Em Permanente Vigilância: O Chamado à Santidade e à Preparação
12 de Janeiro de 2025
TEXTO ÁUREO
"E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé", Romanos 13.11
VERDADE APLICADA
As experiências e os avivamentos do passado não nos dispensam de viver em constante vigilância e oração.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
- Reconhecer as características do esfriamento espiritual.
- Ressaltar os riscos do esfriamento espiritual para os cristãos
- Refletir a necessidade do retorno ao primeiro amor.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Apocalipse 2
1. Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro.
2. Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.
3. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
4. Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade.
5. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | 1Tm 4.16 Perseverando na doutrina bíblica.
TERÇA | Mt 7.15 Lobo em pele de cordeiro.
QUARTA | 2Pe 2.1 Cuidado com os falsos mestres.
QUINTA | Mt 24.12 O pecado faz com que muitos esfriem na fé.
SEXTA | Ap 2.4 A perda do primeiro amor.
SÁBADO | Ap 2.5 O caminho de volta passa pela restauração.
HINOS SUGERIDOS: 17, 107, 458
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a igreja permaneça vigilante e avivada até a volta de Cristo.
INTRODUÇÃO
Nos tempos apostólicos, algumas igrejas locais já mostravam sinais de esfriamento espiritual e relaxamento no cuidado com a vida espiritual. Essa realidade continuou pelos primeiros séculos e resultou no surgimento de diferentes movimentos de busca de renovação no seio da Igreja. Nesta lição, vamos extrair algumas lições desses movimentos e compreender a relevância do autoexame, da vigilância e da oração.
PONTO DE PARTIDA: Vigiar em todo o tempo.
1- As Igrejas da Ásia
Ao final da era apostólica, algumas igrejas locais já apresentavam desvios doutrinários e esfriamento espiritual, conforme o conteúdo das cartas enviadas às sete igrejas localizadas na Ásia (Ap 1.4). Exilado na ilha de Patmos, o Apóstolo João foi instruído pelo Senhor a escrever tais cartas, cujos conteúdos contêm louvores, admoestações e conselhos específicos para as comunidades cristãs naquela região (Ap 1.11).
1.1. Éfeso
A igreja de Éfeso é enaltecida por seu trabalho e sua paciência, refutando aqueles que se diziam apóstolos; mas, na verdade, eram mentirosos (Ap 2.2). Isso deixa claro que uma das características marcantes da igreja de Éfeso era a intolerância à heresia. Entretanto, o julgamento fica por conta do esfriamento no exercício do amor. Éfeso tornou-se uma igreja fria, indo na contramão dos ensinamentos apostólicos: "Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor", Ap 2.4. A recomendação é que a igreja se lembre de onde caiu, se arrependa e volte a praticar as suas primeiras obras (Ap 2.5).
Rubens Szczerbacki (2002, p.47-48): "Aqueles que rejeitavam a doutrina do Evangelho, ou seja, o caráter da Triunidade ou o valor do sacrifício de Jesus, eram tidos por mentirosos. O Senhor sente quando o amor mais ardente diminui. Observemos, nesse ponto, o caráter composto da carta: endereçada aos efésios, tem o objetivo de alertar não só àqueles, mas à toda Igreja, em qualquer tempo. Há crentes, especialmente recém-convertidos, que ao se encontrarem com o Senhor são capazes de largar tudo por amor do Seu nome, por amor a obra. Porém, com o passar do tempo, envolvido em perseguições ou angústias, muitos tornam-se mornos, qualidade espiritual que abomina o Senhor".
1.2. Laodiceia.
A Igreja de Laodiceia não foi enaltecida em nada, mas admoestada por ser morna, apática e não perceber o estado miserável em que se encontrava. O Senhor abomina a indiferença e o meio termo: "Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca", Ap 3.16. Por falta de compromisso com as coisas de Deus, os crentes de Laodiceia foram exortados a ser zelosos e arrepender-se (Ap 3.19). Os que ficam em cima do muro, mantendo uma posição neutra em relação às coisas de Deus, causam náuseas ao Senhor.
