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sábado, 18 de janeiro de 2025

ESCOLA DOMINICAL EDITORA BETEL - Lição 4 / 1º Trim 2025

O Puritanismo: Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a Deus
26 de Janeiro de 2025



TEXTO ÁUREO
"Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?", Salmo 85.6

VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
- Compreender o surgimento do movimento puritano. 
- Ressaltar a visão dos puritanos.
- Identificar as raízes do puritanismo.  

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Hebreus 12
1. Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, 
2. Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto
suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. 
12. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, 
13. E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
 
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Sl 73.1 Deus é bom para os limpos de coração.  
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração. 
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com Deus. 
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.  
SÁBADO | 1Jo 1.9 Jesus nos purifica de toda injustiça.

HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93

MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja de Cristo permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o movimento puritano e suas heranças teológicas, extraindo lições relevantes para o necessário e contínuo aperfeiçoamento do povo de Deus.

PONTO DE PARTIDA: Jesus nos purifica de todo pecado.

1- O movimento puritano
O puritanismo foi um movimento religioso muito importante na Inglaterra. Posteriormente, tornou-se a principal tradição religiosa nos Estados Unidos. Seus ensinamentos sedimentam a necessidade da pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade. 

1.1. O início do movimento.
O puritanismo nasceu na Inglaterra, em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth 1. Os puritanos achavam que a Igreja tinha adotado práticas não bíblicas, daí a necessidade de lutar pela purificação da Igreja (Tg 4.8). Para isso, era necessário renunciar a elementos arquitetônicos e litúrgicos e a formalidades contraditórias com a singeleza e pureza da Bíblia (Pv 30.5). Era preciso reparar os alicerces éticos, espirituais, litúrgicos e cerimoniais da Igreja Anglicana, para aproximá-la dos ensinos da Reforma Protestante e, assim, livrá-la das impurezas, da mistura de cultos e de outras doutrinas religiosas, num claro retorno à Palavra de Deus

Erroll Hulse (2004, P. 35): "Foi durante o período elisabetano (1558-1603) que os puritanos cresceram intensamente como fraternidade distinta de pastores que enfatizavam as grandes verdades centrais do cristianismo: fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade pessoal e piedade prática associada a cada área da vida. A palavra `puritano' começou a ser utilizada para referir-se àquelas pessoas que eram escrupulosas em relação ao seu modo de vida. Os `piedosos; ou aqueles que não eram somente crentes nominais, foram apelidados `puritanos". 

1.2. O descontentamento com a igreja.
O movimento puritano foi uma reação à Igreja institucionalizada da Inglaterra. Podemos dizer que se tratava de um movimento em busca da defesa da reforma da Igreja, para que houvesse uma renovação pura. Isso incluía rejeitar os vestígios de práticas católicas romanas ainda existentes na Igreja da Inglaterra. Somente assim a Igreja seria genuinamente reformada, tendo como única regra de fé a doutrina das Sagradas Escrituras (Tg 1.22). 

Leland Ryken (2017, P. 36): "O puritanismo começou como um movimento especificamente eclesiástico. Na sua perspectiva, a Igreja da Inglaterra permanecia `reformada apenas pela metade: Eles desejavam `purificar' a igreja dos vestígios restantes de cerimônia, ritual e hierarquia católicos. Essa luta, de início com a igreja do Estado, rapidamente se ampliou para incluir outras áreas da vida pessoal e nacional. O puritanismo foi, então, em parte, um fenômeno distintamente inglês, consistindo no descontentamento com a Igreja da Inglaterra". 

1.3. O cuidado com o indivíduo.
Os puritanos, além de se preocupar com a reforma da Igreja, também se preocupavam com a integração do indivíduo na família e na sociedade. Em busca de uma reforma consistente, a teologia puritana era composta por quatro visões fundamentais: (1) a salvação pessoal pela graça de Deus (Ef 2.8,9); (2) a doutrina da suficiência das Escrituras deve repousar no centro do que significa ser protestante (2Tm 3.15-17); (3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras, amortizando o conceito da tradição (Jo 17.17); (4) a sociedade é um todo agregado para que o Senhor seja glorificado em todas as áreas da vida humana (1Co 10.31). 

