O Pietismo: Reavivando o Coração Através da Devoção
Pessoal
2 de Fevereiro de 2025
TEXTO ÁUREO
"Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina;
persevera nestas coisas; porque, fazendo
isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como
aos que te ouvem", 1 Timóteo 4.16
VERDADE APLICADA
Devemos nos manter dependentes da
ação do Espírito para que a Sua chama
não se apague em nossa vida até que
Cristo venha.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
- Compreender o surgimento do pietismo;
- Identificar as ideias do pietismo;
- Ressaltar a essência das nossas raízes teológicas.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Habacuque 3
1. Oração do profeta Habacuque sob a forma de canto.
2. Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no
meio dos anos a notifica; na ira lembra-te
da misericórdia.
3. Deus veio de Temã, e o Santo, do monte de Parã. (Selá) A sua glória cobriu os céus, e
a terra encheu-se do seu louvor.
4. E o seu resplendor era como a luz, raios
brilhantes saíam da sua mão, e ali estava o
esconderijo da sua força.
5. Adiante dele ia a peste, e raios de fogo
sob os seus pés.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Is 11.2 O espírito de sabedoria e de entendimento.
TERÇA | Mt 28.19 A missão evangelizadora da Igreja.
QUARTA | Mt 28.20 A missão de ensinador da Igreja.
QUINTA | Mc 16.15-20 A Igreja e a evangelização.
SEXTA | At 2.1-4 A Igreja cheia do Espírito Santo.
SÁBADO 1Ts 4.7
Deus nos chamou para a santificação.
HINOS SUGERIDOS: 1, 5, 15
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que as igrejas não se afastem das
verdadeiras doutrinas bíblicas.
INTRODUÇÃO
O pietismo teve uma influência abrangente, principalmente no pentecostalismo nos Estados Unidos e na Escandinávia, com foco maior
na Suécia e na Noruega. Essa influência está presente também nas
raízes teológicas das Assembleias de Deus no Brasil.
PONTO DE PARTIDA: Devemos buscar ao Senhor.
1- O surgimento do pietismo
A história da Igreja foi marcada
pelo surgimento de novos movimentos, que transformaram as sociedades. Dentre esses
movimentos, podemos
ressaltar o pietismo, que
surgiu nos fins do século
XVII como resposta ao
autoritarismo da igreja
oficial luterana.
1.1. As ideias da reforma pietista.
O enfraquecimento religioso,
a frouxidão moral e as permanentes
disputas teológicas entre os luteranos e
os calvinistas fez com que surgisse um
novo movimento de renovação, que logo ficou conhecido como pietismo.
Esse movimento religioso originou-se
no luteranismo, que estimava as experiências individuais. Para o pietismo,
a vida piedosa deveria ser
refletida em todas as ações
do cristão. O movimento
defendia a renovação da piedade com base em um retorno subjetivo e individual ao
estudo da Bíblia e à oração.
Geoval da Silva (2010, p.
17): "Os ideais da reforma propostos
pelo movimento pietista possibilitaram
renovado entendimento e prática do
cristianismo. Essa nova prática reforçava o sacerdócio universal de cada crente, já enfatizado na reforma protestante
de Martinho Lutero. Para o pietismo, a
prática do cristão deveria estar diretamente relacionada à formação pastoral.
Spener propunha uma reforma dentro
da Igreja a partir de pequenos grupos de
leitura da Bíblia, oração e fortalecimento do testemunho cotidiano dos crentes
e uma formação pastoral que possibilitasse ao pastor um testemunho de fé
em sua prática diária. Para o pietismo,
a prática do cristão deveria estar diretamente relacionada à formação pastoral.
Esta se relacionava à vida piedosa, que
deveria refletir-se em todas as ações
dos cristãos".
1.2. O Resgate da Reforma.
O movimento pietista buscava promover
uma espiritualidade mais profunda e
pessoal, enfatizando a importância da
experiência individual com Deus. Ele
procurava superar divisões e hierarquias dentro da sociedade e da igreja,
promovendo uma comunhão universal entre os crentes. Essa abordagem
visava unir as pessoas em torno de valores espirituais e éticos, independente
de suas origens sociais ou de seu status.
