quarta-feira, 9 de outubro de 2024

ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL / JOVENS E ADULTOS - Lição 1 / ANO 1- N° 3

A Eternidade de Cristo

TEXTO BÍBLICO BÁSICO
João 1.1-3,14,15
1- No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2- Ele estava no princípio com Deus.
3- Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
14- E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
15- João testificou dele e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu di- zia: o que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.

TEXTO ÁUREO
  Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Salmo 90.2

SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO

2ª feira Gênesis 3.20-22 Eis que o homem é como um de nós

3ª feira Gênesis 11.5-8 Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua

4ª feira Gênesis 16.7-14 A aparição do anjo do Senhor

5ª feira Isaías 6.1-8 A quem enviarei, e quem há de ir por nós?

6ª feira - João 1.29-31 Após mim vem um homem que foi antes de mim

Sábado João 8.58 Antes que Abraão existisse, eu sou

OBJETIVOS
  Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• compreender que Jesus é igual ao Pai em poder, glória e majestade:
• entender que a igualdade de Cristo com o Pai remete-nos necessariamente à Sua eternidade;
 conscientizar-se de que, diferentemente de tudo que há debaixo do céu, Cristo não teve princípio nem terá fim.


ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
  Prezado professor, o conhecimento mais profundo da natureza do Messias e Seu ministério terreno passa necessariamente pelo conhecimento de Sua condição como Ser eterno. O conceito da eternidade de Cristo deve estar bem firmado na mente e no coração de todos os estudantes da Palavra de Deus como pré-requisito à aprendizagem de todos os demais conhecimentos contidos nas Escrituras.
  A eternidade de Cristo é um tema recorrente em toda a Bíblia, a começar pela Criação (Jo 1.1-3). De modo pontual, este assunto pode ser visto também em outras narrativas veterotestamentárias, como na Queda (Gn 3.22), no episódio da torre de Babel (Gn 11.5-8) e nas várias aparições do anjo do Senhor (p. ex.: Gn 16.7-14; Jz 13.2-22). Há também as inúmeras profecias que tratam especificamente desse atributo natural de Cristo (SI 72.8,9; Is 53; Mq 5.2-4; Zc 9.10). No Novo Testamento, há o testemunho de João Batista (Jo 1.29-31), as declarações de alguns apóstolos e as alegações do próprio Cristo (Jo 8.58).
  Diante da vastidão e profundidade do tema desta lição, que se desdobra da Criação à Era da Igreja, é imperativo que nele nos aprofundemos para experienciarmos uma fé mais sólida. 
  Deus o abençoe na condução desta aula!

COMENTÁRIO
Palavra introdutória
  Ao falar sobre a existência humana de Cristo é preciso ter em mente que Ele, sendo Deus, já existia antes de tornar-se homem. O apóstolo Paulo declarou que Ele se esvaziou (ekenósen) de Sua glória eterna para assumir a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens, submetendo-se como servo, a todas as limitações da natureza humana (Fp 2.7).
  Mesmo sendo feito homem, o fato de Ele ser Deus remete-nos necessariamente à Sua eternidade, talvez mais do que qualquer outro atributo divino. O motivo é muito simples: Cristo não passou a existir no momento de Sua encarnação, Ele estava no princípio com Deus (Jo 1.1) e já existia antes que os montes nascessem (Sl 90.2). Significa dizer que a encarnação do Filho de Deus ocorreu em um tempo específico (Gl 4.4), mas Sua existência se estende de eternidade a eternidade.

1. O CONCEITO DE ETERNIDADE

1.1. Cristo e o conceito de eternidade
  Em Seu ministério terreno, Cristo esteve limitado ao tempo de Sua existência humana estabelecido dentro dos propósitos divinos. No entanto, como um Ser igual ao Pai, em poder, glória e majestade (Jo 10.30), Ele nunca esteve e nunca estará limitado pela natureza física.
  A Criação - a natureza, o universo e o próprio tempo teve uma origem. Cristo, todavia, sendo Deus, não teve princípio e jamais terá fim (Ap 22.13).

1.2. Sendo Deus, Cristo é também o Senhor do tempo 
  Algumas passagens bíblicas afirmam a realidade desse atributo divino; dentre elas destacam-se os versos do salmista- Desde a antiguidade fundaste a terra; e os céus são obra das tuas mãos. (...) Os teus anos nunca terão fim (Sl 102.25- 27) e a anunciação do profeta Isaías: Assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade (...) (Is 57.15 ARA).

1.3. Cristo, a segunda pessoa da Trindade
  Sendo a segunda pessoa da Trindade, Cristo compartilha de todos os atributos divinos. Da mesma forma que o Pai e o Espírito Santo são eternos, estando além do tempo e agindo no tempo, assim também o faz o Filho, pois são idênticos em essência, poder e glória (Gn 1.1).

