Lucas, o Médico Amado e Cronista da Universalidade do Evangelho
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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
2 Timóteo 4.5-1la
5- Mas tu sé sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
6- Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
7- Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fe.
8- Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor; justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
9- Procura vir ter comigo depressa.
10- Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a Dalmácia.
11a- Só Lucas está comigo.
TEXTO ÁUREO
Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas.
Colossenses 4.14
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Atos 16.6-11
Lucas e Paulo: encontro em Trôade
3ª feira - Atos 16.16-23
Lucas e Paulo enfrentam prisão em Filipos
4ª feira - Atos 20.2-6
Lucas e Paulo: reencontro na jornada missionária
5ª feira - Filemom 1. 1-4,22-25
Lucas: fiel colaborador de Paulo
6ª feira - Colossenses 4.10-14
Saudações de Lucas à igreja em Colossos
Sábado - 2 Timóteo 4.7-11
Lucas: última companhia de Paulo
OBJETIVOS
- aprofundar o conhecimento sobre a vida de Lucas, conhecido como médico amado;
- compreender que, embora gentio, Lucas foi inspirado por Deus para registrar um dos evangelhos, revelando a universalidade do plano divino;
- valorizar a contribuição literária de Lucas, reconhecendo a importância de seu trabalho evangelístico e histórico para a fé crista.
Ao término do estudo bíblico, O aluno deverá:
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, Lucas, um dos quatro evangelistas, é o foco desta lição, na qual serão abordados aspectos de sua vida e obra segundo as Escrituras, com algumas considerações históricas. O médico amado é o único a descrever a ascensão de Jesus em detalhes, e seu evangelho é o mais longo, apresentando uma rica coleção de milagres, ensinamentos e parábolas, que tornam seu relato o mais completo sobre o ministério de Cristo.
Cada evangelista oferece uma visão única sobre o Messias, permitindo-nos tanto conhecer melhor o Senhor quanto entender a perspectiva de cada escritor. Redigido para os gregos, o Evangelho de Lucas fornece uma narrativa ordenada para Teófilo, ensinando que o cristianismo, embora nascido no judaísmo, é uma fé universal. Boa aula!
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Palavra introdutória Embora Lucas não tenha conhecido Jesus pessoalmente, decidiu segui-lo, o que torna sua missão de falar sobre Ele instigante e desafiadora. Reconhecê-lo como um ícone da nova aliança é compreender seu papel como escritor inspirado e missionário altruísta, dedicado à propagação da mensagem redentora, ao lado de Paulo, Silas, Barnabé e outros valentes.
1. UM GENTIO A SERVIÇO DE CRISTO
Lucas, médico e intelectual (Cl 4.14), aprendeu tudo o que pôde a respeito do Filho de Deus e compartilhou suas descobertas com todos os que estavam fora do contexto judaico. As três referências singelas feitas a seu nome no Novo Testamento (Cl 4.14; 2 Tm 4.11; Fm 24) não refletem completamente sua importância histórica e influência eclesiástica.
1.1. De Antioquia para o mundo: as raízes de Lucas
O texto bíblico destaca as habilidades e a dedicação de Lucas, que, após sua conversão, empenhou-se intensamente na divulgação do evangelho. Porém, para compreender melhor seu caráter, é necessário recorrer a fontes extrabíblicas. Um texto antigo, datado de 160 d.C., afirma que Lucas era natural de Antioquia, gentio, médico, autor do terceiro evangelho na Acaia e que teria vivido até os 84 anos, sem se casar. Este testemunho é corroborado por líderes da Igreja, como Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Jerônimo. Fontes históricas fidedignas indicam que ele teria falecido em Boeotia, um distrito da Grécia.
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Em Colossenses 4.7-18, Paulo menciona seus colaboradores e distingue judeus de gentios, deixando implícito que Lucas pertence ao segundo grupo (v. 14). A Tradição sugere que Lucas pode ter sido escravo de uma família rica, algo comum na época, com o propósito de formar médicos entre seus empregados.
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1.2. Um chamado transformador: a conversão de Lucas
Não existe qualquer registro, no texto bíblico, que lance luz sobre a época, as condições ou as circunstâncias da conversão de Lucas ao cristianismo, mas seu comportamento, ao longo dos anos, demonstra que ele possuía uma fé firme no Senhor Jesus.
1.3. Do ofício de médico ao compromisso com a missão
1.3.1. O médico amado que cuidou de Paulo
Lucas, mencionado no Novo Testamento como médico (Cl 4.14), foi um apoio essencial para Paulo, que sofreu diversas agressões físicas, incluindo espancamentos e apedrejamentos (At 16.23; 2 Co 6.5; 11.24-27). Sua presença provavelmente proporcionou ao apóstolo os cuidados clínicos necessários, o que justificaria o título de médico amado que dele recebeu.
