segunda-feira, 27 de novembro de 2023

ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL - Lição 10 / Revista nº 71

                                              

O Divórcio e a Quebra de uma Aliança

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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Mateus 19.1-11
1- E aconteceu que, concluindo Jesus esses discursos, saiu da Galileia e dirigiu-se aos confins da Judeia, além do Jordão.
2- E seguiram-no muitas gentes e curou-as ali.
3- Então, chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o e dizendo-lhe: É licito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
4- Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea 
5- e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e
serão dois numa só carne? 
6- Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.
7- Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8- Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim.
9- Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.
10- Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
11- Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.

TEXTO ÁUREO
Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. Mateus 19.6

SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira Gênesis 2.21-25
Divórcio é como um corte profundo
3ª feira Deuteronômio 22.13-19; 28,29
Proibições específicas relativas ao divórcio
4ª feira Isaías 50.1,2; Jeremias 3.1-10
Deus perdoou o adultério do povo de Israel
5ª feira Malaquias 2.10-16
Deus aborrece o repúdio
6ª feira Oseias 3.1
O profeta perdoou o adultério de sua mulher
Sábado 1 Coríntios 7.10-15
Paulo e a prática do divórcio

OBJETIVOS
  Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
Conhecer o posicionamento bíblico a respeito do divórcio; 
Analisar as causas do divórcio, a maneira como o tema é tratado nos dias de hoje e os males decorrentes dele;
Crer que Deus pode transformar água em vinho, isto é, Ele tem poder para restaurar qualquer casamento.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
  Caro professor, o tema desta lição é delicado. É importante que você utilize as palavras certas, a fim de não entristecer ninguém. Busque a direção de Deus para sua aula, para que ela tenha consistência teológica e seja guiada pela sabedoria divina,
  Ao longo da semana, leia as referências bíblicas, analise os textos e medite naquilo que foi lido e estudado. Isso trará segurança e firmeza a você na hora da ministração.
Cláudio Duarte

COMENTÁRIO
Palavra introdutória
  Além da mudança cultural, as leis brasileiras sofreram alterações em relação ao divórcio, que, antes, não era permitido no país. Isso mudou a partir de 1977, com a promulgação da Lei do Divórcio (Lei nº 6.515, de 26 de dezembro de 1977). No entanto, o grande facilitador para a sua consumação veio com a Emenda Constitucional nº 66, de 13 de julho de 2010. Desde então, não havendo litígio, o divórcio pode ser concedido sem separação prévia. Não é mais necessário separar e esperar determinado tempo para divorciar-se.
O que a Bíblia ensina sobre o divórcio? Como a igreja deve comportar-se em relação a esse tema? Quais as causas do divórcio? É possível ter o casamento restaurado? Essas e outras questões serão abordadas nesta lição.
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Segundo Walter A. Elwell, um acadêmico teológico evangélico, o termo divórcio em hebraico relaciona-se à amputação de algo. O sentido é de "cortar árvores, decapitar, cortar o que foi, no princípio, uma união viva". Isso revela a seriedade do tema. O significado comum dessa palavra, no entanto, é o rompimento legal e definitivo do vínculo de casamento civil. Além de romper os laços matrimoniais, o divórcio permite a realização de um segundo casamento (ou mais).
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1. O DIVÓRCIO E AS ESCRITURAS
  A dureza de coração não era um privilégio do homem israelita. O divórcio era uma prática antiga. O Código de Hamurabi, por exemplo, já legislava sobre o tema. Mesmo sendo um direito majoritariamente do homem no mundo antigo, as leis romanas previam direitos das mulheres ao solicitar o divórcio. Somente Marcos, escrito para os romanos, cita a possibilidade do divórcio pedido pela mulher (Mc 10.12).

