A Dor do Profeta por uma Cidade Pecadora
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TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Lamentações 1.1-6,8
1- Como se acha solitária aquela cidade dantes tão populosa! Tornou-se como viúva a que foi grande entre as nações; e princesa entre as províncias tornou-se tributária!
2- Continuamente chora de noite, e as suas lágrimas correm pelas suas faces; não tem quem a console entre todos os seus amadores; todos os seus amigos se houveram aleivosamente com ela, tornaram-se seus inimigos.
3- Judá passou ao cativeiro por causa da aflição e por causa da grandeza da sua servidão; habita entre as nações, não acha descanso; todos os seus perseguidores a surpreenderam nas suas angústias.
4- Os caminhos de Sião pranteiam, porque não há quem venha à reunião solene; todas as suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes suspiram; as suas virgens estão tristes, e ela mesma tem amargura.
5- Os seus adversários a dominaram, os seus inimigos prosperam, porque o Senhor a entristeceu, por causa da multidão das suas prevaricações; os seus filhinhos vão em cativeiro na frente do adversário.
6- E da filha de Sião foi-se toda a sua glória; os seus príncipes ficaram sendo como corços que não acham pasto e caminham sem força na frente do perseguidor.
8- Jerusalém gravemente pecou; por isso, se fez instável; todos os que a honravam a desprezaram, porque viram a sua nudez; ela também suspirou e voltou para trás.
TEXTO ÁUREO
Torrentes de águas derramaram os meus olhos, por causa da destruição da filha do meu povo. Lamentações 3.48
SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Lamentações 1.8
A gravidade do pecado de Jerusalém
3ª feira - Lamentações 2.17
Juízo, cumprimento da Palavra de Deus
4ª feira - Lamentações 1.18
Justo é o Senhor
5ª feira - Lamentações 2.11
Lágrimas de dor do profeta Jeremias
6ª feira - Lamentações 3.22
As misericórdias do Senhor
Sábado - Lamentações 5.21
Deus, o Renovador
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
Conhecer a mensagem do livro das Lamentações de Jeremias;
Entender que, como servos do Senhor, não podemos estar alheios às crises da nossa cidade e nação;
Concluir que, em meio à dor, temos uma viva e inabalável esperança, o Senhor nosso Deus.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
A paz do Senhor, meu prezado professor. Nesta aula, estudaremos sobre o livro das Lamentações de Jeremias, que faz parte de sua obra profética.
Para uma melhor compreensão dos alunos, apresentaremos um breve esboço histórico do livro, sua autoria, período em que foi escrito e o contexto em que essa inestimável obra foi produzida.
Lamentações é uma obra que deixa evidente o modo como Deus aplicou o Seu juízo sobre um povo que teve inúmeras oportunidades de arrepender-se e obedecer à Sua palavra; mas que, infelizmente, endureceu o coração e desprezou os mandamentos do Senhor, demonstrando indiferença e constante rebeldia.
Ressalte que Deus não tem prazer em castigar, mas Ele aplica Sua justiça porque é um justo Juiz.
Excelente aula.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
O livro de Jeremias e Lamentações detalham o sofrimento pessoal do profeta Jeremias ao contemplar o cumprimento das profecias de juízo sobre a cidade de Jerusalém.
Em sua obra profética, Jeremias relata que a queda ocorreu no ano undécimo do reinado de Zedequias, último monarca sob o trono do Reino de Judá. As tropas e príncipes da Babilônia entraram por uma brecha na cidade e iniciaram a sua destruição, queimando a casa do rei, as casas do povo e derrubando os muros da cidade (Jr 39.1-10). Após 19 meses de cerco, que trouxeram fome, pestes e morte aos israelitas, Jerusalém sofreu sua derrota final. Este fato ocorreu no verão de 586 a.C.
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O título do livro, no hebraico, é Ekah (= como) palavra inicial para os capítulos 1, 2e4-, correspondente a uma expressão de lamento. Mais tarde, foi mudado para Quinoth, com o sentido de "alto choro; lamento em um canto fúnebre". O nome Lamentações tem origem na tradução latina do termo grego Threnoi (= alto choro).
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1. DESTRUIÇÃO DA CIDADE DE JERUSALÉM
Jeremias recebeu do Senhor mensagens que alertavam os israelitas do Reino do Sul sobre o iminente juízo divino sobre a amada cidade de Jerusalém e o Templo. Mas, as advertências de Deus foram desprezadas, porque as lideranças da cidade e o povo estavam confiados em mensagens de falsa segurança e prosperidade. Além disso, entendiam que a cidade não seria destruída, por gozar da proteção divina.
Em Lamentações aprendemos que Deus é fiel para cumprir tanto uma palavra de bênção como uma palavra de juízo, Apesar do Seu imenso amor pela nação escolhida, lamentavelmente, o tempo do juízo havia chegado por meio das tropas babilônicas.
1.1. As causas da destruição de Jerusalém
O escritor sagrado começa discorrendo sobre as causas que levaram a populosa cidade a se achar solitária e a princesa a tornar-se como viúva (Lm 1.1). A cidade, outrora uma princesa, tornou-se uma meretriz nua, e o seu pecado, imundícia moral e religiosa (Lm 1.9).
