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quinta-feira, 30 de maio de 2019

ESTUDO BÍBLICO - O que são as Dispensações Bíblicas?



A palavra “dispensação” encontra-se quatro vezes no Novo Testamento, em I Co 9.17; Ef 1.10; 3.2; e Cl 1.25. A palavra grega é “oikonomia”, da qual deriva-se a palavra “economia”, que, segundo o Dicionário Prático Ilustrado, significa a “boa ordem na administração, na despesa de uma casa”. Originalmente significava a mordomia ou gerência duma casa. (Em grego, casa é “oikos”). No uso bíblico a “dispensação” (oikono­mia) representa a administração que Deus faz em Sua grande casa” universal, na qual estão afetos a Ele todas as inteligências, tanto homens como seres angelicais.

O estudo das dispensações revela os vários métodos usados por Deus em Suas relações com as diferentes classes de povo através dos vários períodos determinados por Ele a fim de lograr o Seu propósito. Por conseguinte, é necessário distinguir ou separar esses diversos períodos, a fim de “manejar bem a Palavra da verdade”, como Paulo exortou a Timóteo. II Tm 2.15.

Estas dispensações são as seguintes:
Inocência,
Consciência,
Governo Humano,
Patriarcal ou da família,
A Lei,
A Graça,
E o Milênio, que será o governo divino.

Isto não significa que as Escrituras compõem-se de seções independentes umas das outras. O fato é que as dispensações até certo ponto se sobrepõem, e algumas que vigoravam em passado distante continuam de pé, quanto ao trato de Deus com os homens. É o caso especialmente do governo humano. Cremos que as bênçãos de Deus são para o Seu povo seja qual for a dispensação em cada momento histórico Cf. Rm 15.4; II Tm 3.16.

OITO ALIANÇAS ENTRE DEUS E OS HOMENS:
1) A aliança edênica, que condicionou a vida do homem no estado da inocência. Gn 1.28.

2) A aliança com Adão, que condicionou a vida do homem decaído, oferecendo a promessa dum Redentor, Gn 3.14-21.

3) A aliança com Noé, que estabeleceu o princípio do governo humano e assegurou a continuação da vida sobre o planeta, Gn 9.1-17.

4) A aliança com Abraão, que daria início à nação is­raelita e concedeu-lhe a terra da Palestina. Gn 12.1-3.

5) A aliança com Moisés, que condena todos os homens “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Rm 3.23; Êx 19.1-25.

6) A aliança palestínica, que assegura a restauração e a conversão final de Israel. Lc 26; Dt 28.1 a 30.3.

7) A aliança com Davi, que promete o trono de Israel à posteridade de Davi, promessa que se cumprirá em Cristo, o “Filho de Davi”. II Sm 7.16; I Cr 17.7; SI 89.27; Lc 1.32,33.

8) A Nova Aliança, que assegura a transformação espiritual de Israel e de todos que creem em Cristo, tornando-os aceitáveis a Deus.

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Extraído do livro “O Plano divino através dos Séculos”, Olson, CPAD
 
Fonte: CACP

domingo, 19 de maio de 2019

ESTUDO BÍBLICO - 10 Dicas para ter alunos participativos na Escola Dominical


Um dos grandes desafios de todo ensinador é integrar seus alunos na aula, levando-os a interagirem entre si e com o professor, participando e construindo esse momento especial.

Diferentemente de uma pregação ou palestra, onde é normal que o ministrante fale sozinho por horas a fio, a aula precisa ser participativa.

A boa aula é aquela em que os alunos perguntam, respondem, comentam, discutem e acrescentam conhecimentos que, moderados pelo professor, trazem sempre crescimento intelectual, bíblico e teológico, além da própria socialização.

Mas a pergunta é: como fazer meus alunos interagirem? Todo professor já lidou ou lida com classes inibidas.

Abaixo oferecemos dez dicas muito práticas de como melhorar esse quadro e maximizar o potencial dos alunos.

1. Perguntas direcionadas

Olhe nos olhos dos alunos, faça perguntas inteligentes e adequadas e estimule-os a responderem conforme o conhecimento de cada um. Lembre-se sempre de aproveitar as respostas dos alunos, mesmo quando não são precisas.

2. Leitura em classe

Peça aos alunos para lerem textos bíblicos ou trechos da própria Lição, e peça ainda para fazerem comentários sobre o que foi lido. “Como você entende esse texto?”. Evite deixar que apenas um ou outro aluno monopolize as leituras. Se preciso, especifique uma nova pessoa para cada leitura, e assim garantir a participação de todos. Às vezes, estabelecer uma rivalidade sadia e pedagógica faz crescer a participação: “quem vai ler mais, os homens ou as mulheres?”

3. Valorizando a opinião

Agradeça e elogie sempre o comentário de um aluno, e mesmo quando parecer impertinente, faça-o habilidosamente se encaixar no tema da Lição, procedendo os devidos ajustes. Professores experientes e com bom “jogo de cintura” nunca desperdiçarão a boa vontade de um aluno!

4. Recompensas

Use o “reforço positivo” ou sistema de recompensas, premiando os alunos que forem respondendo e interagindo na aula. Inclusive, pode-se adotar um sistema de pontuação para premiação trimestral dos alunos mais participativos.

5. Métodos e técnicas variados

Varie os seus métodos e técnicas de ensino, não ficando apenas na exposição oral do conteúdo, o que pode fazer as aulas caírem na mesmice. Use recursos visuais (gravuras, imagens, recortes de jornais ou revistas, etc.) e audiovisuais (música, vídeo, dramatização, etc.) não só para prender a atenção dos alunos, mas para incentivá-los a interação em classe (com comentários, debates, perguntas, etc.).

Se pode sugerir aos alunos algum filme, programa de TV, vídeo do Youtube, artigo na internet ou livro com temática cristã e que se adeque ao assunto da Lição, faça isso e peça para eles comentarem na aula seguinte sobre o que assistiram ou leram.

6. Cante

Quando você canta um hino conhecido e adequado ao tema da Lição, a classe canta com você. Se pode levar um violão ou se pode pedir para acompanharem com palmas, não perca a oportunidade. A música é uma poderosa ferramenta para interação e ensino!

7. Trabalhos em equipe

Esporadicamente, realize trabalhos em equipe (por exemplo, seminários curtos), para que os alunos possam pesquisar durante a semana, interagir uns com os outros, apresentarem diante da sala, e aos poucos perderem a inibição. Mas não só sugira atividades, acompanhe durante a semana a preparação dos alunos e ofereça a eles subsídios para efetivarem o que foi pedido.

Para isso, será útil a comunicação através das redes sociais, como grupos no aplicativo WhatsApp, além do contato corpo a corpo no final dos cultos e encontros eventuais. Além do mais, trabalhos em equipe fortalecem os vínculos de amizade entre os alunos e nos ajudam a perceber no meio deles quem são aqueles com potencial para liderança e para a docência cristã.

8. Linguagem bem-humorada

As coisas de Deus devem ser levadas com seriedade, mas isso de modo algum significa mau-humor! Professores que nunca sorriem e nunca tem uma experiência inusitada para contar e “quebrar o gelo”, antes estão sempre com a “cara fechada”, amedrontadora, e dando bronca em seus alunos porque não leram a Lição, porque não estudam a Bíblia, porque chegam atrasado, etc., acabam que também criando uma barreira diante da classe, e o único feedback que terão é o silêncio medroso de seus alunos.

Alegria é fruto do Espírito! (Gl 5.22) Alunos costumam se sentir mais à vontade com professores alegres e extrovertidos, que abrem as portas para o diálogo através do sorriso envolvente.

9. Vínculos de amizade

Estabeleça um vínculo sincero de amizade com seus alunos, conversando com eles antes e após a EBD, conhecendo as limitações de cada um e falando de como são importantes e do quanto deseja ajuda-los a melhorarem seu desempenho na obra do Senhor. Todos nos sentimos mais à vontade com professores-amigos do que com professores-estranhos que só nos dirigem a palavra aos domingos pela manhã.

10. O recurso espiritual

Visto que estamos lidando com educação cristã, que é antes de tudo espiritual, precisamos do auxílio divino para direcionar nossos alunos ao alvo. Então, nunca se esqueça da poderosa ferramenta chamada ORAÇÃO! Tiago, irmão de Jesus, dizia: “Se alguém não tem sabedoria, peça a Deus que a todos dá” (Tg 1.5). Você pode não ter uma graduação ou licenciatura para o magistério, mas se tem a vocação divina e zela por ela em oração (Ef 4.11; Rm 12.7), Deus lhe dará sabedoria, métodos e estratégias para desenvolver as melhores aulas possíveis com seus alunos.

Professores que querem levar as coisas “aos trancos e barrancos”, sem o hábito da oração, fracassarão em seus deveres, mesmo que sejam especialistas em educação! Há um inimigo lutando contra o progresso espiritual dos nossos alunos (sugerindo-lhes medo, timidez, insegurança, complexo de inferioridade, preguiça, desânimo…), e só poderemos vencê-lo através do auxílio divino. “A oração de um justo pode muito em seus efeitos” – você crê nisso, professor? Então, ore a Deus em favor de seus alunos.

Conclusão

As coisas não vão mudar do dia pra noite. Seus alunos não sairão de uma semana inibidos para voltarem na outra super participativos. Então, tenha paciência, adote os procedimentos acima e persista naquilo que você deseja. O sucesso está na perseverança! Além do mais, avalie sempre sua postura diante da classe, seu tom de voz e a qualidade de seu conteúdo. Mude sempre que precisar. Para melhor, é claro!

Tiago Rosas

Fonte: Gospel Prime

quarta-feira, 17 de abril de 2019

ESTUDO BÍBLICO - A composição da natureza humana



O patriarca Jó parece ter sido o primeiro dos homens mencionados na Bíblia a interrogar acerca do homem. Foi ele quem perguntou a Deus: “Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas nele o teu cuidado, e cada manhã o visites, e cada momento o ponhas à prova?” (Jó 7.17-18).

Depois foi a vez do salmista indagar: “Que é o homem, que dele te lembres?” (Sl 8.4), “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem para que o estimes?” (Sl 144.3).

Se quisermos conhecer o homem, temos de ir além do que ensina a filosofia e as demais ciências humanas, temos de tomar posse das Escrituras, pois só elas respondem satisfatoriamente toda e qualquer indagação quanto ao passado, presente e futuro do homem.
 
