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quarta-feira, 12 de novembro de 2025

ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL / JOVENS E ADULTOS - Lição 7 / ANO 2- N° 7


A Origem do Pecado

TEXTO BÍBLICO BÁSICO  

Gn 3.6, 22-23
6- E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 
22- Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente,
23- o Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado.

Romanos 8.22-23 
22- Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.
23 - E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos [...].

João 9.2-3 
2- [...] Seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
3- Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.

Deuteronômio 29.29
29- As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei.

TEXTO ÁUREO
Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. 
Romanos 5.12  

SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO

2ª feira - Gênesis 1.27-31
Tudo era bom - o mal veio depois
3ª feira - Tiago 1.13-15
O mal cresce onde o desejo reina
4ª feira - João 1.14; Filipenses 2.6-11
Jesus habitou o corpo, não o negou
5ª feira - Romanos 1.21-22
Sem reverência, tudo se quebra
6ª feira - Gênesis 4.1-7
A queda é escolha, não destino
Sábado - 1 João 3.7-8
Cristo veio desfazer as obras do mal

OBJETIVOS

    Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

  • compreender que o pecado humano não foi criado por Deus, mas surgiu da escolha livre de Adão em um mundo já tocado pela rebelião celestial;
  • refletir sobre a seriedade da desobediência como ruptura da comunhão com o Criador e a necessidade de redenção;
  • rejeitar explicações filosóficas que relativizam ou negam a responsabilidade humana na origem do mal moral.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

    Caro professor, a narrativa da entrada do pecado no mundo foi apresentada na Lição 4. Esta lição retoma o tema sob uma nova perspectiva: doutrinária, histórica e teológica. O objetivo, nesta oportunidade, é compreender seu significado, a razão de seu surgimento e como diferentes cosmovisões tentaram explicar a origem do mal, contrastando essas ideias com o testemunho das Escrituras.
    Ajude os alunos a discernirem a singularidade do ensino bíblico, que apresenta o pecado como fratura relacional e o mal como uma realidade complexa - nem sempre explicável, mas sempre enfrentada à luz da revelação.
    Excelente aula!

COMENTÁRIO
Palavra introdutória
    As lições anteriores exploraram a entrada do mal no mundo e suas primeiras expressões. Esta, por sua vez, amplia o olhar para o enigma de sua origem - não para esgotá-lo, mas para acolher o que as Escrituras revelam.
    O estudo começa com conceitos essenciais, passa pela perspectiva bíblica sobre a origem do pecado e conclui com um olhar sobre outras cosmovisões - contrastando-as com a Graça que, ainda hoje, responde ao mistério que, muitas vezes, nos escapa.

1. CONCEITUAÇÕES NECESSÁRIAS
    Falar do pecado como distorção da identidade é afirmar que ele não é um erro no código da Criação, mas uma falha moral que se inicia na liberdade individual.

1.1. Hamartia
    O termo grego mais comumente utilizado no Novo Testamento para designar o pecado é hamartia, com a ideia de "errar o alvo" - não por falha técnica, mas por escolha voluntária. O alvo é a glória de Deus (Rm 3.23); pecar, nesse contexto, é recusar tal propósito.
    Portanto, não se trata apenas de desobediência, mas de uma traição relacional, de um coração que, como o de Caim (Gn 4.5-7), rejeita a orientação do Senhor e insiste em sua própria vontade. Hamartia é errar sabendo, errar querendo. É quando o "eu" ocupa o lugar do Altíssimo.

1.1.1. Os sentidos como instrumentos, não como causa do pecado
    Ao longo da história cristã, especialmente em correntes ascéticas, houve quem visse nos sentidos físicos - visão, audição, olfato, paladar, tato - a porta de entrada do pecado. Assim, para proteger a alma, propunha-se a mortificação do corpo. Essa leitura, embora compreensível no zelo, falha em um ponto essencial: os sentidos são canais, não causas.
    Jesus foi claro ao ensinar que o mal não entra pela boca, mas sai do coração (Mt 15.18-19). Tiago reforça essa verdade ao dizer que a tentação se origina no desejo interior, que seduz, concebe e dá à luz a transgressão (Tg 1.14-15). O caminho da maturidade espiritual passa, portanto, não pela fuga sensorial, mas pela vigilância cuidadosa. Aquilo que permitimos que nos habite moldará nossa forma de ver, ouvir, tocar e falar. O corpo só responde aos anseios do coração.

1.2. Autonomia radical
    No coração do Éden, a promessa da serpente não foi apenas uma provocação, mas uma semente arquetípica de toda transgressão: [...] Sereis como Deus [...]. (Gn 3.5). A proposta era sedutora: não precisar mais depender, obedecer ou escutar. Ser como o Senhor significava, naquele contexto, tornar-se o próprio centro definidor do bem e do mal, juiz e legislador da própria existência.
    Fomos feitos à imagem, não como réplicas. Carregamos semelhança, mas não autonomia divina. Nossa liberdade é relacional e só se sustenta quando estamos dispostos a respeitar os limites. Quando rejeitamos a voz do Criador, essa condição se desfigura e passamos a refletir apenas a nós mesmos.
    Querer ser como Deus, à parte d'Ele, é o início de toda nudez e perdição - da alma, da verdade e da comunhão. Significa dizer que a autonomia radical, sem reverência, converte-se em autodestruição.