Pode-se afirmar, com certa propriedade, que a principal causa dos sofrimentos da nação de Judá foi a desobediência à Palavra de Deus e sua entrega a um estilo de vida pecaminoso (Lm 1.2,21). O termo pecado, do hebraico hātā, tem o sentido de errar o alvo. Os israelitas erraram o alvo da fidelidade, quando ofenderam a santidade do Senhor na acumulação dos seus pecados.
A nação jamais abandonou sua constante rebelião contra a autoridade divina (Lm 1.18; 3.42); ao contrário, ela multiplicou os seus pecados, levando, como consequência, a cidade à destruição e o povo ao cativeiro (Lm 1.5,8).
Os falsos profetas, com suas falsas esperanças, afastaram a nação dos verdadeiros princípios éticos, o que culminou no juízo divino (Lm 2.14; 4.13). A maldade da nação tornou-se maior do que a de Sodoma (Lm 4.6); assim, em razão do seu pecado, perdeu sua coroa (Lm 5.16).
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O pecado é uma fraude: oferece prazer, alegria e facilidades, mas no final proporciona sofrimento, angústias, perdas irreparáveis e morte (Rm 6.23).
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1.2. O sofrimento dos israelitas
A alegria deu lugar à amargura (Lm 1.4; 2.10; 5.15). Sacerdotes, profetas e anciãos foram exterminados no Santuário (Lm 2.20b). A juventude, futuro da nação, experimentou a morte (Lm 2.21). As mulheres e virgens em Sião, nas cidades de Judá, foram violentadas (Lm 5.11). Meninos e crianças padeceram necessidades (Lm 2.11,12). Os israelitas enfrentaram o medo (Lm 3.47) e perderam a formosura física (Lm 4.7,8).
A fome, como consequência do cerco e da destruição, foi narrada pelo profeta com profundo pesar de alma. Ela alcançou todos os sobreviventes da guerra (Lm 1.11). A prática do canibalismo foi instituída, levando as mães a cozerem e comerem o fruto do seu ventre (Lm 2.20; 4.4,10). As pessoas, acostumadas a comer iguarias, desfaleciam nas ruas ingerindo restos dos monturos (Lm 4.5).
O povo experimentou a perda de suas propriedades; multiplicaram-se os órfãos e as viúvas; a água, elemento essencial à manutenção da vida, era comprada; os perseguidores oprimiam; e o desgaste físico era imenso por falta de descanso (Lm 5.2-5).
Diante desse indescritível quadro de sofrimento, os inimigos zombavam do povo escolhido, desprezando-o (Lm 2.15,16). Judá colheu o que plantou (GI 6.7). A nação semeou ventos e foi atingida pela tormenta (Os 8.7).
1.3. A dor do profeta Jeremias
Jeremias não ficou alheio à dor da nação (Lm 1.12), pois fora testemunha ocular de todos aqueles acontecimentos nefastos (Lm 3.1). O profeta descreveu poeticamente, com riqueza de detalhes, seu sofrimento diante do suplício de seus irmãos (Lm 3.2-17). Por três vezes, é mencionado no livro de Lamentações que as lágrimas banharam os olhos do profeta (Lm 1.16; 2.11; 3.48-50).
2. A ESPERANÇA NÃO MORREU
Diante do quadro de tristeza e angústias infindas, o profeta encontrava-se abatido e sem esperança, por isso exclamou: Então, disse eu: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor (Lm 3.18). No entanto, em meio às circunstâncias adversas, ele se propôs a recordar apenas o que lhe podia trazer esperança (Lm 3.21).
2.1. Deus é fonte de esperança
Diante das muitas perdas promovidas pelo cerco babilónico, o coração do humilde servo do Senhor se encheu de esperança, pois ele entendia que o Altíssimo era o seu maior patrimônio (Lm 3.24; Jr 17.7; Sl 16.2; Nm 18.20).
Esperança é uma palavra oriunda do grego (elpis), que significa "expectativa favorável e confiante". A esperança estava viva no coração do profeta não apenas porque o Senhor é bom, mas porque Ele é a própria bondade (Lm 3.25). Essa perfeição do caráter divino permanece para sempre (SI 52.1). Por meio da Sua bondade, somos abençoados (SI 119.68). Assim, podemos entender que, mesmo diante da dor e do sofrimento. o nosso Senhor continua sendo a nossa esperança (Jr 17.13).
2.1.1. Porque Ele é misericordioso e fiel
Em Lamentações 3.22,23, Jeremias destacou dois atributos divinos: a misericórdia e a fidelidade.
A misericórdia divina foi um elemento tão indispensável naquele momento, que o profeta se referiu a ela nos seguintes termos: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos. E ainda acrescentou: porque as suas misericórdias não têm fim (Lm 3.22).
A fidelidade divina foi outro elemento imperativo; nela, Jeremias encontrou descanso e consolo; o profeta sabia que o Senhor não se esquece de um servo fiel e, por isso, não falha em Suas promessas (Lm 3.23).
