O Puritanismo: Um Movimento
de Pureza Espiritual e Vida
Dedicada a Deus
26 de Janeiro de 2025
TEXTO ÁUREO
"Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu
povo se alegre em ti?", Salmo 85.6
VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade
de renovação, correção e retorno a princípios
bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
- Compreender o surgimento do movimento puritano.
- Ressaltar a visão dos puritanos.
- Identificar as raízes do puritanismo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Hebreus 12
1. Portanto, nós também, pois que estamos
rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado
que tão de perto nos rodeia, e corramos, com
paciência, a carreira que nos está proposta,
2. Olhando para Jesus, autor e consumador da
fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto
suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
12. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13. E fazei veredas direitas para os vossos pés,
para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Sl 73.1
Deus é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8
Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27
A religião pura e imaculada para com Deus.
QUINTA | 2Pe 3.14
Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7
O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9
Jesus nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja de Cristo permaneça
firmada nas Sagradas Escrituras.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o movimento puritano e suas heranças teológicas,
extraindo lições relevantes para o necessário e contínuo aperfeiçoamento do
povo de Deus.
PONTO DE PARTIDA: Jesus nos
purifica de todo
pecado.
1- O movimento puritano
O puritanismo foi um movimento religioso muito importante
na Inglaterra. Posteriormente,
tornou-se a principal
tradição religiosa nos
Estados Unidos. Seus
ensinamentos sedimentam a necessidade
da pureza e retidão do
indivíduo, da igreja e
da sociedade.
1.1. O início do movimento.
O puritanismo nasceu na Inglaterra, em meados do século 16, durante o reinado
da Rainha Elizabeth 1. Os puritanos
achavam que a Igreja tinha adotado práticas não bíblicas, daí a necessidade de lutar pela purificação da Igreja (Tg 4.8). Para isso, era necessário
renunciar a elementos arquitetônicos
e litúrgicos e a formalidades contraditórias com a
singeleza e pureza da Bíblia (Pv 30.5). Era preciso
reparar os alicerces éticos,
espirituais, litúrgicos e
cerimoniais da Igreja Anglicana, para aproximá-la
dos ensinos da Reforma Protestante
e, assim, livrá-la das impurezas, da
mistura de cultos e de outras doutrinas religiosas, num claro retorno
à Palavra de Deus.
Erroll Hulse (2004, P. 35): "Foi
durante o período elisabetano (1558-1603) que os puritanos cresceram intensamente como fraternidade distinta
de pastores que enfatizavam as grandes verdades centrais do cristianismo:
fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade
pessoal e piedade prática associada a
cada área da vida. A palavra `puritano'
começou a ser utilizada para referir-se
àquelas pessoas que eram escrupulosas em relação ao seu modo de vida.
Os `piedosos; ou aqueles que não eram
somente crentes nominais, foram apelidados `puritanos".
1.2. O descontentamento com a igreja.
O movimento puritano foi uma
reação à Igreja institucionalizada da
Inglaterra. Podemos dizer que se tratava de um movimento em busca da
defesa da reforma da Igreja, para que
houvesse uma renovação pura. Isso
incluía rejeitar os vestígios de práticas católicas romanas ainda existentes na Igreja da Inglaterra. Somente
assim a Igreja seria genuinamente
reformada, tendo como única regra
de fé a doutrina das Sagradas Escrituras (Tg 1.22).
Leland Ryken (2017, P. 36): "O
puritanismo começou como um movimento especificamente eclesiástico.
Na sua perspectiva, a Igreja da Inglaterra permanecia `reformada apenas
pela metade: Eles desejavam `purificar'
a igreja dos vestígios restantes de cerimônia, ritual e hierarquia católicos.
Essa luta, de início com a igreja do Estado, rapidamente se ampliou para
incluir outras áreas da vida pessoal e
nacional. O puritanismo foi, então, em
parte, um fenômeno distintamente inglês, consistindo no descontentamento
com a Igreja da Inglaterra".
1.3. O cuidado com o indivíduo.
Os
puritanos, além de se preocupar
com a reforma da Igreja, também
se preocupavam com a integração
do indivíduo na família e na sociedade. Em busca de uma reforma
consistente, a teologia puritana era
composta por quatro visões fundamentais: (1) a salvação pessoal pela
graça de Deus (Ef 2.8,9); (2) a doutrina da suficiência das Escrituras
deve repousar no centro do que significa ser protestante (2Tm 3.15-17);
(3) a Igreja aponta para o que está
posto nas Escrituras, amortizando
o conceito da tradição (Jo 17.17);
(4) a sociedade é um todo agregado
para que o Senhor seja glorificado
em todas as áreas da vida humana
(1Co 10.31).