O Espirito do Homem
Em geral os escritores bíblicos, especialmente os do Antigo Testamento, não se preocuparam em distinguir o espírito da alma ou vice-versa. A distinção entre espírito e alma é decorrente da revelação progressiva de Deus no Novo Testamento. Por esta razão, hoje sabemos, por exemplo, que:

a) Deus é o criador do espírito humano, e o fez de forma individual. Ele habita na parte interior da natureza do homem, e é capaz de renovação e desenvolvimento. O espírito é a sede da imagem de Deus no homem, imagem perdida com a queda, mas que pôde ser restabelecida por Jesus Cristo (Zc 12.1; 1Co. 15.49; 2Co. 3.18; Cl. 3.10).

b) O espírito é o âmago e a fonte da vida humana, enquanto a alma possui essa vida e lhe dá expressão por meio do corpo. A alma sobrevive à morte, porque o espírito a dota de capacidade; por isso alma e espírito são inseparáveis.

c) O espírito humano distingue o homem das demais coisas criadas. Por exemplo, os irracionais possuem vida comum (Gn. 1.2), mas não possuem espírito.

d) O espírito é o canal através do qual o homem pode conhecer a Deus e as coisas inerentes a seu reino (1Co. 2.11; 14.2; Ef. 1.17; 4.23). O espírito do homem, quando se torna morada do Espírito Santo, torna-se também centro de adoração (Jo. 4.23-24), oração, cântico, bênção (1Co. 14.15); e de serviço (Rm. 1.9; Fp. 1.27). Tudo isso em relação a Deus.
 
Alma do Homem
A alma é uma entidade espiritual, incorpórea, que pode existir dentro de um corpo ou fora dele. A alma é um espírito que habita um corpo, ou nele tem estado, como as almas dos que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo (Mt 10.28; Lc 16.19-31; Ap. 6.9).
 
O Corpo do Homem
Das três entidades que formam o homem, o corpo é aquela sobre a qual a Bíblia menos fala. Contudo, à luz daquilo que a Bíblia apresenta, o que se sabe é que o corpo humano é o instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito. Ele é o meio pelo qual o espírito se manifesta e age no mundo visível e material. O corpo é o órgão dos sentidos e o elo que une o espírito ao universo material. Pelo corpo o homem pode ver, sentir e apalpar o que está ao seu redor.

As impressões vêm do exterior pelo corpo, porém elas só têm significado quando reconhecidas e atendidas pelo espírito. Diz-se que os animais, o cão, por exemplo, possuem visão, mas não podem distinguir a cada instante as cores que estão à sua frente, em virtude de faltar-lhe o espírito. A consciência própria, a direção própria, o poder de pensar, querer e amar pertencem exclusivamente ao espírito. Diante disto, se entende que o espírito é o agente, enquanto o corpo é a agência. A Bíblia usa alguns nomes para figurar o corpo do homem, quanto à transitoriedade de sua existência, e posição que ocupa no plano eterno de Deus. Vejamos, por exemplo:

– Casa ou Tabernáculo: 2Co 5.1-4.

– Templo: 1Co 6.19.
 
A Glória Futura do Corpo
A crença na ressurreição do corpo, como meio de glorificação do mesmo, é tão antiga quanto à crença em Deus no Antigo Testamento. No livro de Jó, segundo alguns estudiosos o mais antigo da Bíblia, encontramos o patriarca dizendo: “Porque eu sei que meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros” (Jó 19.25-27).

No capítulo 15 de 1 Coríntios, Paulo salienta o ensino que, mediante a ressurreição do corpo: a) a morte será destruída (v.26); b) receberemos um corpo celestial e glorioso (v.40); c) receberemos um corpo não mais sujeito à corrupção (v.42); d) ressuscitaremos em poder (v.43); e) traremos a imagem do celestial (v.49); f) seremos revestidos de imortalidade (v.53).

Ainda na expectativa da ressurreição do corpo, escreveu o apóstolo João: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é” (1Jo. 3.2).

Bibliografia:

Doutrinas Bíblicas – Uma introdução à Teologia. Raimundo F. de Oliveira, EETAD, 2ª edição, 1991.

Fonte: CACP

domingo, 14 de abril de 2019

ESTUDO BÍBLICO - Os artesãos do Tabernáculo



Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 2 do trimestre sobre “O Tabernáculo – Símbolos da Obra Redentora de Cristo”

A nossa segunda Lição será uma verdadeira inspiração para o descobrimento e aproveitamento de novos talentos na igreja local. Tomando como base o chamado de Bezalel e Aoliabe para a obra artesanal, veremos como o Espírito Santo age com diversidade de dons naturais e espirituais entre o seu povo. Engana-se quem pensa que os dons resumem-se a cantar, pregar ou pastorear; falar em línguas, profetizar ou curar… Há uma diversidade de dons, dizia Paulo, todos concedidos pelo mesmo Espírito para o que for útil. Talvez você tenha um dom muito útil à causa de Cristo e não saiba, mas essa Lição de hoje lhe ajudará a descobrir.

I. Homens especiais para serviços especiais

No Sinai, Moisés recebeu as orientações bem como visualizou detalhadamente o Tabernáculo a ser construído. Entretanto, não foi tarefa sua “colocar a mão na massa” e fazer todo o trabalho; Deus que já havia movido o coração do povo para ofertar os recursos materiais, agora move-o outra vez para ofertar seus recursos humanos, isto é, seus próprios talentos naturais, que seriam revestidos da unção do Espírito Santo para tão importante empreitada que era construir um templo portátil para adoração ao Senhor. Esta é uma aplicação prática que poderíamos deixar para o final, mas já antecipamos: Deus não quer apenas o que é nosso, Deus nos quer a nós mesmos envolvidos em sua obra! Não basta supri-la com recursos materiais ou financeiros, é preciso, nas palavras de Paulo, “gastar e se deixar gastar” (2Co 12.15), ofertando também nosso amor, nosso tempo e nossas habilidades para a obra do Senhor dentro e fora dos templos religiosos!

1. Os líderes da produção artesanal

O texto do Êxodo nos informa que Deus chamou a dois artesãos de Israel pra liderarem o projeto artístico do Tabernáculo: Bezalel (nome que significa sob a sombra de Deus) e Aoliabe (que significa tenda do pai). O chamado e a capacitação divina que repousava sobre eles era para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, prata e bronze, para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para todo tipo de trabalho artesanal que a estrutura do tabernáculo bem como seus móveis exigiriam (Êx 31.4-5; 35.32,33). Atentemos para a prerrogativa divina na escolha destes artífices: não foi Moisés ou Arão quem os escolheu ou os indicou àquele ministério, mas o próprio Deus que os chamou pelo nome, assim como chamou pelo nome a “Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). Existem funções que Deus deixa ao bom senso de sua Igreja, orientada por suas lideranças, proceder a devida escolha (veja-se o caso dos diáconos – At 6.3); há funções, porém, em que Deus mesmo se encarrega de escolher a dedo quem Ele quer!

Todavia, estes que foram escolhidos especialmente não somente fariam o trabalho manual, como assumiriam também o trabalho intelectual e pedagógico de “ensinar os outros…todo tipo de trabalho e a elaborar desenhos” (Êx 35.34,35). Isso porque a congregação de Israel não teria Bezalel e Aoliabe para sempre, nem também o Espírito de Deus veio sobre eles para lhes constituir uma elite profissional ou artística distinta entre os hebreus, mas para a partir deles criar uma verdadeira escola para formar homens e mulheres peritos na arte do artesanato, o que atenderia a futuros propósitos religiosos, profissionais e sociais de todo o povo! Assim sendo, Bezalel e Aoliabe foram os dois primeiros professores de artes plásticas de que se tem conhecimento entre os hebreus.

Desde os primórdios de Israel vemos escolas de artes (artesanato, música, etc.) e até mesmo “escola de profetas”, o que revela um interesse de Deus em que sejamos como rio, levando adiante as águas que recebemos, ao invés de nos tornarmos represas, apenas acumulando para nós mesmos os recursos que recebemos. “O que recebi do Senhor, isto vos entreguei”, dizia Paulo aos coríntios (1Co 11.23), e, visto que ele é um exemplo de partilha do aprendizado, exorta a Timóteo que faça o mesmo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2.2). Longe de nós todo ciúme! Se temos um dom que pode ser compartilhado, que pode ser pedagogicamente transmitido a outros (escrever, cantar, tocar, desenhar, confeccionar, liderar, etc.), então sejamos mentores espirituais de outras pessoas. Sejamos rio e não represa!

2. Muitos outros homens habilidosos

Bezalel e Aoliabe não fizeram todo o trabalho artístico sozinhos. Seus nomes são citados como líderes ou “mestres” (Êx 35.35) dentre muitos outros varões os quais Deus também chamou e capacitou para aquele serviço. O próprio Deus diz a Moisés no Sinai: “Também dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam o que tenho ordenado…” (Êx 31.6b). Muitos outros hebreus que já realizavam algum trabalho artesanal, foram movidos para o trabalho no Tabernáculo, mas não sem se matricularem na escola de artes agora fundada por aqueles dois líderes. Sobre os professores daquela escola, as palavras de Moisés posteriormente são dignas de atenção: “[Deus] Também lhes dispôs o coração para ensinar os outros” (Êx 35.34). Que informação maravilhosa! Bezalel e Aoliabe não ensinaram apenas com razão, mas com paixão; não apenas a partir do que tinham na mente, mas do que vinha do coração! Noutras palavras, foram professores apaixonados pelo trabalho que faziam, partilhando amorosamente com outros hebreus o desenvolvimento e aperfeiçoamento de talentos para a obra do Senhor! Nas escolas em que os professores ensinam com o coração, alunos desejosos de aprender nunca faltarão! Não poderíamos afirmar o mesmo sobre a Escola Dominical?

Para glória de Deus e alegria de Israel, a escola de Bezalel e Aoliabe formou muitos artesãos habilidosos, que se engajaram alegremente na construção do santuário do Senhor; tão bem foram ensinados, que a execução do projeto se deu exatamente conforme tinham sido orientados por Moisés, segundo o modelo que avistou no monte: “Assim, trabalharam Bezalel, Aoliabe e todos os homens hábeis a quem o SENHOR tinha dado habilidade e inteligência para saberem fazer toda a obra para o serviço do santuário, segundo tudo o que o SENHOR havia ordenado” (Êx 36.1). A maior alegria de Deus é ver seus filhos em obediência; a maior alegria de um professor é ver seus alunos se conduzindo exatamente como os ensinou.

3. A força e delicadeza feminina

Aguerridas mulheres de Israel foram igualmente capacitadas pelo Senhor para se engajarem na obra da construção do santuário no deserto. Senão vejamos o que diz o texto bíblico: “Todas as mulheres hábeis traziam o que, por suas próprias mãos, tinham fiado: pano azul, púrpura, carmesim e linho fino. E todas as mulheres cujo coração as moveu em habilidade fiavam os pelos de cobra” (Êx 35.25,26). Embora não pudessem ser oficiais do culto judaico – o que era exclusivo dos homens da tribo de Levi –, as mulheres hebreias não estavam excluídas do serviço do Senhor. De suas mãos habilidosas, de suas mentes férteis, e de seus corações generosos, o Senhor tirou grande proveito para o santuário!