Warren W. Wiersbe (2020, p.738): "A vida cristã tem três `temperaturas espirituais': um coração fervoroso, ardente por Deus (Lc 24.32); um coração frio (Mt 24.12); e um coração morno (Ap 3.16). O cristão morno é acomodado, complacente e alheio às próprias necessidades. Quem é frio pelo menos sente falta de calor! Ao crer em Jesus Cristo, há motivos de sobra para ser `fervorosos de espírito' (Rm 12.11). As orações fervorosas também são essenciais (C1 4.12). A igreja de Laodiceia era independente, presunçosa e segura de si. `Não precisamos de coisa alguma!' Enquanto alimentava essa atitude, seu poder espiritual se deteriorava e sua riqueza material e suas estatísticas impressionantes não passavam de mortalhas para um cadáver em decomposição. O Senhor estava fora da igreja, tentando entrar (Ap 3.20)': O Senhor diz que está batendo à porta, do lado de fora. Notemos que o Senhor está revelando que ainda havia oportunidade para mudar o estado daquela igreja.
1.3. A permanente vigilância.
Ainda no início da igreja, muitos não expressavam mais o mesmo vigor de antes: faltava ânimo para a leitura da Palavra, o louvor se tornou morno e a adoração era sem vida. Quando a indiferença e a sonolência tomam conta da caminhada cristã, pode ser sinal de esfriamento espiritual, um estado que deve ser revertido com urgência para evitar que esfriemos na fé, como aconteceu com as igrejas de Éfeso e Laodiceia. Se não voltar logo ao primeiro amor, jamais viveremos o refrigério de um amplo, intenso e necessário avivamento.
Vigilância é o estado de quem se mantém atento a todos os aspectos da vida, inclusive o espiritual. A necessidade de vigilância é um assunto presente na aflição de Jesus no Getsêmani, quando Ele diz a Pedro, João e Tiago: "ficai aqui e vigiai comigo" (Mt 26.38). Estejamos vigilantes, pois o esfriamento tende a começar de maneira sutil e, gradativamente, toma dimensões que comprometem a vida espiritual em sua totalidade.
EU ENSINEI QUE:
Se não voltar logo ao primeiro amor, jamais
viveremos o refrigério de um amplo, intenso e
necessário avivamento.
2- O Movimento Montanista
O movimento montanista surgiu
na metade do século 2, em Ardaban (ou Ardabau), aldeia que ficava
na fronteira entre as províncias romanas da Frígia e da Mísia, na Ásia
Menor. Os montanistas pregavam
uma nova revelação concedida a
eles. Veremos, aqui, a conexão
desse movimento com o pentecostalismo.
2.1. O propósito do Movimento Montanista.
A história da Igreja narra muitos movimentos surgidos após o
Pentecostes, os quais ocorriam à margem da Igreja oficial, sendo o movimento montanista mais um deles. Para
Walker (pp. 86-87, 1981), esse movimento foi uma reação às "tendências
seculares que já se faziam sentir na
Igreja [...], era um protesto contra o
crescente mundanismo que invadia a
Igreja em geral". Walker ressalta ainda
que o movimento atingiu proporções
consideráveis; atraindo, inclusive, um
dos mais importantes pais latinos da
Igreja: Tertuliano. Podemos perceber
que a Igreja sempre enfrentou essa
tendência ao esfriamento, tanto espiritual quanto em relação à expectativa
da Segunda Vinda de Jesus.
Earle E. Cairns (1988, p. 83): "O
montanismo representou o protesto perene suscitado dentro da Igreja
quando se aumenta a força da instituição e se diminui a dependência do
Espírito de Deus. Infelizmente, estes
movimentos geralmente se afastam da
Bíblia, entusiasmados que ficam pela
reforma que desejam. O movimento
montanista foi e é um aviso para que a
Igreja não esqueça que a organização
e a doutrina não podem ser separadas da satisfação do lado emocional
da natureza do homem e do anseio
humano por um contato espiritual
imediato com Deus
2.2. Os excessos do Movimento Montanista.
Ainda que este movimento fosse
uma tentativa de resgatar a manifestação dos dons espirituais, Montano
alegava, segundo seus críticos, que as
declarações proféticas estavam no mesmo nível de autoridade das Escrituras.
