TEXTO ÁUREO
Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganhado; antes,
recebamos o inteiro galardão.
2 João 8
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira: 1 João 4.1; 2 João 7
Prove os espíritos, pois muitos são enganadores
3ª feira: 1 João 2.18,26; 4.1
Cuidado com os falsos mestres nos últimos tempos
4ª feira: 2 João 8; 1 Coríntios 3.13,14
Seja fiel para não perder sua recompensa
eterna
5ª feira: 2 João 10; Romanos 16.17
Evite os que professam doutrinas falsas
6ª feira: 3 João 4; Romanos 14.22
A alegria está em ver os filhos andando na
verdade
Sábado: 3 João 9; Provérbios 16.18
O orgulho precede a queda; evite buscar
destaque
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
- reconhecer que aqueles que se dedicam à obra do Senhor receberão grande
recompensa;
- compreender que a saúde espiritual deve ser sólida a ponto de influenciar
positivamente a saúde física;
- entender que, na obra do Senhor, a primazia pertence sempre a Deus, e não ao
homem.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, ao conduzir esta lição, adote uma postura reflexiva, incentivando
os alunos a compreenderem a importância da dedicação à obra do Senhor, da saúde
espiritual e da humildade no serviço cristão. Enfatize o valor das pequenas porções
das Escrituras e sua relevância atemporal. O diálogo deve ser conduzido de forma
interativa, estimulando a participação com perguntas que promovam a aplicação
prática dos princípios estudados. Ao abordar os exemplos de Gaio, Diótrefes e
Demétrio, é essencial destacar o impacto do testemunho pessoal na comunidade
cristã.
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
As duas últimas epístolas de João são os menores escritos do Novo Testamento, com
treze e quinze versículos, respectivamente. Apesar da brevidade, elas transmitem
ensinamentos de profunda relevância, cuja influência se mantém ao longo dos
séculos. Assim como a primeira carta, ambas foram escritas para alertar sobre os
falsos mestres que negavam a encarnação de Cristo (2 Jo 7; 1 Jo 4.3).
A concisão desses escritos não compromete sua importância nem reflete uma
limitação do pensamento joanino. Pelo contrário, o próprio autor esclarece a razão da
brevidade: Tendo muito que escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta; mas
espero ir ter convosco e falar de boca a boca, para que o nosso gozo seja cumprido (2 Jo 12). Esse registro evidencia o anseio do apóstolo por um contato direto com seus
destinatários, privilegiando o diálogo pessoal em vez da comunicação escrita.
1. A IDENTIDADE DOS DESTINATÁRIOS DA EPÍSTOLA
Em sua segunda carta, João orienta os crentes a não acolherem nem mesmo
saudarem os falsos mestres, evitando assim qualquer tipo de associação que pudesse
comprometer a fé verdadeira.
1.1. O ancião
O autor da epístola se apresenta unicamente como "o ancião", termo que pode ser
traduzido como "presbítero" ou "bispo". Embora não mencione explicitamente seu
nome, a tradição cristã, apoiada pelos pais da Igreja, atribui sua autoria ao apóstolo
João, irmão de Tiago. Esse reconhecimento se baseia na semelhança de estilo e
conteúdo com os escritos joaninos, incluindo o Evangelho, as demais epístolas e o
Apocalipse. A designação "presbítero" sugere sua posição de liderança entre as
igrejas da Ásia Menor, na qual exerceu um papel de supervisão pastoral e doutrinária.
1.2. A senhora eleita
A identidade da senhora eleita tem sido objeto de diferentes interpretações. Alguns
estudiosos sugerem que se trata de uma mulher específica, membro da igreja, e que
Eleita poderia ser seu sobrenome. Outros vão além, associando-a a Maria, mãe de
Jesus. No entanto, tais hipóteses permanecem no campo da especulação. A maioria
dos intérpretes entende que a expressão designa a própria Igreja, recorrendo a uma
linguagem figurada para reforçar essa ideia.
1.3. Os filhos da senhora eleita
A expressão "e a seus filhos" (v. 1) refere-se aos membros da igreja, interpretação
confirmada pelo contexto da carta.
João destaca que alguns de teus filhos andam na verdade (2 Jo 4), em harmonia com
a afirmação inicial: (...) também todos os que têm conhecido a verdade (2 Jo 1). O
apóstolo expressa seu amor por esses crentes fiéis, enfatizando não um sentimento
meramente humano, mas um vínculo fundamentado na fé autêntica.
