quarta-feira, 25 de outubro de 2023

ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL - Lição 5 / Revista nº 71


Existe Filho Predileto?

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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Lucas 15.11-13,18-27
11- E disse: Um certo homem tinha dois filhos. 
12- E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda a pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. 
13- E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.
18- Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. 
19- Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores.
20- E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe seu pai, viu-o seu pai, e se moveu de intima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou.
21- E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho. 
22- Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés,
23- e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos,
24- porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se.
25- E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. 
26- E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
27- E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.

TEXTO ÁUREO
  Porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se. Lucas 15.24

SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Gênesis 4.1-16
Dois irmãos, dois caminhos
3ª feira Gênesis 25.8
Isaque e Ismael sepultaram Abraão
4ª feira Gênesis 25.24-26
Esaú e Jacó: um conflito de gerações
5ª feira Gênesis 37.3
José, o filho predileto
6ª feira Lucas 15.38
Quando o filho do mesmo pai não é irmão
Sábado Provérbios 18.19
Evitando conflitos entre irmãos

OBJETIVOS
  Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
  Entender que os filhos são diferentes; cada um relaciona-se com o meio externo à sua própria maneira;
  Compreender a necessidade de superar os conflitos existentes entre irmãos;
  Evitar demonstrações de predileção por determinado filho, tratando os filhos com base no princípio da isonomia.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
  Caro professor, para a lição de hoje, selecione imagens que mostrem pais e/ou mães privilegiando determinados filhos em detrimento de outros - é importante desenvolver a leitura imagética com seus alunos; uma imagem, às vezes, vale mais do que mil palavras. No decurso da aula, enfatize a importância da educação cooperativa na convivência entre irmãos, pois isto refletirá na fase adulta.
  Cláudio Duarte

COMENTÁRIO
Palavra introdutória
  Pesquisas apontam para o aspecto natural do chamado filho predileto. Porém, há de se destacar que, quando os pais demonstram predileção por um de seus rebentos, os irmãos, quase invariavelmente, experimentam invejas e ciúmes, em menor ou maior grau, pois tais emoções, por via de regra, são fortalecidas nesse ambiente.
  Problemas entre irmãos não são exatamente uma novidade. Narrativas mitológicas de várias sociedades antigas trazem inúmeros casos de conflitos dessa natureza; dentre eles, destacamos: Remo e Rômulo (mito romano); Osiris e Set (mito egípcio); Thor e Loki (mito nórdico) etc. A Bíblia, por sua vez, narra muitos casos de rivalidade fraterna, tais como: Caim e Abel; Ismael e Isaque; Esaú e Jacó; José e seus irmãos; Tamar e Amnom (filhos de Davi) etc. Seus dramas e dilemas, vivenciados no ambiente familiar, marcaram suas histórias.
  Nesta lição avaliaremos, panoramicamente, alguns casos identificados no texto bíblico.

1. A HISTÓRIA DE DOIS IRMÃOS
  Na Parábola do Filho Pródigo, encontramos alguns elementos importantes sobre o tema relacionamento entre irmãos (Lc 15.11-32). Antes de avançarmos, no entanto, é importante destacar que esta narrativa alegórica não se propõe a transmitir ensinamentos relacionados à criação de filhos; antes, aponta para a salvação enquanto fruto da imensurável graça divina; por essa razão, em momento algum Jesus menciona o modo como esse pai tratava seus filhos antes da partida do mais novo.
  A Parábola do Filho Pródigo é assim introduzida: Um certo homem tinha dois filhos (Lc 15.11). Essa proposição foi motivada pelo embate travado entre o Mestre, os fariseus e os escribas - estes murmuravam o fato de Jesus assentar-se à mesa com publicanos e pecadores.
  O Salvador levou a discussão para o campo teológico, estabelecendo a diferença entre Lei e Graça: o irmão mais velho simbolizando a mentalidade meritocrática da Antiga Aliança; e o irmão mais novo caracterizando a salvação pela graça na Nova Aliança.
  Independentemente do tipo de interação estabelecida entre esses dois irmãos, o mais novo deles representa as pessoas que se voltam para Deus mediante o arrependimento; enquanto o mais velho retrata os legalistas que mantêm um relacionamento com o Pai baseado no ciclo "devoção- recompensa" (Lc 15.29).
  A despeito de o eixo principal da parábola ser a dispensação da graça, é possível analisar algumas questões presentes no texto, relativas à convivência entre irmãos: por que, afinal, vivendo debaixo de um mesmo teto, cada filho teve comportamentos tão diferentes?