Earle E. Cairns (1988, p. 327):
"Bem diferente do misticismo da luz
interior foi o movimento pietista da
Alemanha, surgido como uma correção evangélica para a ortodoxia fria da
igreja luterana do século XVII.O pietismo acentuava um retorno subjetivo
e individual ao estudo bíblico e à oração. A verdade bíblica se manifestaria
diariamente numa vida de piedade, a
leigos e a ministros indistintamente. O pietismo provocou um novo interesse
pelo estudo, discussão da Bíblia e aplicação dela à vida diária e no cultivo de
uma vida pia. A ênfase recaia sobre a
função do Espírito Santo como iluminador da Bíblia e sobre as boas obras
como expressão da verdadeira religião.
Infundiu-se um novo vigor espiritual
na Igreja Luterana".
1.3. O pai do pietismo.
Philipp Jakob
Spener (1635-1705), teólogo luterano
alemão, denunciou os abusos na igreja
e a falta de conhecimento bíblico dos
crentes em sua obra Pia Desideria,
de 1675. Nela, Spener propunha um
programa abrangente de Reforma para
a Igreja Luterana. Assim iniciou-se o
movimento pietista, que defendia um
intenso aperfeiçoamento da piedade
na essência luterana. Predominava em
sua teologia a priorização das Escrituras em lugar dos credos, a procura da
santificação, a defesa da doutrina que
tem a Bíblia como a única referência
de fé, o conhecimento religioso aprofundado e a preocupação com o desenvolvimento espiritual.
Isael de Araujo (2007, p. 586): "O
pietismo teve como seu fundador Philipp Jakob Spener (1635-1705), com a
sua obra Pia Desideria (1675), apoiado
por August Hermann Francke (1663-
1727), Johann Albrecht Bengel (1687-
1752) e Gottfreid Arnold (1660-1714).
Principais características do pietismo: 1) afirmavam a possibilidade de
uma experiência pessoal com Deus,
começando pelo "novo nascimento"
por meio do Espírito Santo; 2) a insistência em que a experiência com
Deus tem implicação direta quanto à
maneira pela qual o crente pode viver
(santificação); 3) os requisitos de uma
comunidade que sempre compreenda
a si mesma com uma postura contra
o contexto social maior; 4) cronologicamente, a designação da confluência
particular dessas preocupações como posterior ao desenvolvimento da
ortodoxia confessional e anterior ao
Iluminismo; e 5) uso quase exclusivo do termo para grupo protestantes,
embora ideias e ênfase comuns sejam
encontradas entre os cristãos ortodoxos e católicos romanos".
EU ENSINEI QUE:
O movimento pietista buscava promover uma
espiritualidade mais profunda e pessoal, enfatizando a importância da experiência individual
com Deus.
2. A convocação para uma segunda Reforma
Em 1675, Spener publicou o livro
intitulado Pia Desideria ("Desejos
Piedosos"), cujo título deu origem
ao termo "pietista". A obra é composta por três partes, nas quais
expõe o pensamento do movimento, que desejava reparar a vida da
Igreja. Assim, Spener procurou fazer uma avaliação das condições da
igreja Luterana e a convocou para
uma segunda Reforma.
2.1. A decadência espiritual da Igreja
Luterana.
Apoiando-se na ideia de que
a Igreja Luterana, em sua teologia, estava se afastando muito da realidade
e da incumbência da Igreja, surgiu o
movimento pietista. Esse movimento
avivalista difundiu a fé protestante em
muitas partes do mundo; pois, para os
pietistas, a Igreja Luterana tinha adotado práticas não bíblicas. Isto é, a igreja
passou a admitir algumas doutrinas e
tradições que eram conflitantes com
os princípios da Reforma Protestante.