1.4. Cristo e a criação do universo temporal
  O universo temporal só existe porque, antes dele, já havia um Ser eterno. Wayne Grudem explica assim esta realidade: "O fato de Deus jamais ter começado a existir pode também ser deduzido da verdade de que Deus criou todas as coisas. Quando Deus criou o universo, também criou o tempo. Mas antes de haver um universo, e antes de haver o tempo, Deus sempre existiu, sem princípio e sem ser influenciado pelo tempo. E o tempo, portanto, não tem existência por si mesmo, mas, como o resto da Criação, depende do eterno ser divino e do eterno poder divino para existir e continuar existindo.".
  O eterno Filho de Deus participou ativamente da Criação (Cl 1.16). Tudo que existe, inclusive o tempo, foi criado nele, e por Ele, e para Ele (Rm 11.36).
  Diante do exposto, pode-se afirmar que só um ser não limitado pelo Cronos poderia ter criado o mundo. Não por acaso, a eternidade de Cristo é atestada em toda a Escritura.

2. A ETERNIDADE DE CRISTO AFIRMADA NAS ESCRITURAS
  A parte das Escrituras, não há uma única fonte literária, de qualquer outra espécie, que consubstancie a doutrina da eternidade de Cristo. As cosmogonias, mitologias e tratados religiosos da Antiguidade simplesmente não mencionam a pessoa de Cristo, tampouco Sua eternidade, filiação divina e obra redentora. Só as Escrituras, do Antigo e do Novo Testamento, expõem o assunto como parte vital do cumprimento do plano de redenção da humanidade, cuja motivação principal é o amor de Deus e Sua compaixão pelo homem em estado de queda e de escravidão ao pecado (1 Tm 2.4).

2.1. Cristo na Criação
  O termo hebraico utilizado para designar Deus, no primeiro versículo da Bíblia (Gn 1.1), é Elohim. Embora a fé judaica seja essencialmente monoteísta, este vocábulo (Elohim) está no plural. A maior parte dos estudiosos entende que este significativo registro aponta para a Trindade: Deus é uno, mas também se manifesta em três pessoas distintas, isto é, no Pai, no Filho e no Espírito Santo.
  No relato da Criação, a expressão "disse Deus" é recorrente (Gn 1.3ss). O apóstolo João afirma que Jesus é o Verbo (gr. logos = "palavra") divino e que todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (Jo 1.1,3). No entendimento da maioria dos teólogos, o Verbo de Deus estava em ação nesses versos, ou seja, João atribui a intermediação criadora ao Cristo eterno.
  Até o sexto dia da Criação, Deus apenas dizia "haja", e as coisas passavam a existir. No sexto dia, porém, o Altíssimo decidiu criar o homem e disse: Façamos o homem (...) (Gn 1.26,27). De acordo com a interpretação cristã tradicional, há aqui uma pluralidade dentro da divindade e um endosso à doutrina da Trindade (Jo 1.3; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2).
  O apóstolo Paulo declarou, de maneira enfática, que em Cristo foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis (...) (CI 1.16). O autor aos Hebreus também afirma que o Filho de Deus sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3).

2.2. Cristo na Queda
  No Éden, ao ceder à tentação do fruto proibido, o homem mostrou-se incapaz de sustentar a elevada condição para a qual fora criado. Após o pecado adâmico, Deus declarou: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal (Gn 3.22). 

 Mais uma vez, fica evidente a pluralidade de Deus, agora na expressão "um de nós", que inclui a igualdade de Cristo ao Pai e ao Espírito Santo, como segunda pessoa da Trindade.

2.3. Cristo na torre de Babel
  Após o Dilúvio, os seres humanos voltaram a multiplicar-se (Gn 9.1); isto implicaria migrar para todos os cantos do planeta. Entretanto, alguém teve uma ideia diferente: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre (...) para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra (Gn 11.4). Como todos falavam um único idioma, Deus tomou uma decisão: Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua (...) (Gn 11.7).
  Também aqui os verbos estão no plural, uma clara indicação da presença de, pelo menos, mais de uma pessoa. No original hebraico, a forma é semelhante à de Gênesis 1.26, remetendo ao conselho divino. Por esta razão, a maioria dos estudiosos entende que se trata de uma alusão à Trindade e, portanto, à eternidade de Cristo.

2.4. Cristo e o anjo do Senhor
  Em várias passagens do Antigo Testamento, é mencionada a figura do anjo do Senhor (Jz 13.21; Zc 3.6 etc.). Esse tipo de aparição é denominado teofania (gr. theophanía = "aparição, revelação ou manifestação de Deus").
  De acordo com grande parte dos estudiosos da Bíblia, as aparições do anjo do Senhor são consideradas manifestações do Cristo pré-encarnado em forma visível. Entre várias outras passagens bíblicas, foi este Anjo quem confortou Agar no deserto, quando ela fugiu de Sara, convencendo-a a retornar para a sua senhora (Gn 16.6-13; veja também 21.9-19). Também foi Ele quem bradou dos céus a Abraão para impedir que o patriarca sacrificasse o próprio filho, Isaque (Gn 22.11-18). O mesmo Anjo manifestou-se a Moisés no episódio da sarça ardente (Ex 3.1-6) e falou a Gideão para animá-lo (Jz 6.11-22).

