Considere a seguinte passagem:
"E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão,
Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me vier ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto." Jz 11.30,31
"Vindo, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças; e era ela a única filha; não tinha ele outro filho nem filha.
E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas vestes, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste, e estás entre os que me turbam! Porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás.
E ela lhe disse: Meu pai, tu deste a palavra ao Senhor, faze de mim conforme o que prometeste; pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom.
Disse mais a seu pai: Concede-me isto: Deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.
E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses; então foi ela com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes.
E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem; e daí veio o costume de Israel,
Que as filhas de Israel iam de ano em ano lamentar, por quatro dias, a filha de Jefté, o gileadita."
Juízes 11.34-40
Nesta passagem temos um dos assuntos mais controversos das Escrituras, são inúmeros autores que entendem que Jefté teria feito um voto de tolo e sacrificado sua própria filha em holocausto ao Senhor (oferta queimada).
Vamos analisar segundo linhas de estudo exegético mais atualizadas extraídas do livro "Viver Cristão Contagiante" do Dr Joel R. Beeke que levanta as seguintes linhas de análise:
Jefté não era precipitado, isso é demonstrado pela forma como ele fala aos anciãos na ocasião em que é chamado para liderar o povo na batalha e antes da luta ele tenta um solução pacífica para a situação ao enviar mensageiro aos amonitas, alguém precipitado jamais teria agido dessa forma.
Segundo o Beeke a palavra hebraica para holocausto "olah" também pode ser entendida como "dedicação" ou seja dedicação exclusiva à Deus. Assim o voto de Jefté seria que aquele que primeiro saísse de sua casa seria totalmente dedicado a Deus assim como votou Ana acerca de seu filho. 1 Sm 1.11.
Ainda segundo Beeke a palavra traduzida como "lamentar" ao se referir às donzelas que "lamentavam" anualmente a filha de Jefté estaria equivocada, pois o termo "lamentar" não aparece com essa tradução em nenhum outro lugar das Escrituras, é mais comum ser traduzido como "comemorar", dessa forma as donzelas firmaram a tradição de comemorar a dedicação da filha de Jefté ao Senhor. Teria ela servido toda a sua vida ao Senhor permanecendo virgem.
Para a filha de Jefté isso seria um motivo de lamento de fato, pois ela permaneceria virgem e uma alegria para toda mulher daquela época era poder dar filhos e estabelecer descendência na sua casa. Isso explica o motivo pelo qual Jefté ficou turbado, pois ela era filha única e ele ficaria sem prosseguimento de sua linhagem naquele momento.
Conclusão
Não podemos hoje afirmar que Jefté foi precipitado e nem que de fato ele teria sacrificado a sua filha em holocausto ao Senhor uma vez que o Senhor não aceita sacrifício humano, seja pelo fogo Lv 18.21 ou qualquer outra forma, os sacerdotes da época não teriam aceitado tal sacrifício.
A hipótese mais recomendada é de que a filha do gileadita Jefté tenha passado o resto da sua vida em dedicação total a Deus não podendo se casar.
Pr Marcos André
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=IamZBdKYmBw&ab_channel=AngelaNatel
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A Paz do Senhor à todos, aqui está o versículo chave: "E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem; e daí veio o costume de Israel," ou seja, o sacrifício não foi humano, mas, espiritual, ela permaneceu virgem e completamente dedicada ao Senhor.
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