1.1. O perfil do irmão mais moço
  Nesta parábola, de maneira inesperada, um rapaz pede ao seu pai a parte na herança que lhe cabe (Lc 15.12; conf. Dt 21.17). Diz o texto bíblico que, sem qualquer contra-argumento, o filho tem o seu pedido atendido.
  Tal cenário revela-nos um moço inquieto, inconformado com as restrições domésticas, ansioso e, sobretudo, inconsequente. De fato, ele não considerava o ambiente familiar agradável; a busca por uma terra longínqua indica o seu desejo de manter certa distância do pai.
  No entanto, por fim, o jovem de temperamento intempestivo, a quem Jesus nomeou de mais moço, depois de agir prodigamente e perder tudo quanto recebera, quebrantou-se e reconheceu os seus equívocos (Lc 15.17). Ele estava disposto a, dali por diante, recomeçar de onde havia parado.

1.2. O perfil do irmão mais velho
  O coração do filho mais velho estava cheio de ódio, rancor, mágoas e frustrações. Em Lucas 15.29, em outras palavras, o irmão mais velho disse: Pai, não fui embora, não desobedeço às suas ordens, trabalho arduamente, e o senhor olha somente para esse seu filho ingrato? Dá tudo para ele, mas para mim nem um simples cabrito?
  Ele não reconhecia seus equívocos e buscava reconhecimento próprio. Diz o texto bíblico que, mesmo após a insistência do pai, ele não quis entrar em casa, reportando-se ao irmão, desdenhosamente, como esse teu filho. Esta pequena alocução permite-nos inferir que o jovem, sem fazer caso, rompeu com os vínculos fraternos - e, quando alguém abandona as conexões do amor, passa a viver de aparências, assim como os fariseus e escribas da época de Jesus (Lc 15.1).
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  Quando uma pessoa é tomada pelo engano da autojustificação e pelo ódio torna-se incapaz, mesmo fisicamente presente, de pertencer à casa paterna, de reconhecer seus verdadeiros irmãos, de alegrar-se quando a vida vence a morte e, principalmente, de reconhecer os atos graciosos do Pai em seu favor.
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2. UMA CASA E VÁRIOS CAMINHOS
  A escolha dos pais por determinado filho-seja manifesta em palavras ou atitudes pode produzir cisões históricas, como no caso dos irmãos Ismael e Isaque e Jacó e Esaú. Nesta conhecida trama bíblica, ofensas não perdoadas na infância permaneceram ativas na juventude, foram potencializadas na fase adulta, vindo a provocar danos irreparáveis às famílias envolvidas. 
  Mais do que fornecer orientações práticas aos pais quanto à criação de filhos, pretendemos fazê-los compreender a importância de promover a comunhão entre os irmãos. 
  Há muitas pessoas que, mesmo na igreja, alimentam ódios passados: deste modo, é preciso aprender a liberar o perdão histórico a quem, de algum modo, nos ofendeu, assim com Jesus o fez em relação aos samaritanos (Jo 4.1-30). 

2.1. Cada um com a sua história
  A história de Ismael e Isaque é emblemática, pois revela como o ódio pode nascer e crescer no contexto familiar. Veja-mos a seguir.

2.1.1.  Ismael e seus dilemas
  O contexto do nascimento de Ismael foi marcado por aflições e conflitos (Gn 21.14-21), enquanto o de Isaque foi caracterizado por banquetes, festas e risos (Gn 21.1-13).
  Eis os dramas de Ismael: o filho de uma escrava contemplava sua mãe sendo maltratada por sua senhora, Sara. Tendo sido expulso da casa de seu pai, o rapaz viu sua mãe quase morrer no deserto. Mesmo sendo o primogênito biológico de Abraão, o jovem foi deserdado. Ismael carregou esses dilemas dentro do seu coração por toda vida.