1.3.2. O escritor do evangelho e historiador de Atos dos Apóstolos
Embora conhecido como médico, uma das maiores contribuições de Lucas ao Reino de Deus foi seu trabalho como historiador. Nos prólogos de seu evangelho e de Atos, ele demonstra compromisso com a precisão factual, registrando fielmente os eventos da vida de Jesus e do início da Igreja.
As duas obras literárias compostas por Lucas e sua trajetória ministerial não deixam dúvidas quanto ao seu entendimento sobre o caráter universal do evangelho. Para ele, este é o correto entendimento sobre a mensagem da cruz: a salvação é o dom de Deus ao mundo (Lc 1.77; 2.30,32; At 4.12).
2. A JORNADA MISSIONÁRIA AO LADO DE PAULO
2.1. O encontro inicial: Lucas marca sua entrada na história apostólica
Provavelmente, Lucas encontrou Paulo pela primeira vez em Trôade, por volta do ano 51 d.C. (At 16.8). A partir desse encontro, seguiu com ele até a Macedônia (At 16.9,10), passando por Samotrácia, uma ilha entre a Ásia e a Europa (At 16.11), e chegando a Filipos (At 16.12). Esta cidade, um importante centro comercial na Macedônia, estava estrategicamente localizada próxima ao mar e às principais estradas europeias, facilitando a propagação inicial do evangelho. Durante esse período, a narrativa do Livro de Atos passa a ser feita em primeira pessoa do plural, sugerindo a presença direta de Lucas nas viagens missionárias (At 16.10-17; 20.5-15; 21.1-18; 27.1-28.16).
2.2. Desafios e provações: a resiliência na missão
Em Filipos, Paulo, seguindo o costume judeu, buscou um lugar de oração ao ar livre, já que a cidade não possuía uma Sinagoga formal (At 16.13). Paulo e Silas foram presos em Filipos (At 16.16-23), enquanto Timóteo e Lucas possivelmente passaram despercebidos por não E terem aparência de judeus típicos, Após a prisão, Lucas e Timóteo provavelmente permaneceram na cidade para apoiar a jovem igreja local. Na Carta aos Filipenses, Paulo menciona o apoio financeiro que recebeu exclusivamente dessa igreja (Fp 4.15,16), sugerindo que Lucas e Timóteo podem ter intermediado essa ajuda.
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Segundo o costume judeu, uma sinagoga podia ser formada se houvesse pelo menos dez chefes de família na cidade. Caso esse número não fosse alcançado, os judeus se reuniam em um lugar de oração ao ar livre. Seguindo seu hábito de procurar primeiro a sinagoga nas cidades que visitava, Paulo, ao chegar a Filipos, buscou um grupo de oração de judeus (At 16.13).
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2.3. Retorno e dedicação: Lucas se junta a Paulo novamente
Paulo e Lucas se reencontram em Atos 20.13, com Lucas acompanhando Paulo de Trôade a Assôs e, em seguida, passando por diversas cidades, como Cós, Rodes, Pátara, Tiro, Cesareia e Jerusalém (At 20.5-21.18), até Roma (At 27.1-28. 16). Lucas não apenas registrou os eventos do terceiro evangelho, mas também participou ativamente das missões, ajudando a expandir o Reino de Deus.
Nos últimos dias de Paulo, enquanto ele estava preso e aguardando sua provável execução (2 Tm 4.6-8), Lucas foi um dos poucos a permanecer ao seu lado, oferecendo apoio e companhia ao apóstolo (2 Tm 4.11).
3. O EVANGELISTA E CRONISTA DO CRISTIANISMO
Os escritos de Lucas, incluindo o evangelho e o Livro de Atos, foram dirigidos a uma audiência grega, representada por Teófilo e pelos gentios interessados nas boas novas. Lucas buscou comunicar a história de Jesus e a expansão da fé cristã em uma linguagem e estilo acessíveis ao pensamento helenístico, enfatizando a universalidade do evangelho e seu alcance a todas as nações. Seu objetivo era consolidar a fé dos leitores na continuidade entre o ministério de Jesus e a expansão da Igreja primitiva, oferecendo uma perspectiva histórica e espiritual da ascensão e propagação do cristianismo para além das fronteiras judaicas.