1.3. Mal físico e mal moral: distinções fundamentais
    Nos primeiros séculos da Igreja, alguns pensadores compreenderam que o mal, consequência da Queda, se desdobra em dimensões distintas. A tradição patrística distinguiu o mal físico e o mal moral:
  • Mal físico - como doenças, dores e catástrofes - pode ser experimentado por justos e injustos (Jo 9.1-3; Jó 1-2).
  • Mal moral nasce da liberdade ferida, quando o pecado fere o coração da aliança com o Senhor (Tg 1.14-15).
    No entendimento dos pais da Igreja, Deus pode permitir o mal físico como forma de disciplina ou revelação (Hb 12.6; 2 Cọ 12.7-10), mas jamais será autor do mal moral (Tg 1.13).
    É importante ressaltar, neste tópico, que, ao longo da história do cristianismo, diversas teodiceias foram formuladas para tentar explicar a realidade do mal (cf. Lição 5; Tópico 3). Algumas ganharam destaque, outras se perderam no tempo. Mas há uma que permanece e, de certo modo, reflete com honestidade os anseios do coração humano: a consciência de que o mal carrega em si um mistério que nos escapa. Por sua relevância, esse tema será retomado no Tópico 3.5 desta lição.

2. O ENSINO DAS ESCRITURAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO
    Após conceituarmos o pecado como "transgressão", "erro", "distorção da identidade", voltamo-nos ao texto sagrado - fonte segura para compreender sua origem.

2.1. Deus não é o autor do pecado
    A primeira afirmação doutrinária que a Escritura faz sobre a origem do pecado é esta: Deus não o criou. Ele é absolutamente santo (Lv 11.44; Is 6.3; Ap 4.8). N'Ele não há trevas nem sombra de variação (1 Jo 1.5; Tg 1.17). Ao fazer essa afirmação, a Bíblia não busca defender a reputação do Divino, mas revelar Sua natureza. "Santo" não é mero adjetivo, mas a essência de quem Ele é.
    Ressalte-se que a soberania do Altíssimo não foi anulada pelo surgimento da iniquidade. O Senhor pode usar até as decisões más dos homens para cumprir Seus propósitos redentores como fez com os irmãos de José (Gn 50.20) ou com os algozes de Jesus (At 4.27-28). Mas usar não significa "aprovar". Permitir não equivale a "dar origem".

2.2. O surgimento do pecado nas regiões celestiais
    Na Lição 5, refletimos, à luz da tradição bíblica, sobre a identidade e a queda de Lúcifer (Gn 3.1; Ap 12.9-11; Is 14.12- 15; Ez 28.12-17). Aqui, olhamos para esse evento como um sinal de advertência: se até anjos caíram, que vigilância se espera de nós?
    O mal não nasceu entre os homens: foi herdado de uma rebelião anterior. Mesmo entre os que habitavam a glória, houve quem escolhesse o orgulho e o afastamento. Esse fato nos mostra que o pecado não se impõe - ele se forma no íntimo como desejo de usurpar o lugar que pertence unicamente a Deus.
    A serpente no Éden teve um papel preponderante na queda do primeiro casal; contudo, sua atuação, embora real, não os isentou de culpa nem anulou sua responsabilidade.
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    O mal não nasceu na Terra. Ele irrompeu antes, como rebelião nas regiões celestiais. O pecado, nesse contexto, é sua expressão nas dimensões espiritual e humana: uma escolha consciente que rompe a comunhão com o Senhor. Se o mal é a negação do bem, o pecado é a decisão de caminhar sem obediência.
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2.3. A entrada do pecado na humanidade por intermédio de Adão
   Adão rompeu, deliberadamente, a aliança com o Senhor (cf. Lição 6). As consequências desse ato alcançaram toda a humanidade: o pecado tornou-se uma condição, não apenas um gesto.
    De Adão, herdamos não somente a culpa, mas a inclinação para repetir a ruptura. A imagem do Criador em nós foi fragmentada - não apagada, mas ferida. Carregamos dentro de nós espelhos trincados: ainda refletimos a Luz, mas entre rachaduras.
    Em Cristo, a imagem divina pode ser restaurada; o reflexo, curado. O amor que nos formou é o mesmo que nos refaz - e a liberdade que nos afastou será redimida pela Graça que nos chama de volta aos braços do Pai.

