segunda-feira, 28 de outubro de 2024

ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL / JOVENS E ADULTOS - Lição 5 / ANO 1- N° 3

 

Jesus de Nazaré, o Deus-Homem Perfeito

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Filipenses 2.5-11
5- De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6- que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
7- Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8- e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.
9- Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome,
10- para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11- e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

TEXTO ÁUREO
  E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1.14

SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO

2ª feira Gálatas 4.4-6 A nossa filiação em Cristo

3ª feira Hebreus 4.14-16 À nossa semelhança, em tudo foi tentado

4ª feira Isaías 53.1-3 Rejeitado por aqueles por quem morreu

5ª feira 2 Coríntios 5.18-21 Sem pecar, Ele se identificou com o nosso pecado

6ª feira 1 João 3.1-5 O Messias sem pecado

Sábado 1 Pedro 2.18-25 A perfeição do Homem-Deus

OBJETIVOS
  Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• entender e explicar o conceito bíblico da natureza hipostática de Cristo;
• identificar as características da humanidade de Jesus, como apresentadas na Bíblia;
 perceber que as duas naturezas de Cristo, embora distintas, são inseparáveis.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
  Prezado professor, o Concílio de Calcedônia, realizado na cidade de mesmo nome, na Ásia Menor, no ano 451 d.C., é considerado definitivo para a história da cristologia. Nesse Concílio, foram repudiadas as doutrinas contrárias à humanidade de Cristo e, desde então, ficou estabelecida a doutrina da união hipostática, que ratifica a natureza dual do Cristo, simultaneamente humano e divino.
  A Bíblia evidência que Jesus não somente era pleno Deus, mas também pleno homem. Ele não era mais Deus do que homem nem mais homem do que Deus. Ele possuía um conjunto de atributos divinos-humanos. O grande mistério reside no fato de tais atributos, dentro de uma mesma pessoa, não interferirem nem entrarem em conflito um com o outro. Essa união perfeita era parte inseparável do eterno plano divino para redenção da humanidade.
  No decorrer da lição, ajude os alunos a compreenderem o significado teológico dessa doutrina. 
  Excelente aula!

  COMENTÁRIO
Palavra introdutória
  A doutrina da união hipostática (gr. hypostasis = "essência, substância"), apresentada e enraizada no texto bíblico, descreve a dupla natureza de Cristo a humana e a divina. Apesar de distintas, ambas são simultâneas, congruentes, inseparáveis e igualmente importantes. Essa união mística é essencial ao plano de redenção da humanidade.
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  "Na encarnação do Filho de Deus, uma natureza humana foi unida inseparavelmente, para sempre, com a natureza divina na única pessoa de Jesus Cristo, mas as duas naturezas permaneceram distintas, íntegras e sem mudança, sem mistura nem confusão, de modo que a única pessoa, Jesus Cristo, é vero Deus e vero homem." (HORTON, S. M.; MENZIES, W. W.).
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1. A HUMANIDADE DE CRISTO PELA ÓTICA DOS EVANGELHOS
  No Novo Testamento, especialmente nos Evangelhos, a humanidade de Jesus é destacada de várias maneiras. Duas genealogias comprovam Sua descendência de Abraão e Davi. Os evangelistas fazem-nos saber que Ele nasceu e cresceu como qualquer ser humano, tanto na aparência quanto em Sua constituição física e mental, inclusive expressando fortes emoções.

1.1. As genealogias
  Mateus e Lucas destacam a humanidade de Cristo por meio de Sua genealogia.
  Mateus escreveu aos judeus; assim, o evangelista inicia sua descrição com Abraão e prossegue até José, marido de Maria (Mt 1.1-17), para mostrar que Jesus é descendente de Davi e herdeiro do trono de Israel.
  Lucas escreveu aos gregos, pretendendo apresentar jesus como Filho do Homem; assim, o evangelista
segue o sentido inverso, iniciando com José e remontando a Adão (Lc 3.23-38), para destacar a humanidade de Jesus desde Sua origem mais remota.
  Ambas as genealogias evidenciam que Jesus é o Filho da promessa, em quem todas as famílias da terra seriam abençoadas.
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  Em Mateus 1.1, fica evidente que Cristo também descendia do patriarca Abraão, considerado o pai da nação judaica (cf. Jo 8.33,37; Rm 4.1). Ele era, portanto, o Filho da promessa, em quem todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12.3).
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1.2. Os ciclos biológicos do Messias
  O Messias de Israel obedeceu a todos os ciclos do desenvolvimento biológico de um ser humano comum: Ele foi zigoto, embrião e feto; então, nasceu e cresceu como um ser humano comum. Por não ter havido a participação de homem em Sua concepção, esse fato é único e sem precedentes na História. No entanto, Seu nascimento e desenvolvimento deu-se de forma natural, em nada diferente dos demais meninos de Sua época (Mt 1.18-25).

