus, sofriam por não terem filhos devido à idade avançada e à infertilidade de Isabel, condição estigmatizada na cultura judaica (Lc 1.6,7; 1 Tm 2.14,15). Durante o serviço no Templo, Zacarias foi visitado pelo anjo Gabriel, que anunciou o nascimento de João (Lc 1.8-13).
1.2. Propósitos divinos e impactos eternos
Lucas descreve a mensagem do anjo a Zacarias, revelando o tríplice propósito de João Batista: ele seria a alegria de seus pais; levaria muitos israelitas de volta ao Senhor e prepararia o povo para a vinda de Cristo (Lc 1.14-17).
A aparição súbita de Gabriel e a notícia surpreendente que ele anunciara deixaram Zacarias em choque (Lc 1.12). Devido à sua incredulidade, o anjo declarou que ele permaneceria mudo até o nascimento do menino (Lc 1.18-20,59-64).
1.3. Hábitos singulares de um profeta no deserto
A casa de Zacarias ficava na região montanhosa de Judá (Lc 1.39,40), e João cresceu no deserto, preparando-se para sua missão profética (Lc 1.80).
A aparência e o modo de vida de João Batista eram rústicos (Mt 3.4; Mc 1.6; Lc 7.24,25). Ele vestia uma túnica de pelos de camelo, presa por um cinto de couro, semelhante ao estilo de Elias (2 Rs 1.8), uma vestimenta que ainda é usada por beduínos e árabes pobres. Quanto à dieta, o profeta consumia gafanhotos e mel silvestre, alimentos comuns no deserto (Lv 11.22; Dt 32.13; 1 Sm 14.25-29).
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Em várias regiões do Oriente, como Arábia, Etiópia e Palestina, os gafanhotos ainda são um alimento básico para as classes menos favorecidas, sendo uma prática antiga entre os hebreus e considerada saudável e versátil.
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1.4. Traços marcantes de uma personalidade inabalável
João Batista era conhecido por seu rigor, coragem e seriedade; ele não hesitava em confrontar o que julgava errado. Com ousadia, o profeta repreendeu Herodes e permaneceu firme diante daqueles que, sem evidenciar arrependimento e contrição, procuravam ser batizados por ele (Mt 3.7; Lc 3.7).
2. MINISTÉRIO IMPACTANTE
O ministério de João Batista estava concentrado na preparação do caminho para o Messias. Sua mensagem poderosa incluía: o chamado ao arrependimento (Mt 3.2,7,8); 0 reconhecimento da superioridade de Cristo (Mt 3.11); a crítica pública aos pecados dos fariseus (Lc 3.8); a proclamação do sacrifício redentor de Cristo e o advento do Espírito Santo (Jo 1.15,29,33,36).
2.1. As marcas do chamado divino
Como precursor de Jesus, João Batista desempenhou um papel singular na história bíblica, antecedendo o Messias em Seu nascimento, ministério e morte. Sua missão foi marcada por uma autoridade profética inquestionável, encerrando a era da antiga aliança e inaugurando a Era da Graça (Lc 16.16).
Conhecido como Batista por conduzir às águas aqueles que buscavam confessar publicamente seus pecados, João personificava o chamado ao arrependimento e à transformação espiritual (Lc 3.2,3). Atuando como um verdadeiro arauto, proclamava a mensagem de Deus com coragem e firmeza. Seu ministério se desenvolveu principalmente no deserto da Judeia, um ambiente simbólico de renovação e preparação espiritual (Mt 3.1).
2.1.1. João Batista e Jesus: uma aliança profética
Segundo o texto bíblico, o relacionamento entre Cristo e João Batista foi marcado por particularidades devido à natureza de seus ministérios:
- eles eram parentes próximos (Lc 1.34-36,56,57) — O sentido exato do termo que indica o grau de parentesco entre Maria e Isabel é desconhecido (Lc 1.36 [cuyyevíç = syngenis]). Algumas versões traduzem como prima (ARC; ACF), enquanto outras usam parenta (ARA; NVI), sugerindo que jesus e João Batista eram parentes em algum grau;
- João Batista foi, às vezes, confundido com Jesus (Mt 14.1,2; 16.13,14; Mc 6.14; 8.27,28);
- Jesus comparou João a Elias (Mt 17.11-13) e o descreveu como o maior entre os nascidos de mulher (Mt 11.11; Lc 7.28), mas menor que qualquer um no Reino dos céus, destacando a grandeza do novo Reino (Mt 10.32-42);
- Jesus também afirmou que o tempo de João era único (Mt 11.12,13; Lc 16.16), caracterizando-o como o último profeta da antiga aliança e o precursor do advento do Messias.
2.2. O símbolo de um novo começo: batismo
João surge na narrativa bíblica realizando batismos no rio Jordão (Mt 3.5,6), uma prática tão marcante que deu origem à expressão “batismo de João” (At 1.22). Esse rito, mencionado nos evangelhos (Mt 3.11; Jo 1.26-30; Lc 3.3) e em Atos (10.37; 11.16; 13.24; 19.3), simbolizava arrependimento e confissão de pecados.
O título Batista identifica-o como “aquele que realiza O rito do batismo”. Em grego, o termo para “aquele que batiza” (βαπτιστές = baptistés) relaciona-se com o verbo baptizó (βαπτιtitw), que significa “imergir” ou “lavar”.
