A Traição, a Última Ceia e o Memorial da Nova Aliança
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Lucas 22.7-13
7- Chegou, porém, o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava sacrificar a Páscoa.
8- E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos.
9- E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?
10- E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar.
11- E direis ao pai de família da casa: O mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?
12- Então, ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei os preparativos.
13- E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a Páscoa.
TEXTO ÁUREO
Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha. 1 Coríntios 11.26
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Lucas 22.3-5 O pacto da traição
4ª feira - Mateus 20.17-19 Jesus prediz Sua morte e ressurreição
6ª feira - Mateus 27.27-31 Jesus é entregue aos soldados
Sábado - Mateus 27.32-56 A crucificação
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• conscientizar-se de que a morte de Jesus estava determinada nos planos eternos de Deus;• conhecer os rituais e significados da Páscoa judaica como base para compreensão do sacrifício substitutivo de Cristo no Calvário;
• identificar a cela como um cerimonial instituído por Jesus, com o objetivo de proclamar Sua morte expiatória e Seu glorioso retorno ao mundo.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, na quinta-feira mais importante da História, Jesus saiu de Betânia, seguiu para Jerusalém e chegou ao cenáculo preparado para a ceia da Páscoa, pouco antes da hora marcada. A atmosfera em toda a cidade era festiva. Nas ruas, milhares de judeus jubilosos aguardavam o momento de consumir o cordeiro pascal, anunciado pelas trombetas dos sacerdotes.
Mas, nem tudo era alegria naquela noite. Pelo fato de as autoridades temerem que os peregrinos - ressentidos com a ocupação romana - aproveitassem a ocasião para Iniciar uma revolta, os soldados tinham ordens expressas para atacar ao menor sinal de perturbação. Além disso, um plano tenebroso estava prestes a ser executado: os chefes religiosos, auxiliados por Judas Iscariotes, o discípulo traidor, mobilizavam-se para prender o Messias.
Que esta lição inspire a Igreja a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus, especialmente em tempos de provação, mantendo firmes a fé, a esperança e o amor.
Excelente aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Naturalmente, a prisão e a crucificação de Cristo estavam previstas e determinadas nos planos divinos. A missão de Jesus seria concluída em breve, com Sua morte na cruz, o que daria ao ser humano o direito de reatar a comunhão com o Cria dor. Ao pressentir que vivia Suas últimas horas, Jesus tratou de reunir-se com os discípulos pela última vez, ocasião em que instituiu um memorial - a ceia do Senhor - a ser observado pela Igreja até o dia de Seu retorno à terra.
Desde que Jesus ressuscitou Lázaro, os líderes religiosos judeus planejavam tirar Sua vida, mas ainda não haviam encontrado uma oportunidade (Jo 11.47-53). Então, Judas Iscariotes, um dos discípulos, procurou os principais sacerdotes e capitães do Templo para entregá-lo. Eles ficaram satisfeitos e concordaram em dar dinheiro ao traidor (Lc 22.3-5). Devido a essa deslealdade, os líderes puderam finalmente capturar o Nazareno. Tudo isso ocorreu para que as profecias sobre o Messias se cumprissem, algo de que o Filho de Deus tinha plena consciência.
1.1. Fatores que contribuíram para a decisão de matar Jesus
Os Evangelhos relatam diversos fatores que incitaram a ira dos líderes religiosos daquela época, ira esta que se transformou em ódio implacável contra Jesus, culminando na decisão de matá-lo. A seguir, estão algumas dessas motivações:
1.1.1. A violação do sábado
Em várias ocasiões, Jesus foi criticado por curar no sábado. No tanque de Betesda, os religiosos questionaram o paralítico por carregar sua cama no dia de descanso; depois, passaram a perseguir o Mestre por realizar prodígios naquele dia (Jo 5.1-16). Em outra ocasião, a mulher encurvada provocou a indignação do líder da sinagoga, que insistiu que as curas deveriam ser feitas nos dias de trabalho. Jesus, chamando-os de hipócritas, ressaltou que eles libertavam seus animais no sábado para beber água; por tanto era justo libertar uma filha de Abraão da opressão de Satanás, mesmo que fosse no dia sagrado (Lc 13.10-16).
1.1.2. A inveja
A inveja dos líderes religiosos durante o julgamento de Jesus ficou evidente para Pilatos, conforme registrado em Mateus 27.18. A popularidade e autoridade do Mestre perturbavam os principais dos sacerdotes e fariseus, pois Ele ensinava de forma diferente dos escribas, ganhando a admiração do povo (Mt 7.28; Jo 7.46). A ascensão do Messias como líder espiritual ameaçava o status quo dos doutores da Lei, despertando neles sentimentos de inveja e hostilidade devido à perda de poder e influência.