1.2.1. Gestação e nascimento
  Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem (Mt 1.18). O terceiro Evangelho informa que, quando José foi com Maria a Belém a fim de alistar-se, ela estava grávida (Lc 2.4,5; cf. 1.39-42). Lucas informa também que estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos (Lc 2.6). Tempos depois, alguns magos do Oriente chegaram a Belém e acharam o menino com Maria, sua mãe (Mt 2.11). Esses relatos mostram o desenvolvimento de Jesus desde a concepção até o nascimento.

1.2.2. Infância e adolescência
  Há poucas informações nos Evangelhos sobre a infância de Jesus. Pelo fato de Ele ter sido criado como um menino comum em uma aldeia da Galileia, é natural que não haja muitos registros dessa fase de Sua vida. Para o povo que desconhecia Sua procedência divina, Ele era tão somente um filho de José (Lc 4.22), filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão (Mc 6.3). Jesus era visto como um jovem comum, membro de uma família humana. Como judeu, o Nazareno foi introduzido nos costumes da religião judaica desde muito cedo - como o judeu era considerado adulto aos 12 anos de idade, Jesus também já estava sob esta obrigação. Ele tinha também o hábito de frequentar a sinagoga (Lc 4.16).

1.3. Sua estrutura física e aparência
  Nada do que se via na aparência física de Cristo o diferenciava dos demais judeus. A única vez em que Ele se mostrou dessemelhante dos demais homens foi no episódio da transfiguração (Mt 17.2). No entanto, esse acontecimento vem justamente corroborar a premissa de que seu aspecto físico era bastante comum (Mt 26.12).
  Judas, ao chegar com o grupo de homens armados para prendê-lo no jardim do Getsemani, combinou com eles: O que eu beijar é esse; prendei-o (Mt 26.48). Se a aparencia de Jesus fosse diferenciada dos demais humanos, ou mesmo dos outros judeus, tal identificação seria desnecessária.

1.4. Seu drama na cruz
  Os sofrimentos na cruz e a própria crucificação não seriam reais se o corpo de Jesus não fosse humano. Quando um soldado romano lhe perfurou o tronco com uma lança para verificar se Ele já estava morto, logo saiu sangue e água (Jo 19.34) - a presença de ambos os líquidos sugere que aquele objeto cortante perfurou tanto o coração quanto o pericárdio do Salvador. João pode ter registrado esse detalhe para combater as ideias gnósticas de uma humanidade irreal de Cristo.

1.5. Sua ressurreição corporal
  Mesmo após a ressurreição, ao perceber o espanto dos discípulos diante de Sua aparição, o Messias chamou a atenção deles para o Seu corpo (Lc 24.39).
  A morte de Jesus foi cercada dos mesmos elementos que compõem o fim da existência de qualquer ser humano. Assim, pode-se afirmar que Jesus nasceu e viveu como homem, obedecendo a todos os estágios da vida e, no apagar das luzes de Sua missão terrena, morreu como homem.

1.6. Sua estrutura emocional
  Jesus experimentou diversas emoções humanas durante Sua jornada terrena: Ele teve compaixão das multidões desampara- das (Mc 6.34); entristeceu-se diante da incredulidade de Jerusalém; e irou-se ao denunciar líderes religiosos (Mt 15.7,14; 23.23; Jo 8.44). No Getsêmani, expressou profunda tristeza aos discípulos (Mt 26.38). Ele também chorou ao ver o túmulo de Lázaro, mesmo sabendo que o ressuscitaria (Jo 11.32-35).

2. A HUMANIDADE DE CRISTO EM OUTROS TEXTOS DAS ESCRITURAS

2.1. No Livro de Gênesis
  Como destacado na Lição 2, em Gênesis 3.15, após ter falado com o primeiro casal sobre as consequências do pecado, o Senhor dirigiu-se à serpente nos seguintes termos: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente (ARA). No subtópico 1.1 desta lição, mencionamos o fato de Lucas ter traçado a genealogia de Jesus até Adão (Lc 3.23-38), destacando, assim, que Ele era o descendente humano do primeiro casal.

