
Judas, os Santos em Guerra
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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Judas 1.3-7,20-23
3- Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
4- Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.
5- Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram;
6- e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia;
7- assim como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.
20- Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,
21 - conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.
22- E apiedai-vos de alguns que estão duvidosos;
23 e salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne.
23 e salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne.
TEXTO ÁUREO
Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.
Judas 19
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Judas 6; 2 Pedro 2.4
Anjos caídos aguardam o juízo eterno de Deus
3ª feira - Zacarias 3.2; Judas 9
O Senhor repreende Satanás
4ª feira - Isaías 5.18-22; Judas 11
Ai dos rebeldes e soberbos; busque a justiça
5ª feira - 2 Pedro 2.13; Judas 12
Falsos líderes são nódoas nas reuniões do Senhor
6ª feira - Judas 20; Colossenses 2.7
Edifiquem-se na fé e permaneçam firmes em Cristo
Sábado - Judas 23; Zacarias 3.2-4
Resgate os perdidos, mas odeie o pecado
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
- reconhecer que a Igreja do Senhor pode ter pessoas que não foram enviadas por Deus;
- compreender que indivíduos de mau-caráter não só prejudicam o testemunho cristão, mas também causam divisões no Corpo de Cristo;
- entender que, quanto aos santos, todo esforço deve ser feito para levar os perdidos ao arrependimento e à salvação.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, ao abordar esta lição, adote uma postura de vigilância e discernimento. Enfatize a importância de reconhecer que nem todos na Igreja são enviados por Deus e que a presença de pessoas com intenções erradas pode afetar a comunidade.
Ao explicar sobre os falsos mestres e os detratores, procure destacar a responsabilidade dos cristãos em preservar a pureza da fé, sem cair em julgamentos precipitados, mas sempre agindo com amor e verdade. Incentive a reflexão sobre a necessidade de buscar e salvar os perdidos, lembrando que, conforme Judas ensina, todo esforço deve ser feito para restaurar aqueles que ainda podem ser alcançados, agindo com compaixão e temor.
Ao explicar sobre os falsos mestres e os detratores, procure destacar a responsabilidade dos cristãos em preservar a pureza da fé, sem cair em julgamentos precipitados, mas sempre agindo com amor e verdade. Incentive a reflexão sobre a necessidade de buscar e salvar os perdidos, lembrando que, conforme Judas ensina, todo esforço deve ser feito para restaurar aqueles que ainda podem ser alcançados, agindo com compaixão e temor.
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
A carta de Judas não foi escrita com caráter teológico, mas como uma exortação apologética, com o propósito de proteger os crentes contra a heresia gnóstica, que ameaçava profundamente a vida espiritual da Igreja. O autor aborda a necessidade de defender a fé contra ensinamentos errôneos, alertando sobre as consequências dessas doutrinas.
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Ao comparar a epístola de Judas com a segunda carta de Pedro, observam- -se semelhanças entre os textos. Apesar das divergências sobre a ordem de escrita, muitos estudiosos acreditam que Pedro tenha se baseado em Judas, especialmente em trechos específicos (cf. Lição 7).
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1. AUTORIA, DATA E PROPÓSITO
A carta de Judas permanece relevante, pois aborda de forma objetiva os perigos que doutrinas falsas representam para a fé cristã. Embora a heresia do gnosticismo tenha sido a principal ameaça na época, a Igreja contemporânea ainda enfrenta uma variedade de crenças distorcidas, tanto externas quanto internas, originadas por má interpretação das Escrituras.
1.1. O autor
O autor se apresenta como Judas, irmão de Tiago, líder da igreja em Jerusalém (cf. Mc 6.3). Embora também fosse meio-irmão de Jesus, ele opta por se identificar apenas como irmão de Tiago, mantendo discrição quanto ao seu vínculo familiar com o Senhor.
1.2. A data
A carta foi escrita por volta de 68 d.C., antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C. Não há referência explícita aos destinatários, razão pela qual ela é classificada entre as Epístolas Católicas, ou universais.
1.3. O propósito
Inicialmente, Judas planejava escrever sobre a comum salvação, provavelmente abordando a graça oferecida a judeus e gentios em Cristo. No entanto, ao começar a redigir, ele percebeu a necessidade urgente de exortar os crentes a batalharem pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3). Esta mudança de propósito reflete a inspiração divina no texto sagrado, evidenciando que os escritores bíblicos foram guiados pelo Espírito Santo, conforme versa a tradição conservadora sobre a inspiração verbal e plenária das Escrituras.
2. OS INFILTRADOS
No primeiro século, a Igreja enfrentou a infiltração do gnosticismo, uma corrente filosófica que tentava mesclar suas crenças com o cristianismo, distorcendo sua essência para transformá-lo em uma religião esotérica e libertina.