1.1. Moisés e o divórcio
  A união permanente e íntima entre um homem e uma mulher é desenvolvida na Bíblia, desde o Antigo Testamento, como o propósito perfeito de Deus. Em decorrência do pecado de Adão e da dureza de coração, a separação entre casais vem marcando a história de muitas famílias.
  Foi com o objetivo de minimizar essa situação que Moisés estabeleceu algumas diretrizes. O divórcio seria permitido (tolerado) se houvesse coisa indecente (possivelmente questões de natureza sexual) na mulher. Então, o marido daria a ela uma carta de repúdio (documento por escrito) e a despediria de sua casa. Essa carta concedia à mulher o direito de casar-se novamente com outra pessoa e possibilitava-lhe livrar-se do estigma do divórcio e da rejeição social.
  Muitos, porém, interpretavam a expressão "coisa indecente" como qualquer coisa fora do agrado do marido (Dt 24.1-4), inclusive não gostar da comida feita pela esposa. Foi com esse sentido que os fariseus perguntaram a Jesus se era permitido dar carta de divórcio por qualquer motivo (Mt 19.3). Outros, no entanto, limitavam a expressão "coisa indecente" aos casos de infidelidade conjugal.

1.2. Jesus e o divórcio
  Ao longo de Seu ministério, Jesus teve inúmeros embates contra os religiosos da época. O texto básico da lição descreve um desses conflitos. Nessa ocasião, os fariseus perguntaram-lhe se era lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo (Mt 19.3). Essa pergunta foi extremamente maliciosa. Se Jesus lhes respondesse "sim", estaria opondo-se aos ensinamentos contidos na Tora (Pentateuco) sobre a indissolubilidade do casamento. Se lhes dissesse "não", Jesus se colo caria contra Moisés, que havia permitido o divórcio mediante carta de repúdio.
  Havia, nos tempos de Jesus, duas escolas rabínicas famosas: a do Rabi Shammai, que interpretava Deuteronômio 24 apenas para casos de adultério; e a do Rabi Hillei, que ensinava, a partir dessa passagem, a possibilidade de divorciar-se por qualquer motivo. Já o Senhor Jesus declarou em resposta aos fariseus (Mt 19.3):
  As características do casamento ideal (conforme Lição 1) - princípio da monogamia (macho e fêmea); ato público com dimensões sociais (deixará pai e mãe); união física heterossexual (e se unirá à sua mulher); e indissolubilidade do casamento (serão dois numa só carne). Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem (Mt 19.6).
  A causa primária do divórcio a dureza do coração humano. Mas, ao princípio, não foi assim (Mt 19.8). A separação nunca esteve no coração de Deus.
  A causa secundária do divórcio - em casos de prostituição (relações sexuais ilícitas, adultério; conf. Mt 5.31,32; 19.9).  Nessa situação, Jesus reconheceu a possibilidade de um novo casamento. Mesmo quando ocorre infidelidade, a primeira opção é o perdão. Deus, enquanto marido, sempre esteve disposto a perdoar o povo israelita (Is 50.1,2; Jr 3.1-10). Ele, inclusive, ordenou ao profeta Oseias que perdoasse sua esposa (Os 3.1).

1.3. Paulo e o divórcio 
  Paulo não tratou o tema do divórcio de modo exaustivo. Quando indagado pela igreja de Corinto sobre o assunto, ele reproduziu os ensinos de Cristo e acrescentou mais um ponto que viabilizaria o divórcio: o crente abandonado pelo cônjuge descrente (1 Co 7.10-16).