Leland Ryken (2017, p. 41): "O puritanismo também se caracterizava por
uma forte consciência moral. Para os
puritanos, a questão do certo ou errado era mais importante do que qualquer outra. Eles viam a vida como um
contínuo conflito entre o bem e o mal.
O mundo foi reivindicado por Deus
e requerido por Satanás. Não havia
campo neutro. Os crentes poderiam,
com a ajuda de Deus, alcançar a vitória por meios como vigilância, vida
correta e mortificação. (...) No coração do puritanismo estava a convicção
de que as coisas precisavam mudar e
que as `atividades normais' não eram
opção. (...) de todos os termos-chaves
usados pelos puritanos, os principais
eram reforma, reformação e o adjetivo
reformado".
EU ENSINEI QUE:
Os ensinamentos do puritanismo sedimentavam a necessidade de pureza e retidão do
indivíduo, da igreja e da sociedade.
2. Um movimento visionário
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que servisse à vontade
divina; sendo, posteriormente,
empregada para transformar toda a sociedade.
2.1. A evangelização.
Os puritanos
eram apaixonados pelo conhecimento de Deus. Eles achavam necessário romper com os princípios
dogmáticos da igreja inglesa para
levar a outros povos o conhecimento de Deus (Cl 2.2,3). Para isso, foi
um movimento de pessoas aplicadas
à educação, que não se furtavam a
estudar todos os escritos a que tivessem acesso, porque entendiam
que a pessoa que deseja ser salva deve conhecer a Deus (Jr 29.13). Essa fervorosa dedicação às Escrituras e a
firme convicção de que todas as áreas
da sociedade devem focar a glória de
Deus impulsionaram as ações evangelísticas do movimento.
Glauco Pereira (2017): "O puritanismo não conhecia os conceitos de
missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21. Para os
puritanos, a supremacia da soberania
de Deus e a obediência ao mandamento eram os elementos que impulsionavam a evangelização. E...] O Senhor
tem propósito de propagar o evangelho
e faz isso por meio da igreja. Por essa
razão, o puritanismo se concentra na
pregação para um verdadeiro conhecimento de Deus".
2.2. A pregação expositiva.
Os puritanos priorizavam a aplicação da
Palavra de Deus (Sl 119.11). Eles tinham como meta principal concluir
a Reforma, e a melhor maneira de
fazer isso era por meio da pregação
expositiva. Isso significa que todas as
partes da Escritura Sagrada devem
ser compreendidas e exibidas numa
pregação que atinja, de forma direta,
o coração dos indivíduos (Hb 4.12).
Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor,
ocupando o lugar principal em seus
cultos. Eles consideravam os sessenta e seis livros da Bíblia a biblioteca do
Espírito Santo, graciosamente deixada por Deus para os crentes.
Packer, J. I. (1996, p. 25): "O alvo
dos puritanos era completar aquilo
que fora iniciado pela Reforma Inglesa: terminar de reformar a adoração
anglicana, introduzir uma disciplina
eclesiástica eficaz nas paróquias anglicanas, estabelecer a retidão nos campos político, doméstico e socioeconômico, e converter todos os cidadãos
ingleses a uma vigorosa fé evangélica.
Por meio da pregação e do ensino do
evangelho, bem como da santificação
de todas as artes, ciências e habilidades, a Inglaterra teria de tornar-se uma
terra de santos, um modelo e protótipo de piedade coletiva, e, como tal,
um meio para toda a humanidade ser
abençoada"
2.3. A paixão por Cristo.
Os puritanos tinham uma ardente paixão por
Cristo. O inglês Thomas Goodwin,
teólogo e pregador puritano (1600-1680), disse sobre o Céu: "Se tivesse
que ir ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo
imediatamente, pois o céu seria o
inferno sem Cristo". Goodwin era
cristocêntrico, um traço que moldou
seu coração pastoral.
Joel Beeke e Nicholas Thompson
(p. 35, 2021): "Por ser um teólogo
sempre cuidadoso, Goodwin procurou
deixar claro que Cristo não continua
sofrendo no céu. A sua humilhação
foi concluída na cruz e no túmulo. Na
Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (...) Ele
é `capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo
glorificado e, assim, senti-las como se
tivesse sofrido conosco".
EU ENSINEI QUE:
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que pudesse servir à
vontade divina para, posteriormente, transformar a sociedade.