Há funções na família e na igreja local que desde cedo o Senhor delegou à figura masculina, e nenhuma mulher deve sentir-se diminuída pelas escolhas soberanas de Deus no arranjo da sociedade e da Igreja. Afinal, desde o Éden, Deus viu a necessidade de uma auxiliadora já que ao homem era impossível viver sozinho e cultivar sozinho a terra. As mulheres foram dotadas por Deus de muitas habilidades que são indispensáveis na obra do Senhor: quantas compositoras, cantoras, músicas, escritoras, desenhistas, professoras e líderes encontramos servindo a igreja Brasil afora! A sutileza, a organização e a perspicácia feminina são virtudes que inspiram a nós homens!

Reprovamos o feminismo, mas igualmente reprovamos o machismo! Se, por um lado, há posições que desde os primórdios da humanidade foram delegadas aos homens, por outro lado há atribuições que podem ser compartilhadas pelas santas mulheres de Deus mais do que o serviço na cozinha! Tomemos o exemplo de Frida Vingren, missionária sueca e esposa de Gunnar Vingren, também missionário sueco, pentecostal e fundador da igreja Assembleia de Deus no Brasil; Frida foi uma mulher que viveu à frente do seu tempo e deixou um grande legado à igreja pentecostal brasileira, desde trabalhos missionários à produção literária (artigos para jornais, Lições para EBD, tradução e composições de hinos, etc.). Em 1931 a irmã Frida escreveu esse chamado às mulheres assembleianas do Brasil:
“As irmãs das Assembleias de Deus que igualmente como os irmãos têm recebido o Espírito Santo e, portanto, possuem a mesma responsabilidade de levar a mensagem aos pecadores, precisam convencer-se de que podem fazer mais do que tratar dos deveres domésticos. Sim, podem também quando chamadas pelo Espírito Santo sair e anunciar o Evangelho” [1]

Estamos convencidos de que servas do Senhor das mais diversas denominações haverão de concordar com estas palavras. Deus também conta com as mulheres em sua obra! Se alguém tiver dúvida, leia o capítulo 16 de Romanos e veja quantas mulheres estavam engajadas no serviço cristão em Roma.

II. Cheios do Espírito, sabedoria, entendimento e ciência

O artesanato é aquele tipo de trabalho feito manualmente, utilizando-se matéria-prima natural; como tal, demanda atenção, delicadeza, habilidade e muita paciência. Estas são algumas virtudes necessárias ao bom artesão e certamente foram encontradas nos que foram escolhidos para trabalharem na construção do tabernáculo. Todavia, mais que isso, se fizeram necessárias dotações espirituais e até sobrenaturais para potencializar as aptidões já existentes e garantir a execução daquela obra santa.

1. Cheios do Espírito para realizar a obra

Todas as vezes que o Espírito é mencionado na Bíblia vindo sobre alguém ou enchendo alguém, nota-se que o texto bíblico sempre falará em algo que este alguém irá fazer como consequência desse investimento do Espírito. O Espírito nunca vem apenas para provocar uma boa emoção ou sensação; o Espírito não é dado para arrepio de pelos ou formigueiro nos pés! Quando o Espírito vem ele vem para mover-nos na direção de uma obra que precisa ser feita.


No deserto, o Espírito veio sobre Bezalel, Aoliabe e outros homens hebreus para fazê-los artesãos inspirados do Tabernáculo. Algum conhecimento eles já tinham do artesanato egípcio, que muito era devotado à produção de objetos para a idolatria, estampando rostos de deuses-animais do Egito. O próprio Moisés, que foi educado “em toda ciência dos egípcios” (At 7.22), devia conhecer da produção artesanal típica da terra dos faraós. Todavia, visto que a obra agora é santa, e para habitação de Yavé, o único e verdadeiro Deus, aqueles artesãos hebreus necessitariam da inspiração do Espírito, a fim de que nada fizessem que remetesse ao paganismo egípcio ou a uma nova forma de idolatria (como infelizmente vê-se no fatídico episódio do bezerro de ouro que construíram na ausência de Moisés – Êx 32, uma clara corrupção das habilidades naturais concedidas por Deus!). Enquanto fossem guiados pelo Espírito, a obra seria espiritual e bem-sucedida.

Algo aqui merece destaque: um trabalho que parecia ser meramente técnico fez-se necessitar do revestimento espiritual para que fosse levado a cabo. Sempre existiu e sempre existirão excelentes profissionais do artesanato no mundo, alguns descrentes e imorais e outros ateus; entretanto, para a obra do Senhor faz-se necessário essa dotação espiritual, essa sensibilidade para as coisas santas que somente o Espírito Santo pode acrescentar ao nosso coração, que é carnal e enganoso! (Jr 17.9). A obra de Deus não é para técnicos e burocratas, mas para homens e mulheres aliançados com Deus e revestidos pelo seu Espírito! O Espírito é o verdadeiro coach da Igreja! Ele quem “ensina todas as coisas” (Jo 14.26), e somente em consequência disso é que podemos ensinar aos outros, como fizeram Bezalel e Aoliabe.

Há quem pense que a Igreja precisa de mais métodos, de mais planos, de mais projetos, de mais customização, de mais marketing, de mais técnicas de crescimento… Eu direi do que a Igreja realmente precisa: da presença, do poder, da sabedoria e da vida do Espírito dentro dela! Igrejas sem a vida do Espírito chamarão os técnicos de motivação pessoal para falar aos seus membros sobre “as 10 regras para o crescimento pessoal, profissional e financeiro”, mas as igrejas que têm a vida do Espírito chamarão pregadores ungidos pelo Espírito para falar-lhe sobre o evangelho que transforma vidas e a única mensagem que pode mudar o mundo: a mensagem da cruz!

“Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18), e fazei toda a Sua vontade!

2. Habilidades especiais para obras especiais

Há muitas obras que podem ser desenvolvidas na e pela igreja local, como expressões da nossa adoração e da nossa missão. O Espírito Santo em sua multiforme graça nos capacita para que façamos o melhor, quer dotando-nos de novas capacidades, quer potencializando as capacidades que já desenvolvemos nalguma fase da vida ou desde o berço.

a) Na adoração: o Espírito tem dotado muitos com habilidades para composição de hinos, para a produção de instrumentos, para o canto, para a regência de corais, etc. Deus abençoe os líderes e os professores de música que dispomos na igreja, descobrindo e aprimorando outros talentos na casa do Senhor! Que igreja não tem um hinário?

Embora seja fato que todo ser que respira deve louvar ao Senhor (Sl 150.6), é igualmente verdade que fazer poesia não é para qualquer um! Compor “os mais belos hinos e poesias”, como dizia Frida Vingren, é realmente para quem Deus chama e capacita. Deus seja louvado por nomes de poetas clássicos como Lutero, John Newton e Charles Wesley e de poetas mais recentes como Emílio Conde, Paulo Leivas Macalão, Édison Coelho e tantos outros que compuseram com maestria belíssimas canções que enchem nosso coração de louvores a Deus!

b) Na missão: o Espírito tem dotado outros para a pregação, ensino, produção de livros e literatura tanto evangelística como devocional ou teológica. Há aqueles que ocupam púlpitos para pregar em grandes cruzadas evangelísticas, mas há aqueles responsáveis pela construção e ornamentação destes púlpitos onde os pregadores ministram, e o fazem alegremente para o Senhor, no mesmo intuito de verem almas se decidindo por Cristo à frente destes púlpitos. Há os que pregam através da exposição oral, fazendo explanação dos textos bíblicos; outros, porém, o fazem habilidosamente por meio da apologética em ambientes acadêmicos.

Mais artisticamente, há aqueles que com talento especial e inspiração divina fazem desenhos, ilustrações e gráficos que muito auxiliam o nosso entendimento na compreensão das Escrituras, da doutrina e da história, bem como nos disponibilizam recursos didáticos audiovisuais que muito auxiliam na eficácia de nossas aulas tanto na EBD como em seminários e faculdades teológicas. E o que dizer dos grupos de teatro que materializam porções das sagradas Escrituras, interpretando-as vividamente bem diante dos nossos olhos? Trago ótimas recordações de minha infância na igreja e de peças teatrais que assisti, dramatizando a vinda de Cristo e outros temas da fé; confesso ao leitor que eu mesmo já participei há alguns anos atrás, como também já dirigi algumas peças teatrais curtas e simples feitas para ilustrar temas bíblicos de grande relevância. Recordo-me dos rostos impressionados dos jovens, dos olhos esbugalhados das crianças, e das lágrimas correndo pela face das irmãs que se sentiam comovidas pela mensagem que muitas vezes passávamos em mímica (apenas com gestos, sem voz). Lembro-me de uma dramatização que fizemos ao ar livre, sobre o grande amor libertador e protetor do nosso Senhor Jesus!

A missão da igreja não se resume a duas horas de culto, nem também é cumprida somente pelos que falam ao microfone ou têm alguma habilidade para falar em público. Com um pincel, tintas e uma tela à sua frente, é perfeitamente possível, mesmo em silêncio, comunicar e exaltar a beleza e o amor do Senhor ao mundo!
III. Usando os talentos para a glória de Deus
1. Os talentos de Bezalel e Aoliabe

Não podemos estudar essa Lição e aplica-la apenas ao sentido da exposição oral das Escrituras ou dos meios mais tradicionais e conservadores de adoração e evangelização. Devemos encarar o fato de que as habilidades repartidas pelo Espírito aos artífices hebreus nada tinham a ver com a proclamação oral ou mesmo escrita dos mandamentos do Senhor. Na verdade, a proclamação oral da Lei do Senhor seria feita não pelos artesãos, mas pelos sacerdotes, e a produção literária estava por enquanto sob o encargo de Moisés, o redator e primeiro copista da Lei (futuramente, sob encargo dos sacerdotes e escribas). É bom que se ressalte isso especialmente para aqueles que pensam que “fazer a obra de Deus” resume-se a orar, pregar e cantar. Definitivamente não!

Há muitos dons naturais e sobrenaturais com que Deus nos tem dotado para adorarmos a Ele, expressarmos nosso louvor, gratidão e admiração por tudo o que Ele é, por tudo o que Ele tem e por tudo o que Ele faz. Seja através do artesanato de ornamentação, como na escola de Bezalel e Aoliabe, seja através das artes gráficas (escrevendo e desenhando), seja através das artes musicais ou cênicas (teatro, teledramaturgia, etc.), dentre outra infinidade de talentos (computação, marketing, arquitetura, oratória…), é possível materializarmos nosso louvor e nossa fé no Senhor Jesus, não só em ambientes eclesiásticos, mas em ambientes públicos ou privados, e não somente contribuindo para evangelização, mas para dignificação da pessoa humana e redenção dos dons que foram há muito maculados pelo pecado e dedicados à subversão. Visto que “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes…” (Tg 1.17), temos que devolver a Ele estes dons, expressando a beleza de seus atributos e de sua Criação.
2. Os talentos revelados na igreja

A Igreja deve ser propulsora e multiplicadora de talentos, e não repressora. Claro, isso não significa que toda expressão artística deva ser legitimada pela igreja local (o que dizer do estilo musical funk ou do forró eletrônico e suas batidas aceleradas, irreverentes e sensuais? Definitivamente não podem encontrar espaço entre os santos!), antes significa que a igreja deve perceber e aproveitar aqueles talentos que são legítimos, que e sirvam para “glória e ornamento”, semelhante as obras artesanais dos hebreus (Êx 28.2). Como sugerem Colson e Pearcey, “a igreja pode desempenhar um importante papel no apoio às artes ao envolver artistas nos seus cultos: elas podem convidar músicos para compor e tocar música; pedir a poetas e autores que criem apresentações de teatro para festas religiosas; encorajar artistas para desenhar faixas e boletins e outros trabalhos que embelezem o santuário” [2].