1.4. Pontos fundamentais nos ensinos de Moisés, Jesus e Paulo
  É importante que alguns pontos nos ensinos de Moisés, Jesus e Paulo sejam salientados. Os três:
  Ensinaram sobre o propósito original do casamento, isto é, a união permanente e exclusiva entre os sexos masculino e o sexo feminino como bênção de Deus.
  Trataram o casamento com a seriedade devida, buscando respostas aos problemas reais.
  Não ignoraram os problemas decorrentes do divórcio.
  Mesmo que minimamente, apresentaram possibilidades para o divórcio. Por quê? Porque eles trataram o problema de maneira real e em um contexto humano.
  Esses pontos demonstram como o divórcio é um tema polémico e controverso. Cada caso deve ser analisado dentro de suas especificidades e seus contextos. Moisés, Jesus e Paulo não abordaram, por exemplo, casos de violência física, de humilhação extrema ou que dificultam a vida a dois. Por isso, a igreja precisa de sabedoria e, sobretudo, de amor, pois, sem amor, o Corpo de Cristo pode transformar-se em uma agência legalista, deixando, assim, de manifestar a graça de Deus.
  É fundamental ressaltar que o único pecado imperdoável é o cometido contra o Espírito Santo e que não se deve ignorar as pessoas que sofreram a dor causada pelo divórcio.

2. A PRÁTICA DO DIVÓRCIO HOJE
  A influência que os canais midiáticos podem exercer sobre os casamentos é enorme. Novelas, séries e filmes apresentam um mundo de possibilidades, com relações disponíveis e casamentos prontos para serem desfeitos. Normalmente, a melhor solução apresentada esse tipo de entretenimento para os problemas enfrentado pelo casal é, exatamente, o divórcio.
  A naturalidade com que é tratada a separação faz com que muitos casais não busquem solução para superar suas crises conjugais. Esse cenário, aliado à negação dos princípios bíblicos e à superficialidade dos relacionamentos, é o resultado de uma geração que está perdendo o temor a Deus e o zelo por Sua Palavra.
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Infelizmente, a prática do divórcio tem-se tornado um estilo de vida. Há incompatibilidade? A comida está salgada? Ele não gosta de banho?
Solução: separa e arruma outro(a)!
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2.1. As causas do divórcio
  Antes do casamento, as pessoas normalmente enfatizam os pontos semelhantes que possuem em relação aos seus futuros cônjuges, ignorando, muitas vezes, os pontos divergentes que existem no relacionamento. No entanto, passado um tempo, surgem os conflitos e, em seguida, os rancores.
  Conflitos no lar são normais, fazem parte de qualquer convivência humana. A questão, na verdade, é o que fazer para superar esses desentendimentos. Eis algumas causas de problemas conjugais:
  Ignorar as lições de Gênesis 2.24. Há três comandos nessa passagem: deixar pai e mãe; apegar-se (unir-se) à sua mulher e ser uma só carne. As ordens recaem nas ações do homem, mas refletem-se em ambos os cônjuges.
  O ato de deixar aponta para rupturas, renúncias e a decisão de assumir responsabilidades (sair da tutela dos pais). Casamento implica mudança de vida. Muitos se casam e querem levar, equivocadamente, uma vida de solteiro.
  Apegar-se tem o sentido de "colar". Ao tentar separar duas folhas coladas, as duas se rasgam! O ideal do casamento é que haja união e completude, um vivendo em prol do outro e buscando a felicidade do outro.
  Ser uma só carne envolve, também, vida sexual ativa. Sexo não é tudo, mas também não pode ser classificado como "nada". Paulo orientou a pagar a devida benevolência (1 Co 7.1-5).
Quando esse tripé é ignorado, as bases do casamento são abaladas.
  Dar lugar à soberba. Em um conflito conjugal, ninguém está cem por cento certo ou cem por cento errado. A autocrítica é necessária, bem como a vontade de mudança comportamental e a decisão de não ofender o outro. No entanto, atitudes soberbas e arrogantes não permitem a constatação de equívocos. A culpa é sempre da serpente (Gn 3.13)! Em Provérbios 16.18, está escrito: A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.
  Desconsiderar a unidade. Os ruídos na comunicação impedem o estabelecimento da comunhão e da harmonia, assim como os propósitos antagônicos e divergentes. Não é bom que cada um busque apenas seus próprios interesses, nem que haja competição e falta de companheirismo. O diálogo, portanto, é fundamental, pois toda casa dividida não subsiste (Mt 12.22-27).