Montano se colocou como Paracleto,
por meio de quem o Espírito Santo
falava à Igreja do mesmo modo que
falara aos apóstolos. Segundo Roger
Olson (p.30, 2001), Montano rejeitava
a crescente fé na autoridade especial
dos bispos e dos escritos apostólicos,
além de se opor a qualquer limitação
ou restrição quanto às manifestações
espirituais. Contra esses exageros, houve uma forte reação da Igreja.
Vinson Synan (2009, p. 34): "Muitos
estudiosos agora sentiam que a Igreja
havia exagerado em sua reação ao montanismo, ao afirmar que os dons carismáticos mais espetaculares, embora
experimentados pela igreja apostólica,
haviam sido revogados com a definição
do cânon das Escrituras. Essa opinião
foi emitida por Agostinho e encontrou
eco entre os estudiosos nos séculos seguintes".
2.3. O afastamento da Doutrina dos
Apóstolos.
Ao longo dos anos, a Igreja
foi ficando mais dependente da gestão
humana do que da ação do Espírito
Santo. Isso deu margem ao surgimento
de vários movimentos religiosos, que
ansiavam por um retorno da Igreja à
doutrina e ao vigor espiritual dos tempos apostólicos. Refletir acerca desses
momentos na história da Igreja nos leva a compreender a necessidade de autoexame contínuo, sob a indispensável
ação do Espírito e à luz das Escrituras
(2Co 13.5; Ef 5.18; 1Ts 5.19-21).
Eddie Hyatt (2021, p. 52): "A reação da Igreja ao montanismo contribuiu para um desaparecimento cada
vez mais rápido dos dons espirituais.
A altura do terceiro século, Orígenes
já diria explicitamente que "esses sinais
diminuíram': A liberdade do Espírito
foi substituída pelos rituais cerimoniais
e pela ordem eclesial. O golpe final no
aspecto carismático da Igreja viria com
a conversão de Constantino e com a
aquisição de poder e influência terrenas
por parte da Igreja.
EU ENSINEI QUE:
Ao longo dos anos, a Igreja foi ficando mais
dependente da gestão humana do que da
ação do Espírito Santo.
3. Lições e alertas dos primeiros séculos.
A partir dos relatos bíblicos e históricos, é possível extrair lições e alertas para uma jornada cristã vitoriosa, seguindo sempre no poder do
Espírito Santo e no direcionamento
da Palavra de Deus. É preciso evitar
que o comodismo, o esfriamento e
a indiferença nos impeçam de servir "a Deus agradavelmente, com
reverência e piedade" (Hb 12.28).
3.1. Lidando com exageros e equívocos.
É preciso prudência para lidar com os
exageros e equívocos que venham a
surgir na Igreja. Para isso, é bom refletir sobre como Paulo lidou com a questão
do uso dos dons espirituais na igreja em
Corinto. Havia exageros ali, pois parece que alguns ignoravam o propósito
dos dons enquanto outros se sentiam
superiores. O apóstolo, então, escreveu
sobre a unidade do Corpo de Cristo, a
responsabilidade de cada membro, o
propósito dos dons, a necessidade de
ordem e decência e o caminho ainda
mais excelente: o amor (1 Co 12-14).
Isso significa que houve instrução, correção e esclarecimento, mas sem extinguir, desprezar ou proibir as manifestações dos dons espirituais.
Bispo Abner Ferreira (2017, p. 79-
80): "Somente uma leitura superficial
do Novo Testamento alimentará a ideia
de que o desempenho dos dons espirituais na época apostólica era perfeito
e isento de abuso ou engano. Assim,
tendo sempre as Escrituras como nosso fundamento, verificamos que há
necessidade de evitar os dois extremos:
considerar qualquer abuso no uso dos
dons como atestado de que tudo é falso
e engano ou considerar como infalível
a manifestação dos dons espirituais e,
assim, resistir à instrução e correção".