1.1.3. A reprovação aos líderes religiosos
Jesus condenava os líderes religiosos, os escribas e fariseus, por sua ostentação religiosa e hipocrisia; estes realizavam obras para serem vistos pelos homens. Ele também criticava o uso exagerado de filactérios e a busca por títulos de honra (Mt 23.5-7).
O Mestre os acusava de negligenciar os princípios mais importantes da fé, como justiça e misericórdia, e de explorar viúvas e prosélitos (Mt 23.13-32; Mc 12.38-40). Além disso, alertava Seus discípulos sobre a influência corruptora dos fariseus, comparando-a ao fermento que se espalha pela massa (Mc 8.15).
______________________________ Jesus menciona os filactérios - pequenas bolsas de couro que se amarravam no braço ou na testa-, em Mateus 23.5, porque alguns mestres da Lei usavam esses apetrechos em tamanho maior, como forma de demonstrar piedade superior.
______________________________1.1.4. A expulsão dos cambistas do átrio do Templo
Durante os dias festivos, peregrinos costumavam comprar animais para o sacrifício no Templo, o que facilitava suas longas jornadas. No entanto, os cambistas aplicavam taxas abusivas na troca de moedas, aproveitando-se dos fiéis, enquanto os líderes religiosos toleravam essa exploração. Jesus, indignado com aquela prática, expulsou os mercadores da Casa de Deus, repreendendo a corrupção e a fraude que permeavam tais transações (Mt 21.12,13). Sobre os comerciantes no Templo, James B. Shelton explica: "Sem dúvida, a atitude do Mestre estava pondo em risco um esquema lucrativo, o que era mais um motivo para que os líderes religiosos o quisessem fora do caminho.".
1.1.5. Os milagres
A abundância de milagres realizados pelo Messias perturbava profundamente os líderes religiosos de Israel. No entanto, a ressurreição de Lázaro foi o ponto crítico que os levou a decidir por Sua morte. Em uma reunião, os fariseus e principais sacerdotes discutiram o assunto, destacando que o Nazareno estava realizando muitos sinais. Os mestres da Lei temiam que, se permitissem que Jesus continuasse, todos creriam nele, o que atrairia a atenção dos romanos, e estes lhes tirariam o status e a nação (Jo 11.47,48).
1.2. A participação de Judas
Judas Iscariotes desempenhou um papel crucial na condenação do Messias, oferecendo aos conspiradores uma proposta surpreendente e providencial. Eles concordavam que Jesus deveria ser preso fora da festa para evitar tumultos (Mt 26.5), mas aparentemente ainda não tinham um plano bem definido.
O motivo exato da traição de Judas não é conhecido, mas pode-se inferir que ele alimentava pensamentos negativos sobre Jesus, que disse a seu respeito: um de vós me há de trair (Mt 26.21). Uma reprimenda pública do Mestre pode ter intensificado suas intenções nefastas (Jo 12.4-8). Os evangelistas descrevem Iscariotes como um personagem ardiloso (Mt 26.14-16,47-49; Mc 14.10,11,43,44), cuja traição foi influenciada pela ação de Satanás em seu coração (Lc 22.3-6; Jo 13.2,27).
1.3. O plano de Deus
Jesus previu que Seu tempo na terra estava terminando e, por isso, revelou aos Seus discípulos que precisava ir a Jerusalém, onde sofreria, seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia (Mt 16.21). Essa revelação tinha como objetivo prepará-los para a missão de pregar o evangelho na Sua ausência física. Cristo estava ciente do plano divino e não foi surpreendido pela conspiração dos líderes religiosos ou pela traição de Judas.
2. A ÚLTIMA CEIA
Jesus, sabendo que Sua morte estava próxima, celebrou a Páscoa pela última vez com Seus discípulos em Jerusalém. Ele organizou os preparativos, revelou o traidor e instituiu a ceia do Senhor como memorial da nova aliança.
2.1. Os preparativos
Para celebrar a Páscoa com os discípulos, Jesus precisou encontrar um local adequado. Assim, Ele deu instruções específicas a Pedro e João: ambos deveriam seguir um homem carregando um cântaro de água até uma casa, onde preparariam a ceia em um grande cenáculo mobilado (Lc 22.7-12). Acredita-se que esse local fosse a casa de Maria, mãe de João Marcos.