Ressalte-se que isso não significa também que no culto congregacional todo talento deva manifestar-se como um elemento do culto, afinal, ninguém espera que artistas plásticos comecem a fazer pinturas de quadros ou modelagem com argila durante o culto para demonstrar louvor a Deus (algumas igrejas mais sensíveis em seu conservadorismo estranhariam até mesmo apresentações de jograis ou os chamados “ministérios de dança”). Significa que na vida da igreja, isto é, do povo cristão, a multiforme graça de Deus deve estar presente nas e para além das atividades eclesiásticas. Há muitos talentos que podem ser manifestos no culto, enquanto outros se manifestam para o culto, quando, por exemplo, o templo é habilidosamente ornamentado para recebimento dos membros, congregados e visitantes.

Quanto ao uso dos nossos talentos fora do ambiente eclesiástico, lembro que não deixamos de ser membros da Igreja do Senhor quando estamos em nosso trabalho, em nossa faculdade, em nossa escola, em casa ou no lazer. Começando por nossas casas, valorizemos os “artesãos de Deus” do nosso tempo. Colson e Pearcey estimulam: “toda família cristã pode fazer da sua casa um lugar onde haja fomento da arte e da cultura. Quando as crianças estão rodeadas pelo que há de melhor em música, arte e literatura, elas crescem aprendendo a apreciar o melhor” [3].

3. A beleza na adoração

Em séculos passados, a beleza da arte produzida por cristãos na música, literatura, pintura, arquitetura e escultura, impressionou, influenciou e conquistou o mundo secular. Hoje, para tristeza nossa, é a sub-cultura popular, cheia de feiura, subversividade, sensualidade, extravagância e baixaria que tem influenciado e conquistado muitos cristãos. Senão vejamos, só a título de exemplo, as músicas gospel desprovidas de poesia e saturadas de obviedades e redundâncias (quando não de letras equivocadas, fruto de má interpretação bíblica), feitas às pressas para atender o mercado, sem nenhum compromisso com a “beleza da santidade de Deus” (Sl 29.2). Compositores profissionais descrentes têm ofertado músicas para muitos cantores evangélicos, que tendo seu discernimento ofuscado pela ganância da fama e da riqueza, não se importam de gravar qualquer cantoria, desde que agrade as tendências do mercado gospel. Esta é a nossa realidade, embora existam exceções: trocamos os valiosos talentos de que Deus nos havia dotado para “glória e ornamento” (Êx 28.2) do seu Reino por quinquilharias baratas e populistas, desprovidas de beleza e de glória.


Louvar é cantar a beleza do caráter de Deus, dizia C.S. Lewis. Se não temos ouro, prata, bronze, pano azul, púrpura, carmesim e linho fino, nem peles de carneiro ou madeira de acácia para oferecer a Deus, nem somos também o que se poderia chamar de habilidosos artesãos, então que pelo menos ofereçamos a ele louvores que verdadeiramente exaltem a beleza de seu caráter e de suas obras! Que aprendamos a cantar com os serafins: “Santo! Santo! Santo! É o Senhor dos Exércitos, toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). A música é a arte mais democrática, no entanto, aqueles que foram vocacionados especialmente para esta obra devem fazê-lo com excelência! “Buscai-me, pois, um homem que toque bem” (1Sm 16.17), creio ser este o chamado de Deus para compositores, cantores e músicos em nossos dias.

É triste, mas sobre grande parte (a maior parte, talvez) da produção artística evangélica atual pode-se dizer: “Icabode – se foi a glória de Israel!” (1Sm 4.21). César Moisés de Carvalho faz uma crítica contundente a essa realidade da falta de beleza na arte cristã popular:

é preciso ser sincero para assumir que muita coisa de arte (música, literatura) que supostamente é produzida para “glória de Deus” não passa de uma mistura de mau gosto com mediocridade, com finalidades (motivações e objetivos) e formas (mensagem e meios) bem mais seculares, ou seja, só visam ao enriquecimento pessoal e à autopromoção. [4]

Mais ainda dá tempo de recuperarmos a kabod, isto é, a glória divina; ainda dá tempo de lembrar onde caímos e voltar ao primeiro amor; ainda dá tempo de vivermos a redenção dos nossos dons; ainda dá tempo de consagrarmos a Deus tanto nosso coração como nossa mente, e então podermos dizer como os coraítas: “Lindas palavras comovem o meu coração; recitarei um belo poema a respeito do rei, pois minha língua é como a pena de um habilidoso escritor” (Sl 45.1, NVT). Aliás, não só os nossos talentos devem expressar beleza, mas nossa própria vida precisa carregar os traços do grande Pintor, o Tecelão do universo, o Oleiro que nos toma como barro em suas mãos, o nosso Deus criador e criativo! Nas palavras de Francis Schaeffer, “a vida do cristão deve ser uma obra de arte”.

Conclusão

Após esta aula, devemos estar conscientes de que ninguém é dispensável na obra de Deus, já que Ele tem dotado seu povo de muitos dons para o adorarmos, cumprimos nossa missão enquanto Igreja e servirmos o nosso próximo. Então, pergunte-se: qual o meu dom? O que me sinto habilitado a fazer? Não poderia eu usar minha aptidão para algum arte específica para promover a glória de Deus expressa na criação e em sua Palavra? Não poderia eu usar esta habilidade para ajudar minha igreja local? Será que não posso servir o meu próximo com este talento, levando dignidade e alegria ao outro, seja nas escolas, nos hospitais ou nas ruas? Como diz a primeira estrofe do hino 93 da Harpa Cristã,

Há trabalho pronto para ti, cristão
Que demanda toda a tua devoção;
Vem alegremente, a Cristo obedecer,
Pois só tu, ó crente, o poderás fazer

Amém.

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Referências

[1] Frida Vingren no artigo “Deus mobilizando suas tropas”, publicado em 1931 no jornal Mensageiro da Paz. Citado por Isael de Araújo, 100 mulheres que fizeram a história das Assembleias de Deus no Brasil, CPAD, p. 5
[2] Charles Colson e Nacy Pearcey. O cristão na cultura de hoje, CPAD, pp. 263,4
[3] op. cit, p. 264
[4] César M. Carvalho. Pentecostalismo e pós-modernidade, CPAD, p. 135

Fonte: Gospel Prime

sexta-feira, 12 de abril de 2019

ESTUDO BÍBLICO - O valor reconhecido às mulheres no Cristianismo


Todos que se dispõem a conhecer os escritos neotestamentários ficam maravilhados com as atitudes de Jesus para com certas estruturas da sociedade, uma vez que chamam atenção para a natureza de sua mensagem e de sua pessoa. Ao lermos os Evangelhos, percebemos que ele atentou para o fato de que as mulheres encontravam- se frequentemente em situações delicadas, em condições de subvalorização: “Tais conceitos não eram impostos pela lei judaica; eram proposições dos líderes religiosos. Contudo, como acontece ainda hoje, algumas opiniões pessoais haviam se tornado mais importantes que a própria lei” ( COLEMAN,1991,p.96).

A mensagem do Cristianismo sempre confrontou a postura de desigualdades e injustiças adotadas pelos povos, e a medida que ia avançando e alcançando pessoas, sua influência foi minimizando a forma nociva em que o contexto de então moldava a opinião de muitos. Os Evangelhos narram histórias que demonstram o modo como as culturas antigas degradavam rotineiramente as suas mulheres. Nas sociedades pagãs, por exemplo, durante tempos bíblicos, as mulheres muitas vezes eram tratadas com menos dignidade do que os animais. Alguns filósofos gregos mais conhecidos, considerados as mentes brilhantes daquela época, ensinavam que as mulheres eram por natureza criaturas inferiores.

“Em muitas sinagogas, elas não poderiam ler, nem ter nenhum outro tipo de atuação. Mas isso não impediu que mulheres como Ana, por exemplo, adorassem a Deus abertamente no templo( Lc 2.36,37). Havia ali uma área que era denominada o ” pátio das mulheres”. Contudo, no Santo dos santos, elas nunca poderiam entrar. Mas Jesus simplesmente ignorou essa atitude geral contraria a mulher, e deu início a uma era de total participação feminina. No seu reino, todas as pessoas tem acesso total a Deus.( COLEMAN, 1991, p.96).

Assim, desconstruindo discursos desonestos de pensamentos secularizados, a história e o Novo Testamento testemunham que nunca houve alguém que quebrasse tantos estigmas sociais contra as mulheres quanto Jesus. Em seus próprios ensinamentos ele se reportou ao contexto da vida diária das mulheres, valorizando-as, aceitando a presteza feminina a serviço do Reino de Deus em seus variados papéis como mães, irmãs, esposas, viúvas e servas. Sua conduta na missão de proclamar as Boas Novas, sempre esteve aliada a uma maneira terna de curar e tratar das necessidades espirituais e emocionais femininas.

“Jesus se interessa pelos detalhes de suas vidas pessoais. Ele se enche de compaixão e cura uma mulher tão encurvada que não poderia se endireitar( Lc 13.10-17).Presta atenção em uma viúva pobre, e como Senhor do templo, recebe sua oferta de duas pequenas moedas, sabendo que elas representam tudo o que ela possui ( Mc 12.41-44). Olha com carinho para os olhos marejados de Marta e Maria chorando com elas e com seus amigos na ocasião da morte de Lázaro, ele mesmo bramindo com angústia ao confrontar a morte para ressuscitar Lázaro dos mortos ( Jo 11.17-37). Jesus não usa as emoções para manipular, mas compartilha as dores e alegrias das mulheres a quem se reportou. Jamais confronta essas mulheres com ira, mas gentilmente fala com elas, usando as dificuldades da vida para lhes aumentar a fé nele mesmo. A vida diária se torna uma oportunidade para lições espirituais. Usa as dúvidas de Marta para esquadrinhar sua fé” Disse- lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, ainda que morra, viverá; e todo que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto? ( Jo 11.25,26).” (JONES, 2009.p.123).