Esse movimento foi orquestrado pelo diabo, com o objetivo de substituir a verdadeira mensagem de Cristo, enfraquecer a missão redentora e desviar os fiéis do caminho da salvação, afastando-os de Jesus como Salvador e Senhor.
2.1. As características e o propósito dos infiltrados
Judas os descreve como ímpios (gr. asebeis; cf. Jd 4,15,18), ou seja, "homens sem Deus". Estes buscavam substituir a revelação divina por seres angelicais - considerados intermediários entre Deus e os homens - e negavam a soberania do Eterno e a divindade de Jesus Cristo.
Além disso, promoviam a ideia de que a graça permitia o pecado sem a exigência de santidade, distorcendo completa- mente o propósito da salvação. Nas palavras de Judas: convertiam em dissolução a graça de Deus (Jd 4).
2.1.1. Exemplos bíblicos de que Deus não tolerou abusos
Judas apresenta três exemplos que ilustram a intolerância do Altíssimo aos abusos: os hebreus no deserto, onde o Senhor destruiu os que não creram (Jd 5); os anjos que, seduzidos por Lúcifer, abandonaram sua posição e foram aprisionados até o Juízo Final (Jd 6); e a destruição de Sodoma e Gomorra, cujos habitantes, envolvidos em práticas imorais, sofreram a pena do fogo eterno (Jd 7). Esses exemplos revelam a seriedade do juízo divino.
2.2. A postura dos infiltrados
Os hereges que perturbam a Igreja demonstram uma postura semelhante à dos exemplos citados no tópico anterior, pois contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as autoridades (Jd 8). Os gnósticos, por se julgarem superiores, recusavam a submissão à autoridade e ainda difamavam as lideranças estabelecidas.
2.2.1. Exemplos bíblicos de respeito à autoridade divina
Judas destaca o respeito à autoridade divina ao citar Miguel, que, apesar de sua alta posição celestial, não insultou Satanás, mas disse: O Senhor te repreenda (Jd 9), reconhecendo que o julgamento pertence a Deus.
Um exemplo semelhante ocorre em Zacarias 3.2, quando o Anjo do Senhor, uma manifestação de Jesus, repreende Satanás com as palavras: O Senhor te repreende.
A diferença entre ambos os textos está no modo verbal: em Judas, o verbo está no subjuntivo, enquanto em Zacarias está no indicativo, sublinhando a soberania do Altíssimo.
2.3. A natureza dos infiltrados
Os hereges descritos por Judas se destacam por sua atitude pedante, criticando e discutindo assuntos que não compreendem, até mesmo blasfemando contra a divindade (Jd 10). Judas os compara a animais irracionais.
No versículo 11, inicia com um "ai", expressão que denota dor e sinaliza o juízo divino sobre aqueles que persistem em sua maldade, como indicado em Isaías (Is 5.18,21,22), Sofonias (Sf 3.1), Mateus (Mt 18.7) e Apocalipse (Ap 11.14).
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Judas, no verso 9, ilustra a gravidade da rejeição à autoridade, recorrendo a um argumento de um livro apócrifo, mencionado por Orígenes, "A Assunção de Moisés". Este texto, agora perdido, relatava a disputa entre Miguel e o diabo pelo corpo de Moisés, com Satanás acusando Moisés de indignidade devido a um suposto crime no Egito.
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2.3.1. São seguidores do caminho de Caim, Balaão e Corá
Judas descreve os hereges como seguidores do caminho de Caim, que, tomado pela inveja, matou seu irmão por ter sido aceito por Deus (Jd 11; cf. Gn 4.4,8). Os gnósticos associavam Caim aos hilíacos (gr. hylé = "matéria"), indivíduos tão presos à matéria que não poderiam ser salvos.
Além disso, o escritor sagrado os acusa de se perderem na ganância, como Balaão, que foi contratado para profetizar contra os hebreus, mas não profetizou; antes, colocou tropeços no caminho deles (cf. Nm 22.23; 31.16).
Finalmente, ele compara esses hereges à rebelião de Corá, que, ao desafiar a autoridade de Moisés, foi engolido pela ter- ra (cf. Nm 16.1-34). Para Judas, esses falsos mestres estão irremediavelmente perdidos.