Nesses versos, Jeremias traz-nos o entendimento de que o Altíssimo não permanece impassível diante do sofrimento de Seus filhos (Lm 3.32). Ele inclina Seu coração à misérias humanas porque é misericordioso e fiel.
2.2. Passos para vivermos em esperança
O profeta discorreu sobre as atitudes que precisamos manter para vivermos em alegria e esperança diante de situações adversas:
Esperar no Senhor (..) - portanto, esperarei nele (Lm 3.24).
Buscar o Senhor - Bom é o Senhor para os que se atém a ele, para a alma que o busca (Lm 3.25).
Manter a esperança - Bom é ter esperança (Lm 3.26).
Aguardar a salvação do Senhor - Bom é (...) aguardar em silêncio a salvação do Senhor (Lm 3.26).
Suportar o jugo - Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade (Lm 3.27).
Ter paciência diante das provas - Bom é (...) assentar-se solitário e ficar em silêncio (Lm 3.28).
Demonstrar humildade - Ponha a boca no pó; talvez as sim haja esperança (Lm 3.29).
Voltar-se para o Senhor - Esquadrinhemos os nossos caminhos, experimentemo-los e voltemos para o Senhor (Lm 3.40).
3. A SÚPLICA POR RESTAURAÇÃO
Uma das marcas do ministério de Jeremias foi a vida de constante oração. O profeta orava pelo povo (Jr 5.3), por sua proteção (Jr 15.15-21) e restauração (Jr 32.17-25, 42) Percebe-se, no livro de Lamentações, que as orações do profeta eram fervorosas.
Uma das formas de oração é a súplica (hb. hanan), que corresponde ao ato humilde e intenso de pedir a misericórdia e o favor divino. Observe nos subtópicos seguintes
3.1. A súplica precisa ter Deus como alvo
Jeremias pediu ao Senhor por livramento da profunda cova (Lm 3.55). Deus, em Sua infinita graça, ouviu o clamor do Seu servo (Lm 3.56). A súplica tem o poder de aproximar-nos de Deus e abrir uma via dupla de diálogo, na qual recebemos o Seu consolo (Lm 3.57).
Confiantemente , o profeta entendeu que o Senhor entrará na luta por sua vida e, assim, conduziria a sua demanda contra os seus opositores. Como um parente remidor, Ele o livraria (Lm 3.58). O justo Senhor contemplou os ataques que seu servo fiel enfrentava, as injustiças que sofria, as afrontas que ouvia, o desejo de vingança e os malignos pensamentos dos seus adversários (Lm 3.59-62).
Jeremias descansou no fato de que Senhor Todo-poderoso só faria justiça: Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos (Lm 3.64-66).
3.2. A súplica deve ser específica
No quinto e último capítulo do livro de Lamentações, o profeta suplicou ao Senhor que se lembrasse de tudo que a nação enfrentava e considerasse o seu opróbrio (Lm 5.1). Assim, ele discorreu sobre as consequências do gravíssimo pecado da nação; a perda de suas propriedades e do direito à terra; o grande número de órfãos e viúvas; o fato de as necessidades básicas para viver - como a água e o pão - serem escassos e caríssimos; e de os perseguidores terem retirado do povo até o direito ao descanso (Lm 5.2-6).
Nesta súplica, o profeta especificou o pecado como sendo a causa de todo sofrimento que os israelitas estavam enfrentando: Nossos pais pecaram e já não existem; nós levamos as suas maldades (Lm 5.7) e ainda acrescentou: Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos (Lm 5.16).
3.3. A súplica leva à adoração
A adoração leva à contemplação da grandeza do Senhor, do Seu amor, misericórdia e poder ilimitado em suas operações.
A oração de Jeremias, no capítulo 5, termina em profunda adoração: Tu, Senhor, permanece eternamente, e o teu trono, de geração em geração (Lm 5.19). O profeta sabia que o Eterno não se esquece dos Seus amados filhos (Lm 5.20) e que Ele tem o poder de convertê-los e restaurá-los à forma original: Converte-nos, Senhor, a ti, e nós nos converteremos; renova os nossos dias como dantes (Lm 5.21).
CONCLUSÃO
Lamentações propõe uma reflexão sobre os sofrimentos que o pecado imputa a um povo. Neste livro, o profeta revela que (a) o Senhor é justo em julgar as nossas transgressões; (b) a constante prática da desobediência atrai muitos males; (c) a responsabilidade das decisões que tomamos, diante de Deus e dos homens, é individual; e (d) o Altíssimo sempre anuncia os resultados possíveis para as escolhas que fazemos: a vida ou a morte (Dt 30.19).
O livro também mostra que o nosso Senhor não tem prazer no pecado ou na dor da humanidade: Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens (Lm 3.33).
A esperança é imorredoura, porque o próprio Deus é a esperança do Seu amado povo (Jr 14.8)!
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Qual a principal causa do juízo de Deus sobre o Reino de Judá?
R.: O pecado.
Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 72 - Central Gospel
Pr Marcos André (Teólogo) - convites para ministrar palestras, aulas e pregações: contato 48 998079439 (Whatsapp)
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