Leland Ryken (2017, p. 41): "O puritanismo também se caracterizava por uma forte consciência moral. Para os puritanos, a questão do certo ou errado era mais importante do que qualquer outra. Eles viam a vida como um contínuo conflito entre o bem e o mal. O mundo foi reivindicado por Deus e requerido por Satanás. Não havia campo neutro. Os crentes poderiam, com a ajuda de Deus, alcançar a vitória por meios como vigilância, vida correta e mortificação. (...) No coração do puritanismo estava a convicção de que as coisas precisavam mudar e que as `atividades normais' não eram opção. (...) de todos os termos-chaves usados pelos puritanos, os principais eram reforma, reformação e o adjetivo reformado". 

EU ENSINEI QUE:
Os ensinamentos do puritanismo sedimentavam a necessidade de pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade. 

2. Um movimento visionário
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que servisse à vontade divina; sendo, posteriormente, empregada para transformar toda a sociedade. 

2.1. A evangelização.
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de Deus. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de Deus (Cl 2.2,3). Para isso, foi um movimento de pessoas aplicadas à educação, que não se furtavam a estudar todos os escritos a que tivessem acesso, porque entendiam que a pessoa que deseja ser salva deve conhecer a Deus (Jr 29.13). Essa fervorosa dedicação às Escrituras e a firme convicção de que todas as áreas da sociedade devem focar a glória de Deus impulsionaram as ações evangelísticas do movimento.

Glauco Pereira (2017): "O puritanismo não conhecia os conceitos de missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21. Para os puritanos, a supremacia da soberania de Deus e a obediência ao mandamento eram os elementos que impulsionavam a evangelização. E...] O Senhor tem propósito de propagar o evangelho e faz isso por meio da igreja. Por essa razão, o puritanismo se concentra na pregação para um verdadeiro conhecimento de Deus".

2.2. A pregação expositiva. 
Os puritanos priorizavam a aplicação da Palavra de Deus (Sl 119.11). Eles tinham como meta principal concluir a Reforma, e a melhor maneira de fazer isso era por meio da pregação expositiva. Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação que atinja, de forma direta, o coração dos indivíduos (Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos. Eles consideravam os sessenta e seis livros da Bíblia a biblioteca do Espírito Santo, graciosamente deixada por Deus para os crentes.

Packer, J. I. (1996, p. 25): "O alvo dos puritanos era completar aquilo que fora iniciado pela Reforma Inglesa: terminar de reformar a adoração anglicana, introduzir uma disciplina eclesiástica eficaz nas paróquias anglicanas, estabelecer a retidão nos campos político, doméstico e socioeconômico, e converter todos os cidadãos ingleses a uma vigorosa fé evangélica. Por meio da pregação e do ensino do evangelho, bem como da santificação de todas as artes, ciências e habilidades, a Inglaterra teria de tornar-se uma terra de santos, um modelo e protótipo de piedade coletiva, e, como tal, um meio para toda a humanidade ser abençoada" 

2.3. A paixão por Cristo.
Os puritanos tinham uma ardente paixão por Cristo. O inglês Thomas Goodwin, teólogo e pregador puritano (1600-1680), disse sobre o Céu: "Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno sem Cristo". Goodwin era cristocêntrico, um traço que moldou seu coração pastoral. 

Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 35, 2021): "Por ser um teólogo sempre cuidadoso, Goodwin procurou deixar claro que Cristo não continua sofrendo no céu. A sua humilhação foi concluída na cruz e no túmulo. Na Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (...) Ele é `capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo glorificado e, assim, senti-las como se tivesse sofrido conosco". 

EU ENSINEI QUE:
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que pudesse servir à vontade divina para, posteriormente, transformar a sociedade. 