A recorrência desse conceito ao longo da epístola não é casual, mas um contraste
intencional com os hereges, que propagavam o erro ao negar a encarnação de Cristo
(2 Jo 7). Para o apóstolo, essa convicção não é transitória, mas eterna, pois está em
nós e para sempre estará conosco (2 Jo 2).
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O uso de metáforas e símbolos é uma característica marcante nos escritos joaninos,
especialmente no Apocalipse, em que a retórica e a riqueza simbólica exigem uma
leitura atenta para a correta interpretação dos significados.
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1.3.1. O mandamento essencial à senhora eleita e seus filhos
A autoria desta epístola é coerente com a da primeira carta de João, evidenciada pela
ênfase recorrente no amor. O apóstolo reforça que não apresenta um novo preceito,
mas reafirma um mandamento essencial desde o princípio: (...) Que nos amemos uns
aos outros (2 Jo 5).
A tradição cristã preserva relatos que descrevem João, já em idade avançada,
repetindo constantemente a exortação: Filhinhos, amai-vos uns aos outros. Ao ser
questionado sobre a repetição, teria respondido: Porque isto, já basta. Essa
insistência reflete a centralidade dessa ordenança na doutrina cristã, demonstrando
que ela transcende um mero sentimento, sendo um princípio inegociável da fé.
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Apesar da alegria ao reconhecer que parte da comunidade permanece fiel, João faz uma distinção significativa ao afirmar que apenas alguns (2 Jo 4) andam na verdade. Esse detalhe sugere a coexistência, dentro da Igreja, de fiéis nascidos de Deus e de outros que se desviaram, seguindo falsos mestres.
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2. O RELACIONAMENTO CRISTÃO E A NECESSIDADE DE DISCERNIMENTO
Embora João enfatize repetidamente o amor em suas epístolas, sua exortação contra
os falsos mestres é igualmente insistente. A presença desses indivíduos no seio da
Igreja representa uma séria ameaça à fé, exigindo vigilância e discernimento por parte
dos crentes (2 Jo 7-10).
2.1. Os enganadores
Embora fosse o Cristo (gr. Christos), o Messias (hb. Mashiah "Ungido") esperado por
Israel (Jo 1.41), muitos judeus não o reconheceram como tal (Jo 1.11). João emprega
termos contundentes para descrever aqueles que negam a messianidade de Jesus,
chamando-os de enganadores e anticristos (1 Jo 2.18,26; 4.1).
Além da rejeição judaica, os gnósticos também negavam Sua verdadeira identidade,
considerando-o apenas uma emanação espiritual. Entre eles, os cerintianos
ensinavam que Cristo habitou Jesus apenas do batismo até a crucificação. Essas
distorções da verdade ameaçavam a fé, levando João a alertar que negar Jesus como
o Ungido de Deus é rejeitar tanto Sua pessoa quanto o próprio evangelho (2 Jo 7).
2.2. A preservação da recompensa
João exorta os crentes à vigilância para que não percam aquilo que conquistaram,
mas recebam plenamente sua recompensa: Olhai por vós mesmos, para que não
percamos o que temos ganhado; antes, recebamos o inteiro galardão (2 Jo 8).
No contexto da epístola, a comunidade havia superado desafios impostos por falsos
mestres que, em grande parte, se afastaram. Contudo, a perseverança individual
continuava essencial para preservar os frutos espirituais adquiridos.
2.2.1. A falha no dever cristão
João distingue dois grupos dentro da Igreja: os que perseveram na fé e os que
negligenciam seus deveres espirituais. A fidelidade ao evangelho garante um relacionamento autêntico com o Senhor, enquanto a negligência compromete essa
comunhão.
O apóstolo é enfático ao afirmar que todo aquele que prevarica e não persevera na
doutrina de Cristo não tem a Deus (2 Jo 9a; grifo do autor). A prevaricação, nesse
contexto, refere-se à conduta daqueles que tratam com descaso os ensinamentos de
Jesus.
O verdadeiro ensino cristão não pode ser fragmentado conforme preferências
individuais, pois seus preceitos formam um conjunto coeso que deve ser integralmente
seguido. João destaca a bênção reservada aos que permanecem fiéis: (...) esse tem
tanto o Pai como o Filho (2 Jo 9b).
2.3. A precaução contra influências perigosas
Embora João seja conhecido como o apóstolo do amor, ele adverte que certos
indivíduos devem ser evitados, recomendando que não sejam recebidos em casa nem
mesmo saudados (2 Jo 10,11). Essa orientação não decorre de falta de afeto, mas
da necessidade de proteger a integridade da Igreja. O apóstolo deixa claro que o
mandamento do amor não exclui a prudência. Outras passagens bíblicas reforçam
essa instrução, exortando os crentes a se afastarem daqueles que promovem
divisões e distorcem a verdade (Rm 16.17; 2 Ts 3.6; 2 Tm 3.5; Tt 3.10).