3.2. O contínuo autoexame.
Podemos
extrair algumas lições das cartas às Igrejas de Éfeso e Laodiceia: (1) Como ocorreu com Israel no período do AT, não é suficiente manter atividades religiosas
se o estado espiritual do povo é de indiferença, caracterizado por um formalismo vazio e uma conduta incoerente
com o padrão bíblico; (2) Experiências
e avivamentos do passado não nos dispensam de cultivar um viver de constante oração, vigilância e autoexame; (3)
O autoexame deve ser feito com a ajuda
do Espírito Santo e à luz da Palavra de
Deus, pois não somos suficientemente
capazes de discernir o nosso real estado
espiritual apenas com conhecimentos e
sentimentos humanos.
Roger Stronstad (2020, p. 285) comenta sobre o fato de que, no Apocalipse, "Jesus primeiro adverte a Igreja,
que é tipificado ou representada pelas
`sete igrejas' sobre suas efetivas e/ou
potenciais atitudes e ações erradas (Ap
2.1-3.22). Muitos leitores poderão se
surpreender por esse fato. Uma razão
para essa surpresa é que muitos cristãos
esperam que assim que seus pecados
são perdoados, o exclusivo interesse
de Jesus por eles está em seu conforto,
segurança e inclusive prosperidade individual, familiar e/ou da própria comunidade. No entanto, Jesus tem um
conjunto diferente de valores e padrões
do que essas expectativas autosservidoras. Os padrões de Jesus são a fé, a santidade, a verdade etc., e esses padrões
são tão primitivos como os primórdios da nação de Israel e se estendem pelas
gerações dessa nova Eclésia, a Igreja".
3.3. O contínuo avivamento.
A Palavra de Deus traz muitos alertas quanto
aos últimos dias: esfriamento do amor,
apostasia da fé e aparência de piedade
são alguns deles. Portanto, é fundamental que a Igreja não se distraia com o
crescimento numérico, as grandes realizações e o reconhecimento político
e social, deixando de perceber os sutis
ataques e investidas do inimigo e do
mundo. Façamos nossa a oração dos
primeiros cristãos, registrada em Atos
4.29, e tenhamos em mente as exortações que encontramos em 1 Tessalonicenses 5.16-23.
Pr. Marcos Sant'Anna (2019, p. 25):
"Ecclesia semper reformanda (A igreja deve sempre ser reformada). Movimento pentecostal do início do século XX, sempre em movimento, buscando
contínua renovação para: não deixar
o primeiro amor; manter-se vigilante
quanto às doutrinas bíblicas (inclui zelo e honestidade no estudo e na exposição das Escrituras); não ser tolerante
com a iniquidade (considerando que
"carisma" não nos isenta do constante
aperfeiçoamento do "caráter" cristão
em nós); manter-se dependente da
ação do Espírito Santo, conscientes de
que a Igreja, que é peregrina e forasteira neste mundo, é enviada ao mundo como testemunha de Jesus, até que
Ele venha!"
EU ENSINEI QUE:
É preciso evitar que o comodismo, o esfriamento e a indiferença nos impeçam de servir "a
Deus agradavelmente, com reverência e piedade" (Hb 12.28).
CONCLUSÃO
Desde o AT, o povo de Deus passou por momentos de avivamento e
de esfriamento. A presente geração de fiéis não deve ficar indiferente à
mensagem que o Senhor enviou às sete igrejas na Ásia: "Ouça o que o
Espírito diz às igrejas", Ap 2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22), pois assim Deus
revela o verdadeiro estado da Igreja, Sua vontade e Sua provisão.
Pr Marcos André (Teólogo) - convites para ministrar palestras, aulas e pregações: contato 48 998079439 (Whatsapp)
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