Merece menção o fato de que em momentos destacados na história de Jesus, mulheres que o serviam naquela ocasião, testemunharam sua coragem, estando ao lado do Senhor em sua morte e sepultamento, e foram as primeiras participantes do gozo na evidência de sua ressurreição (Mc 15.40,41; 16.1-9).Jesus sempre tratou as mulheres com respeito, até mesmo aquelas que não tinham uma postura digna na sociedade ( Mt 9.20-22; Lc 7.37-50; Jo 4.7-27). Para com as mulheres, ele ainda ressuscitou seus filhos( LC 18.15-16), perdoou seus pecados ( Lc 7.44-48), e restaurou suas virtudes e honras( Jo 8.4-11).

Assim tem sido desde os tempos de Jesus, onde o Evangelho chega e predomina o status de qualquer indivíduo e elevado, seja no âmbito social ou espiritual. Do contrário, quando a mensagem do Evangelho é escondida pela opressão de falsas religiões, secularismo ou outras filosofias humanistas, consequentemente a posição da mulher é rebaixada.

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Por Fabiana Ribeiro
 
Fonte: CACP

domingo, 24 de março de 2019

ESTUDO BÍBLICO - 10 segredos para vencer o vício em pornografia e masturbação



Caro leitor, eu entendo seu problema. É um grande problema e tem atingido milhões de homens e mulheres atualmente. O inimigo de nossas almas tem agido fortemente nessa área e o mundo também tem favorecido que esse tipo de vício aconteça e se mantenha. Mas é possível sim vencer o vício em pornografia e masturbação, pois é o que a palavra de Deus nos ensina (1 Coríntios 10:13). Para tanto, vou compartilhar dez segredos que vão te ajudar a não ser mais um viciado em pornografia e masturbação e, assim, conseguir ter a capacidade e a força necessárias para domar a força do vício quando ele aparecer.

Dica 1 – Conheça como funciona seu vício
Todos os vícios têm um funcionamento bem parecido em nosso corpo e mente e é importante que o viciado conheça isso para que saiba lidar com as dificuldades que o vício provoca. Dentro de nosso cérebro existe um mecanismo de recompensa. O que significa isso? Por exemplo, quando comemos um chocolate ou fazemos algum exercício, substâncias são liberadas em nosso corpo que nos dão a sensação de prazer. Essa é a “recompensa” por fazermos aquela determinada coisa. Os vícios, em geral, agem nessa área do cérebro. A nossa área sexual nos dá muito prazer e, quando a estimulamos, esses mecanismos de recompensa provocam sensações deliciosas. Por isso, se masturbar é algo tão gostoso. E por ser gostoso seu corpo começa a desejar mais e mais desse prazer e você começa a ficar viciado nisso, desejando, se possível, ter toda hora essa sensação de bem-estar (custe o que custar). É nesse momento que ocorrem os desequilíbrios que nos prejudicam, pois, a força da vontade de ter o prazer nos faz usar o pecado como fonte desse prazer (acessando pornografia, por exemplo).

Dica 2 – Por que você acessa pornografia e se masturba?
Sempre existe um gatilho que te leva ao vício. Em pesquisas com dependentes químicos de drogas mais pesadas já foi descoberto que o gatilho para que as pessoas cheguem até essas drogas geralmente é uma droga mais “leve” como o álcool e o cigarro. Na masturbação acontece algo parecido, os gatilhos também estão ali. Muitas pessoas se masturbam e acessam pornografia freneticamente, pois estão muito ansiosas, passaram por decepções ou por verem diariamente imagens pornográficas. Esses são gatilhos que “disparam” o vício. Para vencer o vício em pornografia e masturbação é preciso identificar quais são esses gatilhos em sua vida.

Dica 3 – Tome atitudes contra os gatilhos que disparam seu vício
Identificados os gatilhos é hora de agir racionalmente contra eles. Imaginemos que você sempre se masturba quando vai tomar banho. A privacidade do seu banheiro, a água quentinha, a vontade de relaxar depois de um dia duro de trabalho, são os gatilhos que te levam a se masturbar e acessar a pornografia em sua mente. Para vencer esse gatilho você precisa interromper ou mudar algo nessa sequência de coisas que favorecem o seu vício. Tomar banho com a porta do banheiro aberta? Colocar um louvor no celular enquanto toma banho? Tomar banho na água fria? Talvez seja uma das possibilidades de quebrar esse ciclo. Outro exemplo: Você sempre cai na masturbação a noite, depois que todos foram dormir e você ficou acordado para assistir um pouco de tevê e relaxar e acaba acessando pornografia. Para quebrar esse gatilho evite ficar sozinho e peça para alguém colocar uma senha na tevê que não permita assistir programas para maiores de 18 anos. Não permita que os “gatilhos” do seu vício sejam acionados. Com isso você conseguirá vencê-lo com mais facilidade.

Dica 4 – Crie pequenas metas de resistência
Não é uma atitude muito inteligente achar que de hoje para amanhã conseguirá domar o seu vício para sempre. Para sempre é muito tempo. Por isso, faça pequenas metas de resistência que consiga cumprir. Que tal começar, por exemplo, com uma meta de uma semana sem acessar material pornográfico e se masturbar? À medida que ir conseguindo vencer as metas pequenas poderá ir ampliando-as e, assim, conseguirá criar novos hábitos que substituirão os antigos. No livro “O poder do hábito” o autor declara que um novo hábito demora cerca de 21 dias para ser formado e, assim, consegue substituir hábitos antigos.

Dica 5 – Não baixe a guarda diante de uma vitória
Vícios são traiçoeiros. Isso significa que se você der mole para ele, ele irá aparecer novamente e te escravizar de novo. Por isso, é muito importante que as metas de resistência sempre estejam em sua mente, funcionando e sem relaxamentos. Aqui cabe muito bem a palavra que Jesus disse aos seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26:41). A carne é fraca, mas a comunhão com Deus e a vigilância dão a capacidade a ela de resistir. Nunca menospreze seu inimigo, ele já te venceu uma vez e pode fazer isso novamente! Não baixe a guarda.

Dica 6 – Esteja preparado para uma possível queda
Eu já assisti palestras a respeito de trabalho com dependentes químicos e todos os profissionais são unânimes: a maioria dos viciados acaba “caindo” em algum momento do tratamento. Isso também pode acontecer com aquele que está lutando contra o vício em pornografia e masturbação. Se acontecer uma queda faça o que deve ser feito. Vista-se de humildade, compareça diante de Deus e peça perdão (1 João 1:9). Depois levante a cabeça, refaça seus planos e lute decidido para que novas quedas não aconteçam. Quando Jesus perdoava alguém ele costumava dizer para essa pessoa: “Vá e não peques mais”. É isso que Deus quer de nós, nos restaurar e nos fazer crescer.

Dica 7 – Aprenda com as quedas
Caso você perder alguma batalha para o vício em pornografia e masturbação em meio à guerra que está travando, não permita que essa queda seja simplesmente uma queda. Aprenda com ela. Como um guerreiro que analisa o inimigo, analise como poderá não permitir que a causa da queda aconteça novamente. Trace novas metas, novos rumos, novas estratégias. Não fique chorando pelos cantos, pois isso não te ajudará em nada na batalha! Tente usar a queda para fechar mais uma brecha que existia em sua vida e aprenda como não deixar que o inimigo use essa mesma brecha para te fazer “cair” novamente.

Dica 8 – Coloque a sua comunhão com Deus em dia
Um dia um sábio disse que dentro de cada um de nós existe um lobo bom e um lobo mau. Um dos discípulos lhe perguntou qual deles era o mais forte. O sábio respondeu que era aquele que era mais bem alimentado. Alimente-se com “vitamina” pura vinda de Deus. É assim que você fica fortalecido para lutar e vencer. Comunhão com Deus ajudará e muito a vencer o vício em pornografia e masturbação, pois trará Deus para a “briga”. Deus vai te ajudar e, então, você será mais forte do que qualquer inimigo! Ore, leia a Bíblia, jejue, sirva o próximo, pratique a palavra de Deus. Mantenha sua vida espiritual nutrida.

Dica 9 – Cuidado com os seus olhos
Hoje não precisamos de muito esforço para estar diante de pornografia. Às vezes, até saindo as ruas acabamos nos deparando com ela. Homens e mulheres muitas vezes usam vestimentas tão curtas que são bem semelhantes ao que se vê nas peças pornográficas. Por isso, cuidado com os olhos. Seja prudente. Paulo nos orienta algo interessante: “fugi da impureza” (1 Coríntios 6:18). Normalmente fugir de algo parece coisa de covarde, mas não quando enfrentamos as tentações. Nesse caso, fugir significa se preservar. Se um leão viesse em sua direção e você tivesse como fugir dele não o faria? E tenho certeza que ninguém te chamaria de covarde por fugir de um leão. A mesma coisa contra o vício em pornografia e masturbação. É um leão que quer te devorar, então, treine seus olhos a fugir de tudo aquilo que te leva de volta ao vício. Fuja quando perceber que está sendo tentado e quando a vontade do vício aparecer.

Dica 10 – Se não estiver conseguindo procure ajuda
O que é melhor, ficar destruído por causa de um vício ou admitir que não está conseguindo e pedir ajuda e vencer? Aquele que é sábio certamente vai escolher a segunda opção, pois é a saída para a vitória. Se você já tentou de tudo, mas sem sucesso, gostaria de deixar um versículo e um conselho a você. Primeiro o versículo: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:16). A ajuda é muito importante. Agora quero deixar a você um conselho.

Autor: Alemar Quintino

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

ESTUDO BÍBLICO - A Verdade Sobre a Quebra de Maldições



O EVANGELHO DA MALDIÇÃO
Uma das distorções doutrinárias mais difundidas entre o povo de Deus ultimamente é o ensino das “maldições hereditárias”, conhecido também como “maldição de família ou “pecado de geração”. Estes conceitos circulam bastante através da televisão, rádio, literatura e seminários nas igrejas. Muitos líderes, ministérios e igrejas, antes sólidos e confiáveis, acabaram sucumbindo a mais esse ensino controvertido e importado dos Estados Unidos.

Os pregadores da maldição afirmam que se alguém tem algum problema relacionado com alcoolismo, pornografia, de­pressão, adultério, nervosismo, divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum antepassado viveu aquela situação ou praticou aquele pecado e transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente.A pessoa deve então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a geração no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se perdão por aquele antepassado ou pela geração revelada e o problema estará resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.

Marilyn Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no Brasil em conferências da Adhonep (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno), promove constantemente este ensino. Note suas palavras:

Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingi­da pelo diabo através das maldições de geração. Os pecados dos pais podem passar de uma a outra geração, e assim consecutiva­mente. Há na sua família casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são algumas das características que fazem parte da maldição hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!

Um dos textos bíblicos mais usados pelos pregadores da maldição hereditária para defender este ensino é Êxodo 20:4-6: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.