3. O CONTRASTE ENTRE O CARÁTER DOS LÍDERES
3.1. Gaio, um exemplo de saúde espiritual
A terceira epístola de João é endereçada a Gaio, um irmão por quem o apóstolo
demonstra profundo afeto: (...) Ao amado Gaio, a quem, na verdade, eu amo. Amado,
desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a
tua alma (3 Jo 1,2). Embora pouco se saiba sobre sua posição na igreja da Ásia
Menor, este nome aparece em outras passagens do Novo Testamento (At 19.29; 20.4;
Rm 16.23; 1 Co 1.14).
Na cultura judaica, saudações costumavam incluir votos de saúde. No entanto, João
estabelece um vínculo entre a condição espiritual e o bem-estar físico de Gaio. Sua
vida de fé inspirava confiança, servindo como modelo para os crentes, especialmente
em tempos de instabilidade e afastamento da verdade.
3.1.1. O testemunho de fidelidade e hospitalidade
João expressa grande alegria ao reconhecer a fidelidade de Gaio, elogiando sua
conduta exemplar: Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os
irmãos e para com os estranhos (3 Jo 5). Sua hospitalidade, característica essencial
da vida cristã, é amplamente recomendada nas Escrituras (Êx 12.48; Rm 12.13; Hb
13.2).
Os estrangeiros mencionados na epístola eram, provavelmente, irmãos em viagem ou
pregadores itinerantes necessitados de apoio. Além de hospedá-los, Gaio também os
apoiava em suas necessidades, provavelmente com recursos financeiros, para que
pudessem prosseguir na missão: Porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios (3 Jo 7; grifo do autor). João reforça a importância desse auxílio ao declarar:
(...) aos tais devemos receber (...) (3 Jo 8).
3.2. Diótrefes, a arrogância que corrompe a liderança
Ao contrário de Gaio, elogiado por sua hospitalidade e amor ao próximo. Diótrefes é
repreendido por demonstrar arrogância e desejo de primazia. João destaca que ele se
recusou a reconhecer a autoridade apostólica (3 Jo 9).
Embora não se saiba qual função exercia na igreja, sua conduta revela um espírito
dominador, incompatível com a liderança cristã. Além de buscar protagonismo, ele
rejeitava a autoridade de João, que caminhou com o Messias e recebeu dele a missão
de proclamar as boas novas.
Na Igreja primitiva, a posição ocupada pelos apóstolos era a mais elevada;
desconsiderá-la representava uma afronta à ordem estabelecida. A atitude de
Diótrefes, nesse contexto, exemplifica um perigo recorrente, especialmente em
tempos em que a busca por status e reconhecimento se sobrepõe à verdadeira
entrega ao Reino.
João promete confrontá-lo, reprovando suas ações e palavras hostis (3 Jo 10). Além
de rejeitar a autoridade apostólica, ele difamava os irmãos, isolava seu grupo e
expulsava aqueles que buscavam comunhão. Sua conduta presunçosa e facciosa
contradizia os princípios do evangelho (cf. Tg 4.11; Pv 18.1).
3.3. Demétrio, um testemunho digno de confiança
Diferente de Diótrefes, cuja conduta era reprovável, Demétrio é elogiado por João
como um exemplo de integridade. Seu testemunho era amplamente reconhecido,
tanto pela igreja quanto pelo próprio apóstolo: Todos dão testemunho de Demétrio, até
a mesma verdade; e também nós testemunhamos (...) (3 Jo 12).
A menção à verdade ressalta a autenticidade de sua fé e conduta irrepreensível. Seu
bom testemunho não era apenas fruto da percepção humana, mas estava alinhado
com os princípios divinos.
CONCLUSÃO
As duas últimas epístolas de João, apesar de breves, transmitem ensinamentos de
profundo valor espiritual. Elas ilustram o contraste entre aqueles que vivem de acordo
com a verdade e os que se desviam por orgulho e rebeldia. O exemplo de Gaio e
Demétrio revela a importância da fidelidade e da hospitalidade, enquanto a atitude de
Diótrefes adverte contra a arrogância e a rejeição da autoridade legítima. Essas cartas
reforçam que um testemunho cristão autêntico não se baseia apenas em palavras,
mas na coerência entre fé e prática (3 Jo 11).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. A quem João se refere ao mencionar a senhora eleita em sua
epístola?
R.: A maioria dos estudiosos entende que a expressão "senhora eleita" representa a
Igreja.
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