2.3.2. Apresentam comportamento desrespeitoso e são espiritualmente estéreis
Nas festas de fraternidade, como a Ceia do Senhor, descritas em 1 Coríntios 11.2, os hereges se embriagavam e praticavam atos imorais, desrespeitando os princípios cristãos (Jd 12; cf. 2 Pe 2.13). Judas os descreve como:
- manchas em vossas festas de fraternidade (...), pois desconsideravam os pobres, que não tinham o que levar para as celebrações, enquanto se alimentavam excessivamente (Jd 12b);
- nuvens sem água, levadas pelos ventos, ou seja, pessoas instáveis e estéreis, como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas - eles não tinham a capacidade de produzir frutos espirituais, apenas faziam barulho e sem contribuir para o bem da Igreja (Jd 12b);
- ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações, representando a maneira como espalham sua imundícia por onde passam (Jd 13a); e
- estrelas errantes, em referência à crença de que estrelas e anjos mudam de posição. Isso simboliza sua natureza instável e repreensível, já que, como as estrelas, esses hereges estão destinados à escuridão das trevas, conforme o juízo de Deus (Jd 13b). Judas vaticina que o juízo já está reservado para eles, o que remete à profecia encontrada no livro apócrifo de Enoque (18.12-16), que descreve o castigo dos ímpios e a condenação dos transgressores.
2.3.3. São murmuradores e inconstantes
Judas denuncia os hereges como murmuradores queixosos de sua sorte, seguindo suas próprias concupiscências e expressando arrogância (Jd 16). Esses gnósticos, espiritualmente desqualificados, eram incapazes de integrar a Igreja de Cristo.
Ainda hoje, atitudes semelhantes podem ser encontradas entre os que se desviam da verdade. No entanto, é importante destacar que, embora estejam em condição espiritual degradante, nada impede que sejam transformados pela Palavra, caso se arrependam (2 Tm 2.25,26).
2.4. O juízo divino sobre os infiltrados: a profecia de Enoque
Judas faz referência à profecia de Enoque, o sétimo após Adão, que anuncia a vinda do Senhor com milhares de seus santos para fazer juízo contra os ímpios, condenando-os por suas obras de impiedade e palavras blasfemas contra Deus (Jd 14,15, cf. 1 Tm 1.9).
Embora o Livro de Enoque não faça parte do cânon sagrado, sua citação por Judas é válida, pois o Espírito Santo permitiu essa menção devido à sua verossimilhança. A obra, conhecida como "O Livro de Enoque Etíope", não foi escrito pelo Enoque de Gênesis 5.18-24, mas a citação contida em Judas é considerada uma fonte confiável para o contexto abordado.
3. APELO DO AUTOR
A partir do versículo 17, o escritor sagrado apela aos leitores para que se lembrem dos ensinamentos dos apóstolos sobre os escarnecedores que surgiriam nos últimos tempos
(d 19). Tais indivíduos seriam antinomistas, vivendo de acordo com seus próprios desejos carnais, negando a verdade ensinada por Jesus e pelos apóstolos sobre a vida espiritual. Por isso, Judas os descreve como sensuais e sem a presença do Espírito Santo. Além disso, esses hereges promoveriam divisões na Igreja, seduzindo muitos, como também alertaram Paulo (Rm 16.17,18) e João (2 Jo 10,11).
3.1. Edifiquem-se e orem
Judas exorta os crentes a se edificarem sobre sua santíssima fé (Jd 20), fortalecendo-se no que aprenderam dos ensinamentos apostólicos. Essa fé, totalmente santa, se distingue da visão gnóstica, que promove a depravação moral. Além disso, ele destaca a importância da oração no Espírito Santo, um princípio que ressoa com a orientação de Paulo à igreja de Corinto (1 Co 14.14,15).
3.2. Apiedem-se, salvem os que puderem
Judas orienta os crentes a apiedarem-se (gr. eleate = "ter compaixão") de alguns que estão duvidosos (Jd 22), referindo-se àqueles que, influenciados pelos falsos mestres gnósticos, caíram em dúvida. Ao contrário dos hereges, esses ainda poderiam ser restaurados.
Judas também os exorta a salvar alguns, arrebatando-os do fogo (Jd 23). Esse simbolismo remete a Zacarias 3.2-4, em que Josué, o sumo sacerdote, é retirado do fogo e purificado de suas iniquidades. De igual modo, os crentes são chamados a ajudar aqueles que podem ser salvos, removendo suas impurezas espirituais e conduzindo-os à purificação.
CONCLUSÃO
O autor conclui sua epístola louvando ao Senhor, reconhecendo Sua capacidade de proteger os crentes, impedindo-os de cair e apresentando-os irrepreensíveis diante de Sua glória, com grande alegria (Jd 24). Ele afirma a soberania do Altíssimo, proclamando: Ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém! (Jd 25). Esta doxologia final sublinha a supremacia divina e a certeza da salvação e proteção garantidas aos fiéis.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Como Judas descreve os que causam divisão na Igreja do Senhor?
R.: Judas os descreve como sensuais, ou seja, pessoas guia- das pelos desejos carnais, e que não possuem o Espírito Santo.
Fonte: Revista Central Gospel
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