3. MARCOS MINISTERIAIS DECISIVOS
A vida de João Batista é marcada por, pelo menos, quatro eventos significativos:
3.1. O batismo de Jesus
Às margens do rio Jordão, Jesus se aproximou de João para ser batizado (Mt 3.13). Surpreso, o profeta reconheceu a superioridade de Cristo, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? (Mt 3.14). Somente após Jesus afirmar que o batismo era necessário para cumprir toda a justiça — cumprir as exigências da Lei —, o profeta concordou em descê-lo às águas (Mt 3.15).
3.2. A transição ministerial
Após ser batizado por João, Jesus iniciou Seu ministério e atraiu muitos seguidores, incluindo alguns discípulos do profeta. Isso causou certa insatisfação entre os seguidores de João, mas ele os corrigiu, dizendo: E necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3.22-30).
O ministério de João Batista, conhecido como à aurora da história evangélica, foi uma preparação providencial para 0 ministério de Jesus. Os profetas Isaías (40.3-5) e Malaquias (3.1) haviam predito que o Messias seria precedido por alguém que proclamaria Sua chegada. Por isso, os quatro evangelistas relacionam João Batista à profecia de Isaías (Mt 3.3; Mc 1.2,3; Lc 3.4-6; Jo 1.23).
3.3. A confirmação do Messias
Enquanto estava na prisão, João enviou dois de seus discípulos para perguntarem a Jesus se Ele era o Messias prometido, ou se deveriam esperar outro (Mt 11.1-5). Em vez de responder diretamente, o Nazareno deixou que Suas obras falassem por si: curou cegos, coxos, leprosos e surdos; ressuscitou mortos e pregou o evangelho, demonstrando, assim, ser o Messias anunciado por João (Lc 7.22,23).
3.4. A condenação final
João Batista não se limitava a pregar ao povo sobre suas obrigações morais e espirituais para receber o Messias. De modo aguerrido, ele também repreendeu Herodes Antipas por seus atos perversos, especialmente pelo casamento com Herodias, esposa de seu irmão Filipe, que considerava ilícito (Lc 3.19; Mc 6.17-19).
Herodias, então, passou a desejar a morte de João e constantemente pressionava Herodes. Embora o tetrarca temesse João, sabendo que era um homem justo e santo, e ouvia suas palavras com perplexidade e respeito, a filha de Herodias, sob orientação da mãe, aproveitou uma ocasião especial e pediu ao rei a cabeça de João em uma bandeja (Mc 6.21-25; Mt 14.6-8).
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"O zelo de João foi cruelmente castigado, pois Antipas (Lc 3.19,20) encerrou-o em um Calabouço da fortaleza de Machaerus (ou Maqueronte), construída como um ninho de águia em uma das regiões mais agrestes da Pereia Meridional, ao oriente do mar Morto, e, logo depois, foi decapitado, a mando de Herodes, e sepultado por seus discípulos.” (FILLION, Central Gospel, 2003, p. 392).
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4. LIÇÕES DA VIDA DE JOÃO BATISTA PARA A JORNADA DE FÉ
4.1. Autenticidade e propósito
Como filho de Zacarias, sacerdote do Templo, João Batista herdou um legado singular (Lc 1.5; 1 Cr 24.10), mas seguiu um caminho profético fora das tradições religiosas formais (Mt 3.1-6). Esse rompimento com a estrutura sacerdotal indica uma personalidade independente e corajosa, focada mais na autenticidade espiritual do que nas convenções institucionais.
A coragem para seguir uma vocação legítima, mesmo que isso signifique romper com tradições estabelecidas, é uma lição de integridade e propósito.
4.2. Humildade extraordinária
Apesar de sua popularidade e influência, João Batista reconheceu sua missão como preparador do caminho para Jesus. Quando seus discípulos questionaram a crescente projeção de Cristo, ele respondeu com humildade: E necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3.30).
Essa postura ensina a centralidade da mensagem redentora em nossa vida, desafiando-nos a colocar o Senhor acima de nossas realizações. O ministério autêntico nasce da disposição de viver para a glória de Deus e não para o próprio reconhecimento (Cl 3.23,24).
4.3. Coragem inabalável
João Batista viveu e morreu como uma voz profética comprometida com a justiça e a retidão. Ele não hesitou em denunciar os pecados da sociedade, confrontando até mesmo Herodes Antipas por seu comportamento imoral (Mc 6.17-19). Seu exemplo ensina que a fidelidade a Deus está acima de conveniências sociais e políticas.
Ainda hoje, somos chamados a proclamar a verdade divina com coragem, mesmo diante de riscos e consequências adversas (2 Tm 4.2-5).
CONCLUSÃO
João Batista dedicou sua vida a preparar o caminho para Cristo, chamando o povo ao arrependimento. Ele é um exemplo de coragem e fidelidade. No entanto, ao nos voltarmos para Jesus, contemplamos o verdadeiro esplendor: Ele é a própria Palavra, a Luz eterna e a Vida.
Enquanto João foi sepultado, Jesus ressurgiu, vencendo a morte como Salvador da humanidade. Que nossa fé sempre reconheça essa verdade: João mostrou o caminho, mas Cristo é o próprio Caminho, nossa esperança e redenção.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Qual foi o tríplice propósito ministerial de João Batista?
R.: João Batista seria a alegria de seus pais; levaria muitos israelitas de volta ao Senhor e prepararia O povo para a vinda de Cristo (Lc 1.14-17).
Fonte: Revista Central Gospel
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