Roger Olson (2001, p. 488): "No
século pós-Reforma, o cristianismo
luterano na Alemanha entrou em um
estado de letargia espiritual, moral e
teológica. É claro que havia exceções
notáveis. De modo geral, porém, o
cristianismo autêntico era identificado como correção doutrinária e
sacramental. Exemplo notável dessa
tendência foi o aumento da crença na
regeneração batismal. E...] O pietismo
foi o movimento que surgiu no contexto da ortodoxia luterana, que muitos pietistas chamavam de `ortodoxia
morta: Para eles, pelo menos, ela não
revelava nenhuma vida espiritual real.
Queriam identificar o cristianismo autêntico em termos da experiência genuína da transformação interior pelo
Espírito de Deus".
2.2. Conde Nicolau Ludwig Von Zinzendorf.
O avivamento do movimento pietista ultrapassou as fronteiras
e alcançou um grupo de exilados da
Boêmia, cuja origem remonta à obra
do pré-reformador João Huss, martirizado em 1415. Em 1722, Zinzendorf
convidou esse grupo para se estabelecer em uma de suas propriedades na
Saxônia. Posteriormente, esses irmãos,
por conta da origem, passaram a ser
identificados como "moravianos': Na
verdade, é quase impraticável pensar
numa missiologia ou teologia da missão sem considerar o papel do Conde
Zinzendorf, apontado como a figura
mais importante da história da espiritualidade cristã do século XVIII.
Eddie Hyatt (2021, p. 126): "O conde Zinzendorf era um cristão comprometido, a quem em contemporâneo
descreveu como "uma das personagens
mais extraordinárias que apareceram
na igreja de Cristo desde o período
da reforma. Zinzendorf foi criado
por pais pietistas e influenciado pelos líderes do movimento pietista. [...]
Zinzendorf transformou os morávios
num corpo eclesiástico, com anciãos
e pastores, encorajando-os a pedir a
Deus pelo derramamento gracioso do
seu Santo Espírito".
2.3. A missiologia moraviana.
Os morávios defendiam que divulgar os ensinamentos contidos no Evangelho aos
perdidos é dever de toda a Igreja e não somente de determinada sociedade ou
de alguns indivíduos. Esse pensamento levou o Conde Nicolau Ludwig Von
Zinzendorf, ao assumir a liderança
espiritual dos morávios, a transformar o grupo em um grande centro de
preparação e envio de missionários, o
que acabou influenciando muitos movimentos na Europa e no mundo. John
Wesley foi um dos que foram influenciados por esse movimento.
Gilmar Chaves (2017, p. 178): "O
avivamento dos morávios começou
com uma dinâmica de oração de 24
horas diárias e de pregação e ensino
ininterrupto da Palavra de Deus. Naquelas reuniões, inúmeras pessoas receberam o chamado missionário para
várias partes do mundo, inclusive para
o Continente Americano, África, Índia
e outros países. O despertar missionário moraviano sacudiu o mundo".
EU ENSINEI QUE:
O movimento Pietista avivalista difundiu a fé
protestante em muitas partes do mundo.
3. Nossas raízes teológicas
A identidade das raízes teológicas
das Assembleias de Deus surgiu
com o DNA dos movimentos de
renovação e avivamento. Entre
esses movimentos, temos o pietismo, considerado por alguns estudiosos como, depois da Reforma
Protestante, o mais relevante na
história do cristianismo.
3.1 A influência pietista no avivamento norte-americano.
Descortinando a História, podemos ver que, entre os
grandes movimentos que inflamaram
o avivamento norte-americano, na conjuntura do século XVII, destaca-se o
pietismo. Esse movimento pregava que
o homem interior deveria ser edificado,
regenerado e equilibrado; para, assim,
tornar-se um agente de mudança.
Isael de Araujo (p. 586, 2007), comentando sobre a influência do pietismo europeu no pentecostalismo nos
EUA: "O pentecostalismo nos Estados
Unidos foi influenciado pelo pietismo
surgido na Alemanha no século 17.