2.1.2. Isaque e as atenções dos pais
  O nascimento de Isaque era aguardado com grande expectativa, pois ele representava a concretização de uma poderosa promessa (Gn 12.1-3). Não é de se estranhar, deste modo, que todas as atenções de Abraão e Sara estivessem voltadas para o menino.
  Na idade adulta, Isaque casou-se com Rebeca (Gn 24.58- 67). Ele herdou todos os bens de Abraão, quando este morreu (Gn 25.5). Do relacionamento com Rebeca, nasceram-lhe Esaú e Jacó (Gn 25.24-26). Em função das tramoias de Jacó, Esaú tornou-se seu inimigo (Gn 27).
2.2. Traumas e mágoas
  Gênesis 25.8,9 é a única passagem bíblica que menciona um reencontro entre Isaque e Ismael, desde que ele fora expulso da casa de seu pai. Este é exatamente o dia do sepultamento de Abraão, ou seja, décadas após Agar, a serva, partir da casa do patriarca para o meio de um deserto com um adolescente.
  Fico imaginando o filme que se passou na cabeça de Ismael e de Isaque neste dia: uma sepultura e duas histórias. As mágoas de Ismael, de certa forma, foram somadas às mágoas de Esaú - após o desentendimento com seus pais, este filho de Isaque, para aborrecer seus pais, casou-se com descendentes de Ismael (Gn 28.6-9). Houve, na realidade, um somatório de rancores históricos.

3. CONSELHOS AOS PAIS
  Muitos profissionais da educação infantil têm-se dedicado aos estudos da rivalidade fraterna (conflitos entre irmãos).
  Pesquisas comprovam que o relacionamento entre irmãos adultos são, na verdade, reflexo do ambiente familiar cultivado na infância; outros sinalizam, ainda, que as crianças estão mais propensas a tornarem-se vítimas de abuso por parte de um irmão do que por qualquer outro membro da família.
  Independentemente dos resultados das pesquisas, sabe-se que, para estabelecer relacionamentos profundos e duradouros, é necessário haver, no mínimo, afinidade entre os envolvidos. Sendo assim, pergunto: o que os pais podem fazer tanto para evitar conflitos quanto para promover a comunhão entre seus filhos?
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  Os pais sempre esperam que seus filhos desenvolvam relacionamentos saudáveis entre si; não obstante, tal comportamento não nasce pronto. Embora muitos afirmem que seus rebentos se dão muito bem, a realidade costuma ser bem diferente: em boa parte do tempo, irmãos e irmãs estão envolvidos em conflitos.
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3.1. Invista em uma educação pautada no companheirismo
  De acordo com Judith Dunn, especialista em desenvolvimento socioemocional e sociocognitivo da criança e ex-professora de Psicologia no King's College (Londres), os irmãos competem pela atenção dos pais desde a primeira infância e, mesmo na fase adulta, esta competição tende a continuar. Por essa razão, segundo a psicóloga, é importante desenvolver uma educação pautada no companheirismo e na cumplicidade, pois, com o passar dos anos, tal comportamento tende a consolidar-se.

3.2. Aceite seus filhos como eles são                                       
  Não se deve, na condição materna e/ou paterna, utilizar frases depreciativas ou fazer comparações entre filhos: "Fulano é o orgulho da família, mas Beltrano é a ovelha negra.". 
  Abaixo destacamos alguns comportamentos adotados em muitas famílias:
 há casos em que os pais esperavam por um filho homem; mas, ao nascer uma menina, rejeitam-na (mesmo que veladamente);
 algumas vezes um filho passa a desfrutar de posição privilegiada dentro de casa, pelo fato de ter optado pela mesma profissão do pai, enquanto o outro que resolveu seguir uma carreira diferente é tratado com desdém.
  Não importam quais sejam os temperamentos dos seus filhos ou o modo como eles agem diante das grandes questões da vida; todos são, indistintamente, heranças do Senhor (Sl 127.3,4). Deste modo, é de extrema importância que os país fiquem atentos ao modo como tratam sua maior riqueza (Ef 6:4; Cl 3.21).
  Aprenda a lidar com suas características e crie condições favoráveis para que todos sejam como flechas na mão do valente, isto é, para que todos sejam lançados para uma vida vitoriosa na presença de Deus.

CONCLUSÃO
  Como tratar pessoas diferentes da mesma maneira? Como usar de isonomia em um contexto plural? Para estabelecer regras iguais para todos e, ao mesmo tempo, não anular as especificidades de cada indivíduo, precisamos de sabedoria e discernimento. Tal capacidade é fruto da maturidade e da ação do Espírito Santo em nós. Portanto, ore em prol de cada filho (1 Ts 5.17)! 
  A melhor receita continua sendo o amor, o companheirismo e a igualdade no tratamento com os filhos. O ambiente de competição deve ser substituído pelo ambiente da cooperação mútua.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1.  Cite algumas diferenças entre o nascimento de Ismael e Isaque:
R.: O contexto do nascimento de Ismael foi marcado por aflições e conflitos (Gn 21.14-21), enquanto o de Isaque foi caracterizado por banquetes, festas e risos (Gn 21.1-13).

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 71 - Central Gospel

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