3. Alguns aspectos do puritanismo e do pentecostalismo
Conhecer o movimento puritano nos leva a uma oportuna conexão entre alguns aspectos deste movimento e as raízes do movimento pentecostal do início do século 20. Certamente, isso contribui para o exame contínuo de aspectos que, como pentecostais, precisamos conservar e/ou resgatar. Por não conhecer a História, muitos que se dizem pentecostais têm enfatizado, equivocadamente, a busca por novidades para vivenciar um renovo espiritual. 

3.1.A doutrina puritana do Espírito Santo.
O pentecostalismo é resultante de uma série de movimentos religiosos que surgiram ao longo da história da Igreja, entre eles o puritanismo. Embora os puritanos não sejam vistos como pregadores do avivamento, eles buscaram e experimentaram o avivamento. Para Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 218, 2021), embora escrevessem pouco sobre avivamento, os puritanos conheciam a graça reavivadora de Deus em sua experiência pessoal e em seus ministérios, pois suas igrejas conheciam as "notáveis efusões" do Espírito Santo. 

Donald Dayton (2021, p. 70-71): "Outros intérpretes têm buscado as raízes do pentecostalismo no puritanismo, considerando que `uma linha de influência pode ser traçada a partir do ensino puritano sobre o Espírito Santo: Garth Wilson tem elaborado esta proposta no estudo `Doutrina Puritana do Espírito Santo: Ele afirma que insinuações de doutrinas pentecostais podem ser encontradas, por exemplo, nos textos de Richard Sibbes, John Owen, Thomas Goodwin, Richard Baxter e outros autores puritanos, cujos ensinos indicam uma `obra do Espírito' posterior à regeneração e à santificação". 

3.2. A missão do povo de Deus.
O estudo da visão integral que os puritanos tinham da vida cristã e da missão do povo de Deus aponta para a relevância da ação do Espírito Santo na capacitação da Igreja para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).

Ducan Alexander Reily (2003), ao escrever sobre a história das características da Igreja protestante nos Estados Unidos, menciona a grande influência dos puritanos na formação da sociedade americana; mesmo que, após a Revolução, as treze colônias tenham se recusado a estabelecer uma Igreja oficial. Isso porque os puritanos, ao atravessar o Atlântico para escapar da opressão religiosa dos soberanos ingleses, "antes de pôr os pés em terra seca na América, firmaram o Mayflower Compact. Explicitaram que haviam encetado sua viagem de colonização "para a glória de Deus, o avanço da fé cristã e a honra do nosso rei e país... solene e mutuamente, na presença de Deus, e cada um na presença dos demais, compactuamos e nos combinamos em um corpo político civil". 

3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática.
A história dos puritanos nos ensina que devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (S1 119.105). Em tempos de tantos desvios doutrinários, é preciso reforçar sempre nosso amor pelas Escrituras, analisando o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de Deus (2Tm 3.16,17). Os puritanos foram inspirados pelo ministério de William Tyndale, cujo objetivo principal era completar o que a Reforma Protestante não havia conseguido. O exemplo e o amor de Tyndale pela Bíblia Sagrada nos guiam a amar e apregoar as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.

Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como "o príncipe dos puritanos'; um dos teólogos puritanos mais influentes: "Era um homem de grande devoção e piedade, que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no intelecto. Sua pregação era avivadora e visava apelar ao coração dos ouvintes, a fim de levá-los ao despertar religioso" Um exemplo de que é possível ser um profundo estudioso das Sagradas Escrituras, porém tendo o intelecto usado como instrumento pelo Espírito Santo para alcançar vidas e também para a glória de Deus. 

EU ENSINEI QUE:
A história dos puritanos nos ensina a amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta.

CONCLUSÃO
O movimento puritano nos mostra que somente a dependência do Espírito Santo nos faz voltar aos princípios bíblicos porventura esquecidos; reforça os aspectos cristãos que vivenciamos; nos dá discernimento espiritual para não sermos confundidos; e preserva em nós o fervor no serviço ao Senhor.


Pr Marcos André (Teólogo) - convites para ministrar palestras, aulas e pregações: contato 48 998079439 (Whatsapp)


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