2.2. No Livro de Isaías
  Isaías menciona a humanidade do Senhor da seguinte maneira: Um menino nos nasceu, um filho se nos deu (Is 9.6). Há dois verbos importantes nesse texto bíblico: nasceu e deu. Jesus nasceu como todos os outros meninos humanos; porém, o Todo-poderoso o deu para completar Sua obra redentora. O profeta está anunciando o nascimento de uma criança pertencente à linhagem real de Davi (Is 9.7).

2.3. Nas Cartas Paulinas
  Paulo faz duas importantes referências à humanidade de Cristo em duas de suas cartas. O apóstolo menciona que Ele nasceu da descendência de Davi segundo a carne (Rm 1.3; cf. Is 9.7); e que Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filho (G1 4.4,5).

2.4. Nos escritos de João
  Além do que deixou registrado em seu Evangelho, João menciona a humanidade de Cristo em alguns de seus outros escritos. Em 1 João 1.1-3, lê-se que ele e outros discípulos foram testemunhas oculares de Jesus em carne - o que vimos com os nossos olhos. Em 1 João 4.2,3, o escritor sagrado afirma: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; as mensagens que negam essa verdade fundamental procedem do Maligno.

3. ENSINOS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE CRISTO
  Destacam-se nos subtópicos seguintes os dois principais ramos teológicos heréticos que, dentre outros, se contra-puseram à doutrina da humanidade de Cristo:

3.1. Docetismo
  O docetismo é uma doutrina herética que teve o seu apogeu entre o segundo e terceiro séculos da era cristã. Seu ensino principal visava à negação da humanidade de Cristo. Seus defensores somente admitiam que Jesus possuía espírito; porém, não aceitavam que Ele possuía um corpo físico, como os demais humanos.
  Negavam, portanto, a encarnação - como ensinada nas Escrituras - e, por conseguinte, a humanidade de Cristo. Os docetistas, a partir desse ponto de vista, davam a entender que o corpo de Jesus não era literal, mas, sim, um espírito, um fantasma. Para eles, as demonstrações de fragilidades humanas do Salvador - e até mesmo Seu sofrimento e morte - não passavam de encenações.

3.2. Monofisismo
  O movimento monofisista (gr. monos = "único, singular" + physis = "natureza") surgiu na escola teológica de Alexandria, em torno do quinto século. Os adeptos dessa heresia negavam, terminantemente, o conceito da dupla natureza de Jesus; eles acreditavam que o Cristo encarnado possuía uma única natureza: ou humana deificada, ou divina humanizada, que, por fim, não era divina nem humana, mas uma síntese de ambas.
  O monofisismo foi combatido pelo diofisismo, que afirma a dupla natureza do Messias.

4. APLICAÇÕES PRÁTICAS QUANTO À HUMANIDADE DE CRISTO
  Jesus Cristo, para ser o redentor da humanidade, precisou assumir as fraquezas humanas e morrer por todos (Is 53.4-7). Esse sacrifício tem implicações para os crentes:
• salvação exclusiva - Jesus é o único caminho para a salvação através de Sua paixão e morte (Jo 3.16; 14.6; Hb 2.10);
 participação no Corpo de Cristo - apenas aqueles que compartilham da natureza de Cristo e vivem para Ele são parte da Igreja (Hb 2.12);
• identificação com os salvos - por meio de Seu nascimento, Cristo se fez carne e sangue; por Sua morte, Ele cancelou nossa dívida (Hb 2.13,14);
• libertação do medo da morte - para os salvos, a morte é uma transição para uma vida plena, diferente do pavor pagão (Hb 2.15);
• socorro divino - Cristo socorre aqueles que se tornaram descendentes de Abraão, pela fé (Hb 2.16);
• comunhão restaurada - Jesus, como sumo sacerdote, expiou os pecados da humanidade e, mesmo tentado, não pecou; o cristão deve resistir às tentações e apresentar-se puro diante de Deus (Hb 2.17,18; cf. Hb 4.15).

CONCLUSÃO
  Por meio de Sua humanidade, Cristo se tornou o elo fundamental na redenção da humanidade; ao nascer, viver e morrer, como homem, Ele ofereceu-se como sacrifício perfeito em nosso lugar (Hb 10.10). Com Sua morte no Calvário, Ele se tornou o presente divino, a manifestação suprema da graça de Deus, o único mediador entre o Criador e os homens, como declarou o apóstolo Paulo: Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (1 Tm 2.5).

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

1. O que significa a expressão "união hipostática" de Cristo? 

R.: União hipostática é uma expressão teológica utilizada para designar a natureza humana e divina de Cristo.

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