2.2. O traidor é identificado
Naquela noite, no cenáculo, nem tudo foi celebração. Em certo momento, Jesus fez uma revelação perturbadora: (...) um de vós me há de trair (Jo 13.21). Ele já havia mencionado isso anteriormente (Jo 6.70,71), mas agora a traição estava prestes a acontecer.
O Messias não identificou o traidor imediatamente, mas disse que seria aquele a quem Ele desse o pedaço de pão molhado (Jo 13.26). Naquela época, o anfitrião oferecer pão molhado a alguém era um gesto de consideração especial. Foi o que Jesus fez com Judas, talvez em uma última tentativa de demover o discípulo de seu maléfico intento.
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3.1. O simbolismo do pão e do vinho
Durante a ceia de Páscoa, Jesus e os discípulos seguiram um ritual que incluía compartilhar três taças de vinho, comer ervas amargas com molho, pães asmos e cordeiro assado. O vinho era acompanhado por orações de agradecimento.
______________________________3. O MEMORIAL DA NOVA ALIANÇA
A Páscoa judaica, que simboliza a libertação do povo de Israel do Egito, prefigura a redenção trazida por Jesus, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Essa conexão é reforçada por João, o discípulo amado, que O associou à prescrição de não quebrar os ossos do cordeiro pascal (Jo 19.36; cf. Ex 12.46), e por Paulo, que O chamou de nosso Cordeiro pascal (1 Co 5.7 ARA), destacando sua importância na tradição judaica.
Cristo aproveitou a ocasião da última ceia para instituir uma nova celebração, utilizando pão e vinho para simbolizar a comunhão e representar Seu corpo e sangue (Mt 26.26-28; cf. 1 Co 11.23-26). Horas depois desse evento significativo, ο Cordeiro de Deus foi sacrificado pelos pecados da humanidade, cumprindo assim Seu papel redentor.
O pão repartido simboliza o Seu corpo, oferecido como sacrifício em nosso favor, enquanto o vinho representa Seu sangue derramado para a remissão de nossos pecados.
• O pão - o Filho de Deus declarou certa vez: Eu sou o pão da vida (Jo 6.35). Ao partilhar o pão, os seguidores de Jesus recordam Seu sacrifício vicário, uma vez que Ele entregou o Seu corpo à morte para consumar a nossa redenção. • O vinho - na ceia do Senhor, o vinho simboliza a concessão da vida, um sacrifício de sangue que inaugura a nova aliança para aqueles que respondem à oferta de salvação (Hb 8.8,13; 9.11-28). O Salvador morreu na cruz em nosso lugar para expiar os nossos pecados, ou seja, para resgatar-nos com Seu próprio sangue (At 20.28).
3.2. O propósito da ceia do Senhor
A ceia do Senhor é uma cerimônia conexiva, da qual os crentes participam regularmente para proclamar a morte de Jesus e expressar a esperança em Sua segunda vinda, quando todas as promessas divinas serão cumpridas (1 Co 11.23-26).
Esse memorial nos conecta com a expiação substitutiva realizada por Cristo. Quando dele participamos, voltamos nosso olhar para o Calvário, recordando o sacrifício do Cordeiro imaculado, enquanto também antecipamos com alegria o Seu retorno à terra e o cumprimento completo das promessas divinas, incluindo as bodas do Cordeiro.
CONCLUSÃO
Durante a Páscoa, uma das festas mais significativas do povo judeu, os líderes religiosos se reuniram para planejar a prisão e execução de Jesus. Consciente da proximidade de Sua morte, Ele reuniu Seus discípulos no cenáculo para celebrar a Páscoa uma última vez. Foi então que o Salvador instituiu uma nova ceia, o memorial da nova aliança, que Seus seguidores deveriam perpetuar até o Seu retorno.
Jesus estava plenamente ciente do que acontecia e do sofrimento que o aguardava nas mãos de Seus algozes, mas permaneceu fiel ao plano divino e à missão de resgatar a humanidade do pecado por meio de Seu sacrifício na cruz. Graças à Sua fidelidade, um dia desfrutaremos de uma Páscoa eterna, sem simbolismos, vivendo a magnífica realidade prometida por Ele: Digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele Dia em que o beba de novo convosco no Reino de meu Pai (Mt 26.29).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Na ceia do Senhor, o que o pão e o vinho simbolizam?
R.: O pão, Seu corpo dilacerado na cruz; o vinho, Seu sangue derramado por todos.
Fonte: Central Gospel
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