3.1. O evangelho segundo Lucas: o retrato completo de Cristo
O Evangelho de Lucas se destaca por sua amplitude e profundidade, oferecendo o mais detalhado relato da vida de Jesus dentre os sinóticos (1.1-4). O evangelista narra com precisão o nascimento e infância do Salvador (1.26-56; 2.1-40) e inclui mulheres com relevância, como Isabel (1.5-25), Marta, Maria (10.38-42) e a viúva de Naim (7.11-17). Além disso, traça Sua genealogia até Adão (3.23-28), reafirmando a abrangência das boas novas, que se destina a todas as nações. Lucas também aborda os milagres com uma perspectiva cuidadosa, quase científica (8.43-48), destacando o impacto da cura sobre os gentios (7.1-10; 17.11-19) e registrando inúmeros ensinamentos por meio de parábolas exclusivas, como as do bom samaritano (10.25-37) e do filho pródigo (15.11-32). Esse evangelho revela a compaixão e universalidade de Jesus (19.10), que busca incluir e salvar a todos, sem distinção.
3.2. Atos dos Apóstolos: a propagação do evangelho
Com uma estrutura narrativa que acompanha o crescimento da Igreja, Atos retrata a missão de testemunhar em Jerusalém (1.1-6.7), depois em Judeia e Samaria (6.8-9.31) e finalmente até os confins da Terra (9.32-28.31).
Esse relato conecta diretamente o chamado de Jesus a Seus discípulos com o nascimento e expansão da Igreja, destacando o cumprimento do mandato de Cristo para levar a mensagem a todos os povos (Mc 16.15; At 1.8).
4. LIÇÕES DA VIDA DE LUCAS PARA A JORNADA DE FÉ
4.1. O cuidado com o próximo como essência da fé cristã
O Evangelho de Lucas destaca a compaixão de Jesus, revelando Seu olhar cuidadoso para com os marginalizados e esquecidos da sociedade. Desde o chamado ao amor misericordioso (6.36) até a cura da mulher encurvada (13.10-17), Lucas nos convida a uma fé que derruba obstáculos socioculturais, expressando-se em ações concretas.
O exemplo de Cristo nos incita a refletir: como podemos imitar essa compaixão que não discrimina? A prática da misericórdia, tão central no Evangelho de Lucas, nos convoca a exercer uma fé vívida, dedicada ao cuidado dos menos favorecidos.
4.2. Humildade e entrega no caminho da salvação
Lucas nos ensina, ainda, por meio da descrição de parábolas únicas, que a fidelidade ao chamado divino é inseparável de uma postura humilde e devota.
Na parábola do filho pródigo (15.11-32), por exemplo, percebe-se a graça como resposta à reconciliação; na do bom samaritano (10.25-37), verifica-se que a verdadeira devoção se manifesta no cuidado dirigido ao próximo. Essas narrativas inspiram uma fé ativa, que renuncia ao egoísmo e abraça o serviço (18.9-14).
Lucas nos orienta a considerar como nossa própria jornada pode refletir essa fidelidade humilde, que se inclina diante do necessitado e acolhe o perdido.
4.3. Altruísmo e lealdade: a dedicação de Lucas a Paulo
Lucas destaca-se não apenas como evangelista, mas também como um amigo leal e altruísta. Ao longo das viagens missionárias e dos momentos de adversidade enfrentados por Paulo, o médico amado manteve-se ao seu lado, exemplificando o verdadeiro compromisso com o próximo (Cl 4.14; 2 Tm 4.11). Mesmo quando outros abandonaram o apóstolo, Lucas permaneceu fiel, testemunhando uma amizade que ultrapassa as dificuldades e o tempo.
A abnegação de Lucas inspira-nos a refletir sobre o valor da lealdade em nossas relações. Em um mundo no qual o individualismo prevalece, sua postura convida-nos a cultivar um espírito de solidariedade com os irmãos em Cristo, especialmente nos momentos de maior necessidade.
CONCLUSÃO
Lucas é considerado uma das grandes figuras do Novo Testamento e integra a galeria dos escritores bíblicos, escolhidos por Deus ao longo de 1.600 anos. Sendo provavelmente o único gentio entre eles, o médico amado ressalta a universalidade do evangelho, revelando que a mensagem de salvação é para todos.
O cronista da fé cristã ilustra essa realidade ao narrar o evento de Pentecostes, com a diversidade de nacionalidades presentes (At 2.7-11), e a visão de Pedro sobre os alimentos impuros (At 9.10-35), enfatizando a inclusão de todas as pessoas no plano redentor.
Lucas cumpriu brilhantemente sua missão de anunciar o propósito divino para a humanidade, destacando que a graça alcança todos os povos.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Qual era a nacionalidade de Lucas?
R.: Ele era siríaco de Antioquia, portanto, um gentio.
Fonte: Revista Central Gospel
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