Os pentecostais norte-americanos,
no fundo, articularam o foco central
do pensamento pietista. Sua principal
influência refletida no pentecostalismo norte-americano foi seu papel
no metodismo e nas articulações de
Keswick" O chamado Movimento de
Keswick era formado por convenções
realizadas naquela cidade inglesa, as
quais enfatizavam a vida cristã aprofundada ou a vida superior.
3.2. A influência americana e escandinava no avivamento brasileiro.
A
história do pentecostalismo brasileiro
passa pelo avivamento nos Estados
Unidos, onde estavam os pioneiros
suecos das Assembleias de Deus no
Brasil, Vingren e Berg. Além deles,
também exerceram influência no Brasil os missionários enviados pelos EUA e as diversas obras literárias
doutrinárias aqui publicadas. Mesmo
assim, talvez no início do século XX,
a maior influência tenha sido do pietismo escandinavo (sueco-norueguês),
que dava forte ênfase à vida espiritual. Para Gutierre Fernandes, no artigo
As origens pietistas da Assembleia de
Deus do Brasil, houve ainda outras
heranças escandinavas, como: a forte
ênfase na observação de usos e costumes, principalmente nas primeiras
sete décadas do século XX; a prática
de saudar com a "paz de Deus" ou a
"paz do Senhor"; e a prática da confissão pública de pecados nos cultos de
celebração da Ceia do Senhor.
Bispo Oídes do Carmo (2022, p.
6): "O começo do ministério assembleiano no Brasil ocorreu através de
dois homens cheios do Espírito Santo.
A história mostra que os missionários
suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren
chegaram a solo brasileiro após receberem uma palavra profética, enquanto
estavam nos Estados Unidos, de que
deveriam ir ao Pará [Mc 16.15; At
13.2]. Para melhor entendermos essa
convocação divina, esses homens nem
sequer sabiam onde esse lugar ficava.
Diante desta profecia, eles recorreram
a um mapa-múndi e viram que se tratava de uma cidade no norte do Brasil".
3.3. As marcas pietistas nas Assembleias de Deus.
A partir dos
registros de W. Walker (1981), é
possível identificar várias características presentes nas raízes das
Assembleias de Deus no Brasil,
como: (a) a importância do sentimento na experiência cristã; (b) a
participação dos leigos na edificação da vida cristã; (c) a ênfase na
atitude ascética com referência ao
mundo; (d) o grande interesse pela leitura da Bíblia; (e) a ênfase na
transformação espiritual; e (f) o
forte impulso missionário. É preciso aproveitar a reflexão sobre este
movimento impactante na história
da Igreja para prosseguir clamando ao Senhor, buscando e ansiando mais do Senhor, do Seu amor e da Sua graça, como expressou o
salmista: "Eu quero mais e mais de
Cristo. Eu quero mais do Seu poder.
Eu quero mais da sua presença. Eu
quero mais do Seu viver", S1 42.1,2.
Donald Dayton (2021, p. 72): "O
pietismo, que de certa forma tem sido
negligenciado, também pode ser uma
frutífera fonte na busca das raízes do
pentecostalismo. (...) quando tratamos
da doutrina da cura divina, veremos
também como o pietismo exerceu
um importante papel na evolução da
doutrina".
EU ENSINEI QUE:
A identidade das raízes teológicas das Assembleias de Deus surgiu com o DNA dos movimentos de renovação e avivamento.
CONCLUSÃO
Que o estudo desta lição contribua para uma sincera e necessária reflexão sobre a vivência cristã. Como somos alertados nas Escrituras, à
medida que se aproxima a vinda do Senhor, a frieza e a indiferença tendem a se intensificar, alcançando muitos corações e mentes (Mt 24.12;
Ap 3.16-19). Que o Espírito Santo continue a aquecer o coração de cada
membro do Corpo de Cristo: "Não extingais o Espírito, 1Ts 5.19.
Subsídio Lição 5
Pr Marcos André (Teólogo) - convites para ministrar palestras, aulas e pregações: contato 48 998079439 (Whatsapp)
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