É preciso que se leve em consideração o assunto do texto aqui citado. De que trata, afinal, tal passagem? Alcoolismo, pornografia, depressão, ou problemas do gênero? É óbvio que não. O texto fala de idolatria e não oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos maldições espirituais de nos­sos antepassados em qualquer área das dificuldades humanas.

A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23:7, 8, quando Balaque pediu a Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece no versículo 23: “Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por outro lado, sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou exposta a maldição, calamidades e cativeiro.

É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a possibilidade de colher o que seus pais colhe­ram. Os pais que vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será segui­do por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Isso poderá suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus e entre num relaciona­mento de amor com ele através de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é a manifestação da sua ira. Note que,. no final do versículo cinco do capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se passa com o cristão.

A Bíblia ensina uma responsabilidade individual pelo pecado, como pode ser observado no livro do profeta Ezequiel:

“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:1-4). Seria o mesmo que afirmar nos dias atuais: os pais comeram chocolate e os dentes dos filhos criaram carie.

O capítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado um costume em Israel colocar a culpa dos fracassos pessoais nos antepassados ou em outros. Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim do Éden, quando, por ocasião da Queda, o homem colocou a culpa na mulher e a mulher na serpente. Parece ser próprio do ser humano não admitir seus erros, buscando evasivas para não tratá-los de forma responsável à luz da Palavra de Deus. Infelizmente, alguns acham mais fácil culpar os antepassados do que enfrentar suas tentações.

O ensino da maldição de família mais escraviza do que liberta. Até crentes que há vários anos viviam alegres, evangelizando, servindo ao Senhor e dando frutos, agora estão preocupados, deprimidos, pensando que talvez as tentações, as dificuldades e lutas pelas quais estão passando sejam de fato reflexo de pecados ou do comportamento dos seus ancestrais. Não faz muito tempo, numa grande igreja pentecostal, um diácono, que havia participado de um desses seminários para quebra de maldições hereditárias, me procurou para aconselhamento. Tal irmão encontrava-se confuso e deprimido com as informações que recebera e queria saber o que a Bíblia tinha a dizer sobre tudo isso. Depois de uns dez minutos de conversa, ele respirou aliviado. Temos encontrado e ajudado a muitos outros em situações semelhantes pelos lugares por onde passamos, em diferentes partes do Brasil.

Ora, todo cristão é tentado, de uma forma ou de outra, uns mais, outros menos. Se um cristão enfrenta problemas em relação à pornografia, ao alcoolismo, ao adultério, à depressão ou a qualquer outro aspecto ligado às tentações, os métodos para vencer tais lutas devem ser bíblicos. O caminho para a vitória tem muito mais a ver com a doutrina da santificação, com o cultivo da vida espiritual através da oração, do jejum, da comunhão saudável numa determinada parte do Corpo de Cristo e do contato constante com a Palavra de Deus. O ensino da quebra de maldições hereditárias aparece como um atalho mágico e ilusório para substituir a doutrina da santificação, que é um processo indispensável a ser desenvolvido pelo Espírito Santo na vida do cristão, exigindo dele autodisciplina e perseverança na fé.


DOENÇA OU MALDIÇÃO?

Um outro aspecto incorreto desse ensino é confundir as doenças transmitidas por herança genética com maldições hereditárias espirituais. Isto pode ser observado nas declarações de Marilyn Híckey:

Será que você já observou uma família na qual todos os membros usam óculos? Desde o pai e a mãe até a criança menor, todos es­tão usando óculos, e geralmente os do tipo de lentes grossas. Es­sas pobres criaturas estão debaixo de uma maldição, e precisam ser libertas.

Não se pode construir uma doutrina em cima de uma observação, experiência ou somente porque uma família toda usa óculos! Existem muitas famílias em que apenas um ou outro membro usa óculos. O que aconteceu? Por que só alguns herdam a maldição e outros não? E se as doenças são maldições transmitidas de pais para filhos através dos genes (geneticamente), por que os pregadores dessa doutrina não quebram, por exemplo, a maldição da calvície, transmitida geneticamente? Até hoje não há notícia de que alguém tenha feito isso.

O Senhor Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o cego de nascença: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”, ele respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3). Alguns usam este texto para afirmar que os discípulos acreditavam na maldição de família, procurando dar assim legitimidade a tal ensino. É preciso lembrar que os discípulos nem sempre estiveram certos no período de treinamento que passaram juntos a Jesus. Certa vez, em alto-mar, quando Cristo se aproximava, eles pensa­ram ser ele um fantasma (Mt 14:26). Felizmente, os discípulos estavam errados em suas conclusões, pois eram humanos, sujeitos a erros. É óbvio que não erraram quando falaram e escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Quanto ao cego de nascença, Jesus destruiu qualquer superstição ou crença que os discípulos pudessem ter de que a cegueira fora provocada pelos pecados de seus antepassados, e o próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina.

Tal ensino não encontrou espaço também nos escritos do apóstolo Paulo. Ao contrário, quando escreveu aos coríntios pela segunda vez, declarou com muita certeza: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5:17). Aos efésios, ele afirma: “Bendito o Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Onde existe espaço para maldições na vida de um cristão diante de uma declaração como esta?

Paulo não se deixou prender ao passado. Quando escreveu aos crentes de Filipos, declarou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:13, 14).

É importante observar a sugestão do apóstolo Paulo a Timóteo, quando lhe escreveu a primeira carta: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Tm 5:23). Paulo nunca insinuou que a enfermidade de Timóteo fosse uma maldição de seus antepassados, pois sabia que Timóteo vivia numa natureza afetada pela desobediência dos primeiros país (Adão e Eva). Apesar de o Reino de Deus estar entre nós, ele ainda não chegou à sua plenitude, pois até a criação geme, aguardando ser redimida do cativeiro da corrupção (Rm 8: 19-23). Paulo apenas sugeriu que Timóteo tomasse um pouco de vinho como um remédio para suas freqüentes enfermidades estomacais e não que fizesse a quebra das maldições hereditárias.


A CONVERSÃO É A SOLUÇÃO

Ensinar que um cristão tem que romper com maldições ou pactos dos antepassados pedindo perdão por eles é minimizar o poder de Deus na conversão. Isso está mais para o espiritismo ou mormonismo (com sua doutrina antibíblica do batismo pelos mortos) do que para o cristianismo. A Bíblia de­clara com muita ousadia: “Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). O advérbio “totalmente” (panteles, no grego) tem o sentido de pleno, completo e para sempre. Jesus não salva em prestações, mas de uma vez por todas.

Marilyn Híckey chega a afirmar que: “Você pode decidir quanto ao destino exato da sua linhagem. Eles ou vão para Jesus, ou vão para o diabo”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Quantos filhos há que hoje vivem uma vida cristã exemplar, são cheios do Espírito Santo, enquanto seus pais permanecem alheios ao Evangelho, rejeitando constante­mente a palavra de salvação e até tentando dificultar-lhes a vida espiritual! Comigo também foi assim. Ai de mim se fosse esperar meu pai decidir sobre o meu futuro espiritual. Não sei onde estaria hoje.

É claro que os pais têm grande influência na formação espiritual dos filhos, mas o milagre da salvação é obra de Deus, e é pela graça que somos salvos (Ef 2:8, 9). É o Espírito Santo, o Consolador, quem convence o coração do pecado, da justiça e do juízo, como o próprio Senhor Jesus disse (Jo 16:7, 8). Paulo relatou aos gálatas que foi Deus quem lhe revelou seu Filho (Gl 1:15, 16). Assim, a salvação é uma revelação de Jesus Cristo em nossos corações, e não algo decidido somente pelos pais.

Observe o que aconteceu com os filhos de Samuel, um profeta de Deus e um homem íntegro, como pode ser observado em 1 Samuel 3:19 e 12:3. Apesar da integridade do pai, a Bíblia diz que seus filhos não andaram pelos caminhos dele:

“antes se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos e per­verteram o direito” (1 Sm 8:3).

Veja os reis de Israel e Judá. A narrativa do Antigo Testamento revela que muitos deles foram ímpios e tiveram fi­lhos piedosos, enquanto outros foram piedosos e tiveram fi­lhos ímpios. Eis alguns exemplos: Abias foi mau (1 Rs 15:3), mas seu filho Asa “fez o que era reto perante o SENHOR” (1 Rs 15:11). Jotão “fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs.15:34), porém Acaz, seu filho, “não fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs 16:2). Jeosafá agradou a Deus (2 Cr 17:1-4), enquanto Jeorão, seu filho, “fez o que era mau perante o SENHOR” (2 Cr 2 1:6). Assim, a seqüência de bondade ou maldade que deveria suceder na linhagem dos reis de Israel e Judá, de acordo com o que ensinam os pregadores da maldição de família simplesmente não aconteceu. A esses exemplos certamente não se poderia aplicar o provérbio: “Tal pai… tal filho”.

Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo escreveu aos irmãos de Corinto, na sua primeira carta, uma palavra tremendamente elucidativa quanto a esta questão: “Ou não sabeis que os in­justos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6:9-11; leia também Gl.5:17-21).

Pode-se notar que Paulo não afirmou no versículo onze:

“Mas haveis quebrado as maldições hereditárias, mas haveis pedido perdão pelos pecados dos antepassados” ou algo similar. Não, de modo algum, este não é o seu pensamento. Paulo afirma que aqueles que estiveram presos nos pecados ha­viam sido lavados, haviam sido santificados e justificados, sem qualquer necessidade de quebrar maldições dos antepassados.

Cabem aqui algumas perguntas: Qual é a maior das maldições? Sem dúvida é estar fora de Cristo. Qual a maior das bênçãos? Certamente é o estar em Cristo. Como se elimina a maior das maldições? Introduzindo a maior das bênçãos.

Os pregadores da maldição hereditária não deveriam pedir perdão pelos pecados da décima, nona, oitava ou de qualquer outra geração, mas deveriam, sim, pedir perdão pelos pecados de Adão e Eva, pois se houve brecha, foi ali, na queda do jardim do Éden, onde as maldições tiveram início. Ali está a raiz do problema. Isso, sim, seria um trabalho per­feito e completo. O leitor já imaginou se funcionasse? De repente, ninguém mais precisaria trabalhar para ganhar o pão, a mulher não sofreria mais ao dar à luz e os espinhos desapareceriam da Terra. É claro que não funciona, pois tal ensino não tem base na Palavra de Deus.

TEXTOS MAL INTERPRETADOS

Espíritos Familiares

Para defender o ensino da maldição hereditária, seus prega­dores usam a expressão “espíritos familiares”, tradução de Levítico 19:31 e de outras passagens na Bíblia em inglês do Rei Tiago (King James Version). Observe o comentário de Marilyn Hickey quanto a isso:

O que são “espíritos familiares”? São maus espíritos decaídos que se tornaram familiares numa família. Eles a seguem, com suas fraquezas — pecado físico, mental, emocional — por todo caminho, atacando e tentando cada membro seu naqueles aspectos, pois estão cientes de suas inclinações. “Marilyn, como é que você sabe disso?” Porque o Antigo Testamento fala acerca dos “espíritos familiares” (Versão King James).