2.4. A raiz interna do pecado: orgulho, autossuficiência e egocentrismo
    O orgulho é o solo da rebelião; a autossuficiência e o egocentrismo, tronos onde o "eu" se impõe como ditador. Não por acaso, essa raiz se manifesta em histórias como as de Caim (Gn 4.6-7), Saul (1 Sm 15.24) e Judas (Jo 13.2) - não nas ações em si, mas nas intenções que as precederam.
    Por essa razão, a cura não começa de fora para dentro, mas de dentro para fora - e é o Espírito Santo quem desvela o quanto ainda preferimos o nosso nome ao nome do Senhor (Gn 11.4). Só Ele pode nos conduzir ao lugar onde o orgulho se curva, o "eu" se cala, e o Príncipe da Paz passa a reinar.

3.  RESPOSTAS HUMANAS, LIMITES ETERNOS
    Diversas cosmovisões buscaram explicar, ao longo das eras, a origem do mal. A fé cristã, todavia, reconhece o mistério que cerca o tema - e convida à confiança na revelação.

3.1. A teoria da necessidade metafísica
    Essa teoria defende que o mal moral seria inevitável em razão da limitação humana. O texto sagrado, no entanto, aponta outro caminho: Deus criou o Homem muito bom (Gn 1.31), sendo livre para amar e corresponder à Sua vontade. Significa dizer que ele (o mal moral) não nasceu da Criação, mas da recusa em ouvir e obedecer. O Senhor não criou o pecado, criou a liberdade; pois, somente nela é possível amar verdadeiramente.

3.2. O dualismo maniqueísta
    Essa proposição defende a ideia de que o bem e o mal são polos opostos e equivalentes em constante tensão. De acordo com essa visão, o mal não teve origem: sempre existiu, sendo tão necessário quanto o bem. Mas a Bíblia anuncia outra realidade: há um só Deus, e nele não há treva alguma (1 Jo 1.5). O mal moral não faz parte da Criação, mas é uma ruptura; não é força eterna, mas rebelião passageira - teve início; por isso, terá fim.

3.3. A matéria como causa do pecado
    Algumas tradições antigas atribuíram o mal à matéria, como se o corpo fosse, por natureza, corrupto - prisioneiro de desejos, oposto ao espírito. Mas essa ideia contraria o coração do evangelho: o Verbo se fez carne (Jo 1.14). Se o corpo fosse mau, o Filho de Deus não o teria assumido.
    O corpo pode ser instrumento, não origem. Quando guiado pelo Espírito, ele se torna templo e canal de serviço. Pecar não é viver no corpo; é viver para si.

3.4. O pecado como ignorância ou limitação
    Alguns sugerem que o mal moral seria apenas ausência do bem, fruto da ignorância humana. De acordo com essa visão, o pecado seria um erro inocente, não uma ofensa deliberada.
    Essa ideia, porém, esvazia a seriedade da Queda. A Escritura revela que Adão e Eva sabiam o que faziam (Gn 2.17). O mal moral não é mero equívoco: é recusa consciente da vontade de Deus. Se fosse só ausência de conhecimento, não haveria arrependimento, nem Cruz, nem redenção.

3.5. O mal como escolha e o sofrimento como mistério
    De acordo com o Tópico 1.3 desta lição, a explicação mais coerente com o texto sagrado é esta: o mal moral surgiu do mau uso da liberdade; foi escolha, não destino. Já o mal físico - perdas, dores, catástrofes - decorre de um mundo ferido pela Queda (Rm 8.20-22) e pode atingir até os justos (Jó 1.8-12). Ainda assim, Deus pode usá-lo para revelação e redenção (Jo 9.3; 2 Co 12.9).
    A Cruz, todavia, nos assegura: 0 mal não está fora de controle - ele será vencido (Ap 21.4; 1 Jo 3.8). Enquanto isso, somos chamados à esperança firme, mesmo quando não compreendemos (Pv 3.5; Hc 3.17-18), pois se tudo se explicasse pela razão, a fé não seria necessária (Hb 11.1, 6).
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Há dores que resistem a toda teologia. O choro de uma criança em sofrimento terminal, por exemplo, não pode ser traduzido nem alcançado por limitadas palavras humanas. Nem todo mal se explica - alguns só se enfrentam com reverência, confiança e fé. O mistério da iniquidade nos convida não a entender tudo, mas a confiar mesmo sem entender.
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CONCLUSÃO 
     A origem do pecado não está na Criação, mas na recusa de obedecer ao Criador. Ele (o pecado) surgiu como escolha ainda hoje se perpetua em cada gesto de autossuficiência.
    Contudo, a mesma liberdade que permite a queda pode conduzir ao retorno. Ao reconhecermos o mal que nos habita, somos convidados a descansar na Graça que nos restaura. A Cruz não explica todos os mistérios, mas nos assegura: Deus permanece no controle e o bem sempre triunfará.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Qual o sentido da palavra grega hamartia, utilizada no Novo Testamento para designar "pecado"?
R.: A palavra carrega a ideia de "errar o alvo". 

Fonte: Revista Central Gospel

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