2.5. Cristo nas profecias de Isaías
  Teólogos de todos os tempos veem, em Isaías 6.8, uma referência ao fato de Deus ser simultaneamente uno a quem enviarei? e - trino - quem há de ir por nós? A pluralidade divina e a presença de Cristo são realidades evidenciadas nesse texto.
  Muitos intérpretes veem, em Isaías 9.6, tanto uma alusão à humanidade de Cristo - um menino nos nasceu, - quanto uma referência à Sua divindade - um filho se nos deu.

3. A ETERNIDADE DE CRISTO NO NOVO TESTAMENTO

3.1. A eternidade de Cristo pela ótica de João Batista
  João Batista foi o precursor do Messias e o maior dos profetas da antiga dispensação. Apesar de sua importância, João sabia muito bem que o seu papel era anunciar a chegada daquele que era mais poderoso do que [ele] (Mt 3.11). Contudo, é notável o fato de ele estar muito bem informado sobre a natureza daquele a quem precedia: O que vem depois de mim tem (...) a primazia, porquanto já existia antes de mim (Jo 1.15,30 ARA).

3.2. A eternidade de Cristo pela ótica do apóstolo João
  João dá grande destaque à divindade do Messias, e é justamente isto que o diferencia dos demais Evangelhos. Enquanto Mateus, Marcos e Lucas apresentam Cristo em ação, João, com o objetivo de combater as teorias gnósticas de sua época, preferiu ressaltar que Jesus era o unigênito de Deus, o Verbo divino e eterno, possuidor dos mesmos atributos de Jeová. Por este motivo, João é identificado como "o evangelho do Filho de Deus".
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  O destaque do Evangelho de João à divindade de Cristo inclui, naturalmente, o atributo da eternidade que, de fato, é declarada na abertura do livro: No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus (Jo 1.1,2).
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3.3. A eternidade de Cristo pela ótica do apóstolo Pedro
  Além de declarar o Cristo preexistente, o apóstolo Pedro traz, em 1 Pedro 1.20, uma nova informação aos seus leitores: Deus não criou o mundo e então decidiu escolher Cristo para assumir o papel de redentor. Deus o apontou na eternidade, antes da criação do mundo.
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  (...) Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, (...) em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós (1 Pe 1.19,20).
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3.4. A eternidade de Cristo pela ótica do apóstolo Paulo
  Paulo, ao escrever aos crentes de Colossos, revela o contraste entre os seres criados e o Cristo criador e aponta a eternidade do Filho de Deus (Cl 1.16,17). Nesses versos, o apóstolo está afirmando que Cristo é eterno em relação à ordem criada - Ele é antes de todas as coisas - e teve participação ativa na Criação - tudo foi criado por ele e para ele. Paulo ainda acrescenta que todas as coisas [criadas] subsistem por ele, ou seja, Cristo não apenas criou tudo que existe; Ele é também o sustentador e o consumador de toda a Criação.
  Ao seu filho na fé, Timóteo, o apóstolo diz que, antes de o mundo existir, Cristo se mostrava ativo e fazia cumprir os Seus soberanos propósitos (2 Tm 1.9.10).

3.5. A eternidade de Cristo pela ótica do próprio Cristo
  O próprio Senhor Jesus, em várias ocasiões, afirmou que estava presente no mundo espiritual antes de Seu nascimento no mundo natural.
  Na oração sacerdotal (Jo 17.14,18), a afirmação "eu não sou do mundo" indica que Cristo já existia em outro lugar. A menção ao fato de que Ele foi enviado à terra indica Sua eternidade, pois Ele não poderia ser enviado se não existisse previamente.
  Ainda na oração sacerdotal, o Filho pede ao Pai: glorifica-me tu, ó Pai, (...) com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse (Jo 17.5). Ele também roga: Aqueles que me deste quero (...) que (...) estejam comigo (...); porque tu me hás amado antes da criação do mundo (Jo 17.24).
  Diante de uma multidão, à margem do mar da Galileia, Cristo declarou: Eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou (Jo 6.38). Em outro discurso, Ele afirma: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo (Jo 8.23). Nessas duas ocasiões, Cristo estava informando o Seu lugar de procedência, o céu, o mundo da eternidade, o Seu Reino de glória (1 Ts 2.12).
  Cristo também reiterou a Sua superioridade em relação a Abraão diante dos judeus que o acusavam: (...) antes que Abraão existisse, Eu Sou (Jo 8.58). Com essa declaração, Jesus não estava dizendo que viveu antes de Abraão, Ele estava se identificando com o eterno Eu Sou, o próprio Jeová, que é eterno (Ex 3.14).

CONCLUSÃO
  O Senhor Jesus, sendo Deus, já existia antes de Sua encarnação. De fato, como segunda pessoa da Trindade, Ele já existia antes mesmo da criação do universo. Sua eternidade é afirmada em toda a Escritura.
  Que possamos, como aqueles que testemunharam a presença do Eterno ao longo dos tempos, render-lhe toda honra e glória, reconhecendo-o como o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

1. O que significa dizer que Cristo é um Ser eterno?

R.: Significa que Ele não passou a existir no momento de R Sua encarnação, Ele estava no princípio com Deus (Jo 1.1).

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