Usando o mesmo argumento, um certo autor comenta:

Nas traduções em português, usamos as palavras necromantes, adivinhadores e feiticeiros. Mas em inglês usa-se o termo espíritos “familiares” e é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração. Há um acompanhamento, por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.

Defender um ensino controvertido com base na tradução de uma Bíblia em inglês (Versão do Rei Tiago) é algo inaceitável à luz da hermenêutica e da exegese bíblica. É preciso ter em mente que a Bíblia Sagrada não foi escrita em inglês. Para se entender o texto bíblico, é necessário que se faça a tradução e interpretação com base na língua em que ele foi escrito. No caso do Antigo Testamento, o hebraico, e não o inglês. Ao afirmar: “Mas em inglês se usa o termo espíritos familiares, e é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração”, o autor demonstra exata­mente o contrário: não ter base bíblica para tal ensino.

Robert L.Alden, Ph.D., professor do Velho Testamento no Seminário Teológico Batista Conservador de Denver, Estado do Cobrado, nos Estados Unidos, esclarece:

A palavra ‘ob aparentemente se refere àqueles que consultavam os espíritos, pois 1 Samuel 28 descreve alguém assim em ação. A famosa “feiticeira” de Endor é uma ‘ob. Ao povo de Deus foi ordenado ficar longe de tais ocultistas (Levítico 19:31). A punição por se envolver com tais “médiuns” era morte por apedrejamento (Levítico 20:27). Naturalmente ‘ob é incluída na lista de abominações semelhantes em Deuteronômio 18:10,11. Todas essas ocupações têm a ver com o ocultismo. Isaías desconsidera estes “necromantes” e sugere, pela sua escolha de palavras, que os sons dos espíritos assim emitidos não são nada mais do que ventriloquismo: “os necromantes e os adivinhos que chilreiam e murmuram” (Isaías 8:19).

É importante observar ainda que a Septuaginta (a versão grega do Antigo Testamento) emprega o termo eggastrímithoi (ventríloquo) para traduzir a palavra ‘ob de Levítico 19:31. A Bíblia informa em 1 Samuel 28:3 que Saul havia banido de Israel os adivinhos e os encantadores e não os espíritos familiares. Assim, a palavra hebraica ‘ob significa o “vaso” ou instrumento dos espíritos, portanto o médium ou necromante, conforme aparece na maioria das traduções da Bíblia, não oferecendo tal vocábulo base para quebra de maldições hereditárias na vida do cristão.

A crença de que a violência é provocada por espíritos familiares também não tem base bíblica. O apóstolo Paulo foi um homem violento. A Bíblia diz que “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas, e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8:3). O apóstolo João, antes de se tornar o discípulo do amor, não hesitava em dar vazão à sua ira. Certa vez ele chegou a desejar que caísse fogo do céu para consumir os samaritanos que se recusaram a receber Jesus (Lc 9:52-54). Como abandonou Paulo sua violência e João deixou de ter um espírito ou temperamento vingativo? Sem dúvida, através da conversão e do viver com Cristo foi que eles foram transformados e libertos, e não através da quebra de maldição de família, algo que nunca fez parte de seus escritos.

ARVORE GENEALÓGICA

Embora haja quem sugira às pessoas para que desenhem árvores genealógicas a fim de facilitar a quebra das maldições, tal prática não encontra apoio na Bíblia. É verdade que encontramos genealogias nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, as quais tinham a intenção de apresentar a linhagem de Jesus como o Messias de Israel. Não há, depois disso, em todo o Novo Testamento, preocupação com tal ensino. Ao contrário, o apóstolo Paulo até recomendou a Timóteo e a Tito que não se envolvessem com esse assunto (1 Tm 1:4 e Tt 3:9). Os mórmons, sim, na tentativa de resolver os problemas espirituais de seus falecidos através do batismo pelos mortos (uma prática antibíblíca), gastam muito tempo e dinheiro com genealogias, contrariando assim as Escrituras Sagradas.

Há os que dizem que devemos pedir perdão pelos pecados de P. C. Farias e de políticos acusados como corruptos. Outros estão sugerindo que, ao se encontrar uma pessoa negra na rua, deve-se chegar a ela e pedir perdão pelos pecados dos que promoveram a escravidão no Brasil. Há até aqueles que afir­mam que os carros roubados no Brasil e levados ao Paraguai são uma maneira de Deus fazer os brasileiros pagarem aos paraguaios pelo mal que lhes fizeram em guerras passadas. Que absurdo!

Os que isto sugerem gostam de citar as orações de Esdras (capítulo nove), Neemias (capítulo nove) e Daniel (capítulo nove), em que eles fizeram confissão a Deus, citando os pecados de seus antepassados. Sabemos que as bênçãos do anti­go pacto eram condicionadas à obediência do povo de Israel. Quando desobedecia, as maldições de Deus vinham sobre ele. Esdras, Neemias e Daniel de fato reconheceram o pecado de seus antepassados, mas pediram perdão pelos pecados do presente, da geração atual. Embora seja possível alguém sofrer as conseqüências dos pecados de terceiros, o mesmo não acontece com a culpa. A Palavra de Deus não culpa ninguém pelos pecados dos outros. A Bíblia em nenhum lugar ensina a interceder por quem já morreu, uma vez que após a morte segue-se o juízo, não oração ou pedido de perdão pelos mortos (Hb 9:27).

É preciso lembrar ainda que, à luz da Bíblia, ninguém pode se arrepender por outra pessoa. O arrependimento é algo pessoal, que se faz diante de Deus. A idéia de que “temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles antepassados cometeram, e quebrar os pactos que fizeram”, contradiz a Palavra de Deus, que afirma: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).


PROVÉRBIOS 26:2

Eis aqui outro texto freqüentemente mal usado pelos prega­dores da maldição de família. Allen P Ross comenta que era comum acreditar que as bênçãos e as maldições tinham existência objetiva — uma vez proferidas, produziam efeito. Ele acrescenta: “As Escrituras esclarecem que o poder de amaldiçoar e de abençoar depende do poder daquele que está por trás dele (por exemplo, Balaão não pôde amaldiçoar o que Deus havia abençoado; Nm 22:38 e 23:8). Este provérbio re­alça a correção da superstição. A Palavra do Senhor é pode­rosa porque é a Palavra do Senhor — ele a cumprirá”.12 Nota-se então que não existe base para se usar tal texto a fim de defender a transferência de maldições de geração em geração.

MALDIÇÃO DE NOMES PRÓPRIOS

É o que ensina o livro Bênção e Maldição quando afirma:

A verdade é que há nomes próprios que estão carregados de mal­dição —já trazem prognóstico negativo (…) Por isso não convém dar aos nossos filhos nomes que tenham conotação negativa, que expressem derrota, tristeza, dureza: Maria das Dores, Mara (amargura), Dolores (dor e pesar), Adriana (deusa das trevas), Cláudio (coxo, aleijado), Piedade, Aparecida (sem origem, que não se sabe de onde veio).

Este é mais um ensino que vem acrescentar cargas desnecessárias sobre os crentes que passam a acreditar nele. Existem muitas pessoas hoje vivendo preocupadas devido ao nome que receberam ao nascer, algo sobre o que não tiveram controle e nem escolha. E, de novo, não há base bíblica para isso.

É verdade que há na Bíblia alguns nomes de pessoas que corresponderam às suas personalidades e às circunstâncias em que viveram. O próprio Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, que significa “pai de uma grande multidão”. (“A mudança de Abrão para Abraão teve por fim reforçar a raiz da segunda sílaba para dar maior ênfase à idéia de exaltação”, J. D. Davis, Dicionário da Bíblia, p. 11.) Jacó significa “usurpador”, e ele assim se comportou por um bom período de sua vida, O legislador de Israel recebeu o nome de Moisés por que foi salvo das águas. Contudo, não se pode criar uma regra baseada em tais exemplos pelas razões que veremos em seguida.

A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas ímpias com nomes de bons significados, enquanto outras são boas, mas com nomes de significados nada recomendáveis. Veja o caso de Abias, que quer dizer “Jeová é pai”, filho de Samuel, um homem de Deus. Apesar de ter um bom nome e um bom pai, a Bíblia diz que ele não andou nos caminhos de Samuel e se corrompeu (1 Sm 8:3).

Já Absalão quer dizer “pai da paz”. Embora tendo um nome tão pacífico, ele tentou usurpar o trono de seu pai Davi, teve uma vida turbulenta e morreu de forma trágica (2 Sm.3:3; 13-19).

Daniel e seus amigos tiveram os nomes mudados pelo rei de Babilônia (Dn 1:7). Mesmo depois de receberem nomes ligados a deuses pagãos, isso não impediu que desfrutassem da bênção de Deus e permanecessem firmes na fé em Jeová. Logo, pode-se notar que o nome não influiu em nada.

Judas quer dizer “louvor”, um significado muito piedoso, mas isso não impediu que ele traísse o Senhor (Mt 26:48,49). Por outro lado, um outro Judas foi fiel e deixou uma carta es­crita no Novo Testamento.

Bar-Jesus é um nome fantástico, que quer dizer “filho de Jesus”. Apesar do nome, ele era um mágico, um falso profe­ta, e resistiu a Paulo quando este pregava ao procônsul Sér­gio Paulo (At 13). Apenas o nome não faz o homem. Se fizes­se, as prisões no Brasil não estariam cheias de presidiários chamados de Abel, Moisés, Isaías, Daniel, Pedro, Lucas, Pau­lo e outros nomes bíblicos.

Há também homens e mulheres na Bíblia que serviram a Deus fielmente e foram vencedores na fé cristã, apesar dos nomes que tiveram com significados nada recomendáveis.

Apolo foi um homem de Deus, poderoso nas Escrituras (At 18:24-28), mas seu nome significa “destruidor”.

Hermes é um dos irmãos a quem Paulo envia saudações cristãs (Rm 16:14), porém seu nome é de um deus mitológico.

O interessante é que Paulo nunca instruiu esses irmãos para que fizessem oração de renúncia pelos nomes que pos­suíam, pois eles terão um novo nome no céu (Ap 2:17).

Alguns crentes até dão testemunho em público depois de pensar que foram bem-sucedidos ao amaldiçoar uma pessoa, uma empresa ou organização. Contam, por exemplo, que por não terem sido bem servidos num restaurante, o amaldiçoa­ram e o restaurante faliu. A Bíblia, porém, ensina que o cris­tão não deve amaldiçoar, mas, sim, abençoar. Ouçamos o conselho de Paulo: “Abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm 12:14).