3. Alguns aspectos do puritanismo e do pentecostalismo
Conhecer o movimento puritano nos leva a uma oportuna
conexão entre alguns aspectos
deste movimento e as raízes do
movimento pentecostal do início
do século 20. Certamente, isso
contribui para o exame contínuo de aspectos que, como pentecostais, precisamos conservar
e/ou resgatar. Por não conhecer
a História, muitos que se dizem
pentecostais têm enfatizado,
equivocadamente, a busca por
novidades para vivenciar um renovo espiritual.
3.1.A doutrina puritana do Espírito
Santo.
O pentecostalismo é resultante de uma série de movimentos
religiosos que surgiram ao longo da
história da Igreja, entre eles o puritanismo. Embora os puritanos não
sejam vistos como pregadores do
avivamento, eles buscaram e experimentaram o avivamento. Para Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 218,
2021), embora escrevessem pouco sobre avivamento, os puritanos
conheciam a graça reavivadora de
Deus em sua experiência pessoal e
em seus ministérios, pois suas igrejas
conheciam as "notáveis efusões" do
Espírito Santo.
Donald Dayton (2021, p. 70-71):
"Outros intérpretes têm buscado as raízes do pentecostalismo no puritanismo, considerando que `uma linha de
influência pode ser traçada a partir do
ensino puritano sobre o Espírito Santo: Garth Wilson tem elaborado esta
proposta no estudo `Doutrina Puritana
do Espírito Santo: Ele afirma que insinuações de doutrinas pentecostais podem ser encontradas, por exemplo, nos
textos de Richard Sibbes, John Owen,
Thomas Goodwin, Richard Baxter e
outros autores puritanos, cujos ensinos
indicam uma `obra do Espírito' posterior à regeneração e à santificação".
3.2. A missão do povo de Deus.
O
estudo da visão integral que os puritanos tinham da vida cristã e da
missão do povo de Deus aponta para a relevância da ação do Espírito
Santo na capacitação da Igreja para
anunciar o Evangelho de Jesus Cristo
até os confins da terra (At 1.8). Isso é
também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e
transformação da sociedade, sendo
luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18;
Tg 2.15-17).
Ducan Alexander Reily (2003), ao
escrever sobre a história das características da Igreja protestante nos Estados
Unidos, menciona a grande influência
dos puritanos na formação da sociedade americana; mesmo que, após a
Revolução, as treze colônias tenham
se recusado a estabelecer uma Igreja
oficial. Isso porque os puritanos, ao
atravessar o Atlântico para escapar da
opressão religiosa dos soberanos ingleses, "antes de pôr os pés em terra seca
na América, firmaram o Mayflower
Compact. Explicitaram que haviam
encetado sua viagem de colonização
"para a glória de Deus, o avanço da fé
cristã e a honra do nosso rei e país...
solene e mutuamente, na presença de
Deus, e cada um na presença dos demais, compactuamos e nos combinamos em um corpo político civil".
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé
e prática.
A história dos puritanos
nos ensina que devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e
conduta (S1 119.105). Em tempos de
tantos desvios doutrinários, é preciso reforçar sempre nosso amor pelas Escrituras, analisando o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de
Deus (2Tm 3.16,17). Os puritanos
foram inspirados pelo ministério de
William Tyndale, cujo objetivo principal era completar o que a Reforma
Protestante não havia conseguido.
O exemplo e o amor de Tyndale pela Bíblia Sagrada nos guiam a amar
e apregoar as verdades contidas nas
Sagradas Escrituras.
Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como "o
príncipe dos puritanos'; um dos teólogos puritanos mais influentes: "Era um
homem de grande devoção e piedade,
que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao
acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no
intelecto. Sua pregação era avivadora e
visava apelar ao coração dos ouvintes,
a fim de levá-los ao despertar religioso" Um exemplo de que é possível ser
um profundo estudioso das Sagradas
Escrituras, porém tendo o intelecto
usado como instrumento pelo Espírito Santo para alcançar vidas e também
para a glória de Deus.
EU ENSINEI QUE:
A história dos puritanos nos ensina a amar a
Bíblia como nossa única regra de fé e conduta.
CONCLUSÃO
O movimento puritano nos mostra que somente a dependência do Espírito Santo nos faz voltar aos princípios bíblicos porventura esquecidos; reforça os aspectos cristãos que vivenciamos; nos dá discernimento espiritual para não sermos confundidos; e preserva em nós o fervor no serviço ao Senhor.
Pr Marcos André (Teólogo) - convites para ministrar palestras, aulas e pregações: contato 48 998079439 (Whatsapp)
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