2.2. A questão enfrentada com amor
  Evidentemente, o antídoto para vencer as dificuldades que surgem no casamento é o amor. Sem ele, não há solução. 
  É oportuno lembrar que amar é um mandamento. Jesus ordenou a sua prática: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? (...) Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22.36,39). Logo, amar só depende de uma decisão. Quando alguém ama, deve aprender a renunciar, a perdoar e a entregar sua própria vida (1 Co 13).

3. O CASAMENTO E A NECESSIDADE DE REAFIRMAR SEU VALOR
  Nesse tempo, a igreja precisa reafirmar o valor do casamento, e os membros do Corpo de Cristo devem buscar ajuda para superar as crises.

3.1. O desejo por mudanças
  Como experimentar coisas novas fazendo as mesmas coisas? A motivação é importantíssima para provocar uma transformação em qualquer área da vida humana. Mudanças não acontecem se uma pessoa não desejá-las, pois elas são frutos de atitudes tomadas diante das demandas da vida.
  Portanto, se há motivos no coração de alguém para restaurar o casamento, se existe o desejo de desfrutar do favor de Deus casamento, se existe o tempo no relacionamento, então é tempo de buscar o Senhor, pois Ele sabe, como ninguém, transformar água em vinho e proporcionar alegria ao casal (Jo 2.1-12).

3.2. O resgate de boas práticas                                    
  As vezes, os cônjuges acomodam-se com a rotina, e determinadas práticas passam a ser consideradas normais. No entanto, é essencial a busca por renovação. O primeiro passo é resgatar ações simples, mas positivas, como, por exemplo, dizer "eu te amo", telefonar ao longo do dia para a esposa, comprar algo para alegrá-la e dizer palavras que trazem alegria ao cônjuge. Também é necessário que o casal abandone atitudes que ofendem, que traumatizam.

3.3. A intervenção divina
Toda ajuda é indispensável, como ministrações e conselhos pastorais, orientações de terapeutas e outros. Tudo isso colabora com o relacionamento conjugal. Contudo, é imprescindível que o casal permita a intervenção divina. 
  Deus é o especialista por excelência e, além disso, está disposto a restaurar e abençoar as famílias (Sl 127; 128). Adão e Eva, mesmo depois de pecarem, não foram abandonados por Ele: E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás (Gn 3.9).

CONCLUSÃO
  O divórcio não nasceu no coração de Deus. Ao formar a mulher, Ele estabeleceu o casamento para ser fonte de bênçãos e de felicidade para o casal. O diabo, porém, que veio para roubar, matar e destruir, busca atacar as famílias com um propósito principal: destruir a sociedade.
  A ruína da sociedade antediluviana, por exemplo, foi antecedida por casamentos realizados fora do padrão divino: Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então, disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem (Gn 3.2,3). Por esse motivo, a igreja do Senhor diz "não" a todos os ataques contra a família, uma instituição criada pelo próprio Deus.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Como o tema divórcio era tratado na Antiguidade? Por que Moisés permitiu a carta de divórcio e o repúdio à mulher?
R.: O divórcio era uma prática antiga; o Código de Hamurabi, por exemplo, já legislava sobre o tema. Moisés permitiu a carta de divórcio, por causa da dureza do coração humano - o que não era um privilégio do homem israelita.
2. Considerando o que foi exposto nesta lição, cite algumas causas de problemas conjugais:
R.: Ignorar as lições de Gênesis 2.24 (deixar pai e mãe; apegar-se [unir-se] à sua mulher e ser uma só carne); dar lugar à soberba; e desconsiderar a unidade.

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 71 - Central Gospel

Pr Marcos André (Teólogo) - convites para ministrar palestras, aulas e pregações: contato 48 998079439 (Whatsapp)

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