Alguns têm dito que a quebra das maldições hereditárias é bíblica, já que deu certo ou funcionou para um ou outro. O fato de ter dado certo não quer dizer que seja bíblica. Há mui­ta coisa que funciona no espiritismo, na umbanda e na Ciência Cristã que nem por isso é bíblica. Geralmente, as distorções no seio da Igreja são muitas vezes baseadas apenas nas experiências, no subjetivo. Ora, não importa quão maravilhosa tenha sido a experiência; se ela contradiz as Escrituras e não tem base na Palavra de Deus, deve ser rejeitada, prevalecendo somente a Bíblia Sagrada, única regra de fé e prática para o cristão.

PODE UM CRISTÃO TER DEMÔNIOS?

Um dos temas mais polêmicos que a batalha espiritual tem gerado é se um cristão pode ter demônios. Muitos ministérios de libertação incluíram algum ritual para expulsar demônios de crentes em seus programas e isso tem acontecido em simpósios de batalha espiritual em muitas igrejas. Alguns teólogos também passaram, nos últimos anos, a aderir a tal posição e muitos deles reconhecem que o assunto é controvertido. De qualquer forma, a Bíblia Sagrada tem a palavra final sobre esta questão ou sobre qualquer outro assunto relacionado com a vida espiritual e o cristão.

Merrill F. Unger, um autor lido e seguido por várias pessoas que hoje desenvolvem ministérios de libertação espiritual no Brasil, reconhece a dificuldade de se tratar do assunto, ao declarar: A verdade da questão é que as Escrituras em nenhum lugar declaram que um verdadeiro crente não pode ser invadido por Satanás ou seus demônios. Naturalmente, a doutrina deve sempre ter precedência sobre a experiência. Nem pode a experiência jamais oferecer base para a interpretação bíblica. Apesar disso, se experiências consistentes chocam com uma interpretação, a única conclusão possível é de que há alguma coisa errada, ou com a própria experiência ou com a interpretação da Escritura que vai contra ela. Certamente a Palavra inspirada de Deus nunca contradiz a experiência válida. Aquele que procura a verdade com sinceridade deve estar preparado para consertar sua interpretação a fim de traze­la em conformidade com os fatos como eles são.

Unger já ensinou e escreveu, no passado, que somente os incrédulos estão sujeitos a endemoninhamento ou possessão demoníaca. Mais tarde ele mudou de idéia, e diz por que:

Em Biblical Demonology (Demonologia Bíblica), publicado primeiramente em 1952, a posição tomada era de que somente os incrédulos são expostos ao endemoninhamento. Mas, através dos anos, várias cartas e relatórios de casos de invasão demoníaca de crentes têm chegado a mim de missionários em várias partes do mundo. Como resultado, em meu estudo sobre a explosão atual do ocultismo intitulado Demons in the World Today (Demônios no Mundo de Hoje), que apareceu em 1971, a confissão é feita livre­mente de que a posição tomada no Biblical Demonology (Demonologia Bíblica) “foi assim entendida, pois a Escritura não resolve claramente a questão”.

Há alguns problemas com as declarações de Unger. Primeiro, ele diz que a Bíblia não afirma com clareza que um cristão não pode ser invadido por demônios. Ora, se a Bíblia não diz isso com clareza (o que não é verdade), como pode alguém então afirmar e ensinar sobre aquilo que não está claro na Palavra de Deus? Seria o mesmo que tentar ensinar escrever sobre o sexo dos anjos quando a Bíblia nada fala a questão. Se a Bíblia não é clara sobre a possessão de crentes, como pode alguém desenvolver então, biblicamente, uma prática de expulsar demônios de crentes? Simplesmente ­impossível.

Pode-se perceber também que Unger, que no passado ensinava que crentes não podiam ficar possessos, depois mudou de posição. A mudança veio não pela avaliação bíblica, mas, como ele mesmo conta, através de cartas e relatórios de missionários baseados em experiências dos campos de missões. Mas Unger não está só ao basear a possessão de crentes em experiências e não na Bíblia. Veja a opinião de Bill Subbritzky sobre o assunto: “Pode um cristão ter demônios? A resposta é enfaticamente sim! Se você tem sido informado de que isso não acontece, continue lendo e deixe o Espírito Santo guiá-lo nesta questão. Estou ciente do muito que se tem ensinado a respeito de os cristãos não poderem ter demônios. Contudo, através de minha experiência no ministério há quatorze anos, constatei que tal opinião é totalmente incorre­ta”.

Uma autora no Brasil demonstra ter também opinião semelhante ao declarar:

Muitos defendem que, uma vez que o crente é habitação do Espírito (1 Coríntios 6:19), torna-se impossível um demônio habitar onde o Espírito habita (…) o fato de o nosso corpo ter-se tornado o templo do Espírito Santo não quer dizer que jamais poderá ser ocupado por maus espíritos. Não deveria, mas é possível (…) To­dos quantos se envolvem no ministério de libertação testemunham a manifestação de demônios em cristãos.

Certa líder na área da batalha espiritual segue a mesma linha desses autores e conclui:

Se partirmos do pressuposto de que os crentes não podem ter demônios ou não podem ficar endemoninhados, corremos o risco de deixar muitos crentes opressos dentro da igreja, vivendo uma vida de grande prisão, mornidão, com uma dificuldade tremenda para crescer. Afinal, o inimigo deseja uma vida cristã medíocre. E aqui é preciso esclarecer a questão da terminologia usada. De acordo com dezenas de estudiosos do grego, daimonozomenai significa “ter demônios” e é melhor traduzido pela palavra “endemoninhado”, nunca possesso, pois no Novo Testamento não vemos o

uso do termo (…) Endemoninhado tem um significado lato, indicando o estado da pessoa que tenha um demônio ou até muitos demônios perturbando ou oprimindo sua vida. Quanto ao local onde ele fica, não é o mais importante. Ele pode ficar no corpo, fora do corpo, na alma da pessoa.”(Neuza Etioka).

Dois outros autores norte-americanos, John e Paula Sanford, acrescentam também:

Há aqueles que crêem que o cristão cheio do Espírito Santo não pode ser ocupado pelo poder demoníaco. Temos descoberto que isto não é um fato histórico, ainda que a teologia diga que o Espírito Santo e os demônios não podem habitar a mesma área. E o que tem acontecido. Temos expulsado demônios de centenas de crentes cheios do Espírito Santo, alguns deles não apenas cheios do Espí­rito Santo, mas poderosos servos do Senhor! Como isso acontece eu não posso explicar, mas tem sido para nós um fato incontestável de muitos anos de experiência exaustiva.’

Este é o segundo problema de Unger e é também o problema dos demais autores aqui mencionados: experiência, experiência, experiência. Na última citação, os autores até informam que nem sabem explicar como pode acontecer a expulsão de demônios de crentes, mas continuam levando tal prática adiante.


CRENTES NÃO FICAM POSSESSOS

Não creio na possessão demoníaca em crentes, pelas seguintes razões bíblicas:

1o – razão: o crente é santuário do Espírito Santo. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co 6:19, 20.)

O Espírito Santo não é um visitante esporádico na vida do crente. É morador definitivo, e não se ausenta de sua morada.

Paulo garante que não há possibilidade de convivência entre Cristo (Rm 8:9) e o maligno (Ef 2:2.) “Que harmonia entre Cristo e o maligno?” (2 Co 6:15.)

2o – razão: o Espírito Santo é zeloso pelo seu santuário. “Ou supondes que em vão afirma a Escritura: Ë com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em n6s?” (Tg 4:5.).

O Espírito Santo é a pessoa da trindade santa para a qual Jesus mais reivindicou o nosso cuidado na análise de fatos ou no evitar de palavras precipitadas. “Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito ‘Santo não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguëm falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” (Mt 12:31, 32.)

Atribuir as obras de Jesus ao poder de Belzebu, o maioral dos demônios, já era pecado e blasfêmia contra o Espírito Santo, que estava sobre Jesus (Lc 4:18, 19), pois o Espírito Santo não pode ser veículo usado por Satanás. Diante de tal santidade e zelo será possível admitirmos que o Espírito Santo permitiria a entrada de força maligna em seu santuário? Louvado seja o seu nome porque ele não permite.

3o – razão: o crente é propriedade de Deus. É maravilhosa a declaração, de Paulo em Efésios 1:13, 14: “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” No verso 14, os crentes são chamados de “propriedade de Deus”. O sublime de tudo isto é que o Espírito Santo é o “penhor” da nossa ressurreição futura, ou seja, a garantia de que não estamos órfãos (Jo 14:18) e de que seremos transformados na ressurreição (1 Co 15:52.). A presença do Espírito Santo em nós é a garantia de que somos propriedade de Deus.

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2:9.)

A propriedade é exclusiva. Essa “propriedade” não será loteada e vendida ao diabo.

4o – razão: Jesus é o valente que tomou posse da propriedade.

“Quando o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança todos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos. (Lc 11:21, 22.)”.

O Senhor Jesus veio ao mundo “para destruir as obras do diabo.” (1 Jo 3:8.)

Jesus me fascinou pela sua valentia e coragem diante da cruz. Essa valentia é a mesma no que diz respeito a guardar os seus filhos das investidas do diabo na tentativa de possuí-los.

Jesus é o Senhor absoluto de sua casa (1 Pe 2:5) e de seu tabernáculo (2 Co 5:1), que são os nossos corpos.

5o – razão: O Espírito Santo intercede pelos crentes em suas fraquezas.

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” (Rm 8:26.)

É porque o Espírito Santo perscruta até mesmo as profundezas de Deus que Ele pode interceder por nós de acordo com a vontade perfeita do profundo e humanamente insondável coração de Deus. “Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2:11.)

Davi invocava o Espírito Santo para ajudá-lo a viver na perfeita vontade de Deus. “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano”.(Sl. 143:10.)!

O cristão não é um super-homem, mas é superprotegido graças à intercessão do Espírito Santo nas horas de maior fraqueza e necessidade.

6o – razão: O imutável amor de Crista garante a segurança.

“Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 8:37-39.)

O que nos dá segurança é o fato de o amor ser o de Cristo Jesus. Seu amor é sublime e leal, “é forte como a morte” (Ct 8:6) e a sua fidelidade está para além da fidelidade do crente, porque “se somos infi6is, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”. (2 Tm 2:13.)

“Bem-aventurado o homem que confia no amor de Cristo por sua vida. A promessa para ele é: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite a lua, O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.” (Si 121:5-7.)

O crente jamais será esquecido pelo amado Senhor Jesus, pois o seu nome está nas palmas de Sua mão. “Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim.”(Is 49:15, 16.)

O crente pode reivindicar todas as promessas da Palavra de Deus, “Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus, por nosso intermédio” (2 Co 1:20.)

Um filho de Deus jamais ficará possesso por espíritos malignos. Esta é a confiança.

(Este estudo foi extraído dos seguintes livros: “Evangélicos em Crise; Pr. Paulo Romeiro; Principados e Potestades. Recomendamos a leitura de ambos).

 Fonte: CACP